A Ciência Econômica e o Método Austríaco

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2. A praxeologia e a ciência econômica II

As escolas de pensamento que não adotam o método praxeológico erroneamente acreditam que as relações entre certos eventos são leis empíricas perfeitamente estabelecidas, quando na verdade elas são leis praxeológicas necessárias e lógicas. E por isso essas escolas agem como se a declaração “uma bola não pode ser completamente vermelha e não ser vermelha ao mesmo tempo” precisasse ser testada na Europa, na América, na África, na Ásia e na Oceania (o que obviamente exige altas verbas para arcar com os custos deste tipo absurdo de pesquisa). Além disso, aqueles que não são praxeologistas também crêem que as relações entre certos eventos são leis empíricas perfeitamente estabelecidas (que podem ser previstas) ao passo que a argumentação a priori pode demonstrar que elas não são nada mais do que informações relativas à ligações históricas casuais entre eventos, o que não nos fornece nenhum conhecimento relativo ao curso de eventos futuros.

Isto revela outra confusão fundamental que todas as escolas, com exceção da austríaca, fazem: uma confusão em relação à diferença categórica entre a teoria e a história, e a implicação que esta diferenciação possui em relação ao problema de previsões sociais e econômicas.

Devo novamente começar com uma descrição do empirismo, a filosofia que considera que a ciência econômica e as ciências sociais em geral seguem a mesma lógica investigativa que, por exemplo, a física. Vou explicar por que. De acordo com o empirismo-que atualmente é a visão econômica dominante-não existe nenhuma diferença categórica entre a investigação teórica e a histórica. E vou explicar qual a implicação disto para a ideia de previsões sociais. A completamente diferente visão austríaca será então explanada como uma crítica e uma refutação da posição empírica.

O empirismo se caracteriza pelo fato de aceitar duas proposições básicas intimamente relacionadas. [20] A primeira e principal é: O conhecimento relativo à realidade, que é chamado de conhecimento empírico, deve ser confirmado, ou pelo menos deve poder ser mostrado como falso, pela observação dos resultados de experiências. A experiência empírica só pode levar ao conhecimento casual (na qualidade de contrário ao conhecimento necessário), porque ela é invariavelmente de um tipo que, em princípio, poderia ter sido diferente do que realmente foi. Isto significa que ninguém pode saber antes da experiência-isto é, antes de realmente ter realizado alguma experiência empírica-se as conseqüências de algum evento real serão de um jeito ou de outro. Se, por outro lado, o conhecimento não pode ser confirmado ou mostrado como falso através da observação dos resultados de uma experiência, então isto não é um conhecimento sobre nada que seja real. Isto é simplesmente um conhecimento sobre palavras, sobre o uso de termos, sobre sinais e regras transformacionais para sinais. Quer dizer, isto é um conhecimento analítico, mas não é um conhecimento empírico. E muito dificilmente, de acordo com esta visão, o conhecimento analítico pode ser de algum modo considerado um conhecimento.

A segunda suposição do empirismo formula a extensão e a aplicação da primeira suposição aos problemas da causalidade, da explicação causal e da predição. De acordo com o empirismo, explicar causalmente ou predizer um fenômeno real é formular uma declaração do tipo “se A, então B” ou, caso as variáveis permitam uma medição quantitativa, “se um aumento (diminuição) em A, então um aumento (diminuição) em B“.

Enquanto uma declaração que diz respeito à realidade (com A e B sendo fenômenos reais), sua validade jamais pode ser estabelecida com certeza, isto é, somente através do exame da proposição, ou de qualquer outra proposição a partir da qual a proposição em questão poderia ser logicamente deduzida. A declaração sempre será e sempre permanecerá hipotética, com sua veracidade dependendo da observação do resultado de experiências futuras que não podem ser conhecidos antecipadamente. Se a experiência confirmasse uma explicação causal hipotética, isto não provaria que a hipótese estava certa. Se alguém observar uma ocorrência em que B de fato é o resultado de A conforme previsto, nada é verificado. A e B são termos gerais e abstratos, ou, na terminologia filosófica, universais, que se referem à eventos e processos que podem ocorrer (ao menos teoricamente) indefinidamente. Experiências posteriores ainda poderiam refutá-lo.

E se uma experiência refutasse uma hipótese, esta refutação também não seria definitiva. Pois se fosse observado que A não resultasse em B, ainda assim seria possível que os fenômenos hipoteticamente relacionados fossem associados ao acaso. Poderia ser que alguma outra circunstância ou variável, até então negligenciada e sem controle, tivesse simplesmente evitado que a suposta relação fosse realmente observada. No máximo, a refutação apenas prova que a específica hipótese sob investigação não era tão completamente verdadeira quanto se achava. Ela precisa ser refinada, mais variáveis precisam ser especificadas, as quais devem ser controladas e receber cuidadosa atenção de modo que possamos observar a suposta relação entre A e B. Porém, temos que reconhecer, uma refutação jamais provaria de uma vez por todas que uma relação entre certos fenômenos não existiu, assim como uma confirmação jamais provaria definitivamente que ela existiu. [21]

Ao considerarmos esta posição, notamos que ela novamente implica em uma negação do conhecimento a priori que é ao mesmo tempo conhecimento sobre qualquer coisa real. Qualquer proposição que reivindique ser a priori não pode, segundo o empirismo, ser nada além do que sinais em um papel que estejam inter-relacionados por definição ou por terem sido estipulados arbitrariamente, e é, portanto, completamente sem validade: ela não tem qualquer conexão com o mundo das coisas reais. Tal sistema de sinais somente se torna uma teoria empiricamente significativa uma vez que uma interpretação empírica seja dada aos seus símbolos. Porém, tão logo esta interpretação é dada aos seus símbolos, a teoria deixa de ser uma verdade a priori e se torna para sempre hipotética.

Além disso, segundo o empirismo, nós não podemos saber com certeza se alguma coisa é uma possível causa de alguma outra coisa. Se quisermos explicar algum fenômeno, nossa formulação de hipóteses sobre as possíveis causas não é de forma alguma limitada por considerações a priori. Todas as coisas podem ter alguma influência sobre qualquer coisa. Devemos descobrir através da experiência se esta influência existe ou não; mas deste modo a experiência também jamais nos dará uma resposta definitiva a esta questão.

O próximo ponto nos leva ao tema central desta seção: a relação entre história e teoria. Observamos que segundo o empirismo não existe nenhuma diferença fundamental entre explicações históricas e teóricas. Todas as explicações são do mesmo tipo. A fim de explicar um fenômeno supomos que alguns outros fenômenos são sua causa e então vemos se a suposta causa realmente precedeu o efeito no devido tempo ou não. Uma distinção entre uma explicação histórica e uma teórica somente existe à medida que uma explicação histórica se refere a eventos que já ocorreram, alguma coisa que esteja no passado, enquanto que uma explicação teórica seria uma explicação, ou melhor dizendo, uma previsão, de um efeito que ainda não ocorreu. Entretanto, estruturalmente não existe nenhuma diferença entre estas explicações históricas e as previsões teóricas. Porém existe uma diferença pragmática que explica porque os empiristas destacam a importância do poder de uma teoria preditiva e não se satisfazem em apenas testá-la vis-à-vis um dado histórico.[22] A razão disto é bastante evidente para qualquer um que já tenha entrado na tola brincadeira de análise de dados. Se o fenômeno a ser explicado já tiver ocorrido, é muito simples de se encontrar todo tipo de eventos que o precedeu e poderia ser considerado sua possível causa. Além do mais, se não quisermos alongar nossa lista de possíveis causas encontrando mais variáveis precedentes, podemos fazer o seguinte (e isto é muito mais fácil na era dos computadores): Podemos pegar qualquer uma das variáveis precedentes e testar relações funcionais diferentes entre ela e a variável que se deseja explicar-lineares ou curvilíneas, funções recursivas ou não recursivas, relações aditivas ou multiplicativas, etc. Então voalá, encontramos o que estávamos procurando: uma relação funcional que se conforma com os dados. E você não encontrará apenas uma, mas quantas desejar.

Porém, qual destes eventos precedentes, ou qual dentre todos os tipos de relações, é a causa ou a relação contingente efetiva? Não existe nenhuma consideração a priori, segundo o empirismo, que poderia ter alguma utilidade aqui. Por conseguinte, esta é a razão pela qual os empiristas enfatizam a importância das previsões: Para saber qual destas diversas explicações históricas é de fato correta-ou que pelo menos não seja incorreta-precisamos testá-las usando-as para prever eventos que ainda não ocorreram, veja como eles são espertos, e com isso eliminar as explicações erradas.

Basta de empirismo e suas ideias sobre teoria, história e previsões. Não entrarei em uma análise detalhada da questão de se esta ênfase dada ao sucesso da previsão altera muita coisa, ou se altera alguma coisa, em relação às implicações relativísticas mais evidentes do empirismo. Apenas lembre-se que segundo sua própria doutrina, nem uma previsão que se confirmou e nem uma que não se confirmou poderiam ajudar a definir se uma relação contingente entre duas variáveis existiu ou não existiu. Isto deveria mostrar que é um tanto quanto questionável se temos alguma coisa a ganhar fazendo das previsões a base de uma filosofia.

Eu gostaria de contestar o próprio ponto de partida da filosofia empirista. Existem muitas refutações conclusivas do empirismo. Mostrarei que a distinção empirista entre o conhecimento empírico e o analítico é claramente falsa e autocontraditória.[23] Isto então nos levará a desenvolver a posição austríaca em teoria, historia e previsão.

Esta é a reivindicação central do empirismo: O conhecimento empírico deve ser confirmado ou refutado através da experiência; e o conhecimento analítico, que não pode ser confirmado ou refutado, não pode, portanto, conter algum conhecimento empírico. Se isto for verdade, então é justo perguntar: Qual é o status desta declaração fundamental do empirismo? Evidentemente ela deve ser analítica ou empírica.

Primeiramente vamos assumir que ela seja analítica. No entanto, segundo a doutrina empirista, uma proposição analítica não é nada além de rabiscos em um papel, palavras em vão, completamente desprovidas de algum conteúdo significativo. Ela não tem nada a dizer a respeito de qualquer coisa real. E, por conseguinte conclui-se que o empirismo não poderia sequer dizer e significar aquilo que ele aparenta dizer e significar. Todavia, por outro lado, se ela diz e significa aquilo que desde o começo consideramos que ela queria dizer e significar, então ela de fato nos dá informações a respeito de algo real. Na verdade, ela nos informa a respeito da estrutura fundamental da realidade. Ela diz que não há nada na realidade que podemos saber se é de um jeito ou de outro antes de experiências futuras que possam confirmar ou negar nossas hipóteses.

E se esta proposição significativa for considerada analítica, isto é, se for considerada uma declaração que não permita qualquer refutação e cuja veracidade possa ser estabelecida através de uma simples análise de seus termos, teremos nas mãos nada além do que uma berrante contradição. O próprio empirismo provaria que ele não passa de um contrassenso autodestrutivo.[24]

Talvez então devêssemos escolher a outra opção disponível e declarar que a fundamental distinção empirista entre o conhecimento empírico e o analítico é uma declaração empírica. Mas deste modo a posição empírica não teria nenhuma importância. Pois se isto fosse feito, teríamos que admitir que a proposição-sendo uma proposição empírica-poderia muito bem estar errada, e estaríamos no direito de saber em que critério deveríamos nos basear para decidir se ela estava ou não estava errada. Mais precisamente, como uma proposição empírica, certa ou errada, ela só poderia afirmar um fato histórico, algo do tipo “todas as proposições analisadas até agora podem ser divididas em duas categorias: analítica ou empírica”. A declaração seria totalmente irrelevante para determinar se seria possível produzir proposições que são verdadeiras a priori e ainda são empíricas. Na verdade, se a principal reivindicação do empirismo fosse considerada uma proposição empírica, o empirismo deixaria de ser uma epistemologia, uma ciência da lógica, e não seria nada além de uma convenção verbal completamente arbitraria, de se nomear arbitrariamente certas maneiras arbitrárias de se lidar com certas declarações. O empirismo seria uma posição desprovida de qualquer justificação.

O que prova esta primeira etapa de nossa crítica ao empirismo? Evidentemente, ela prova que a ideia empirista acerca do conhecimento está errada, e ela prova isso através de um argumento a priori significativo. E ao fazer isso, ela mostra que a ideia kantiana e misesiana de proposições sintéticas a priori verdadeiras está correta. Mais especificamente, ela prova que a relação entre a teoria e a história não pode ser como a descrita pelo empirismo. Deve existir também um âmbito para a teoria-teoria que é empiricamente significativa-que é categoricamente diferente da única ideia de teoria que o empirismo admite existir. Devem existir também teorias a priori, e então a relação entre a teoria e a história deve ser diferente e mais complexa do que o empirismo nos quer fazer crer. Na verdade, esta diferença irá ficar evidente assim que eu apresentar outro argumento contra o empirismo, outro argumento a priori, e um argumento a priori contra a tese implícita no empirismo de que a relação entre a teoria e a pesquisa empírica é a mesma em todos os campos do conhecimento.

Mesmo que as ideias empiristas possam ser apropriadas para lidar com as ciências naturais (e eu considero que elas sejam inapropriadas até neste campo, mas não poderia entrar neste mérito aqui), [25] é impossível considerar que os métodos do empirismo possam ser aplicados nas ciências sociais.

Ações constituem um campo de fenômenos concernentes às ciências sociais. O empirismo afirma que as ações podem e devem ser explicadas, do mesmo modo que qualquer outro fenômeno, por meio de hipóteses causais que podem ser confirmadas ou refutadas através da experiência. [26]

Se fosse este o caso, então primeiro o empirismo seria obrigado a assumir-contrariando sua própria doutrina que diz que não existe nenhum conhecimento a priori sobre qualquer coisa real-que existem causas eficientes intemporais referentes a ações.

Ninguém saberia a priori exatamente qual evento poderia ser a causa de alguma ação específica. Porém o empirismo quer que relacionemos experiências diferentes relativas a sequências de eventos de modo que elas ou confirmem ou refutem umas às outras. E se elas forem refutadas, então nossa reação deve ser uma reformulação das hipóteses originais. Todavia, para que isso ocorra temos que pressupor uma constância ao longo do tempo na atuação das causas como tais-e saber que causas para ações realmente existem é, logicamente, conhecimento sobre a realidade das ações. Sem esta suposição relativa à existência das causas como tais, experiências diferentes jamais podem ser relacionadas umas às outras enquanto confirmações ou refutações. Existem somente observações desvinculadas e incomensuráveis. Aqui tem uma, ali outra; elas são as mesmas ou similares; ou elas são diferentes. Nada mais se segue. [27]

Além disso, há também outra contradição, e torná-la evidente nos levará diretamente ao principal insight de Mises, o de que a relação entre a teoria e a história no campo das ciências sociais é de uma natureza completamente diferente das outras ciências.

Qual é esta contradição? Se as ações pudessem de fato ser concebidas como governadas por causas eficientes intemporais, então certamente é apropriado perguntar: Mas como poderíamos então explicar os explicadores? Como prever causalmente suas ações? Afinal, eles são as pessoas que conduzem o próprio processo de criar hipóteses e de confirmá-las e refutá-las.

Para que seja possível assimilar experiências confirmadas ou refutadas-para substituir hipóteses velhas por novas-uma pessoa deve assumidamente ser capaz de aprender algo com as experiências. Todo empirista é, logicamente, obrigado a admitir isso. Se não, por qual motivo alguém se envolveria em uma pesquisa empírica?

Mas se alguém pode aprender com experiências de maneiras até então desconhecidas, então alguém reconhecidamente não pode saber em nenhum momento o que alguém irá saber no próximo momento e, consequentemente, como alguém irá agir baseando-se neste conhecimento. Pode-se apenas reconstruir as causas das ações de alguém após o evento, assim como se pode explicar o conhecimento de alguém apenas após ele já o possuir. Na verdade, nenhum avanço científico jamais poderia alterar o fato de que deve-se considerar como imprevisíveis o conhecimento e as ações de alguém baseando-se em causas eficientes constantes. Alguém pode considerar que este conceito de liberdade é uma ilusão. E ele poderia muito bem estar certo do ponto de vista de um cientista com poderes cognitivos substancialmente superiores a qualquer inteligência humana, ou do ponto de vista de Deus. Mas nós não somos Deus, e mesmo que nossa liberdade fosse ilusória do ponto de vista Dele e que nossas ações seguissem um caminho previsível, para nós esta é uma ilusão necessária e inevitável. Não podemos prever antecipadamente, baseando-se em condições anteriores, as futuras condições de nosso conhecimento ou as ações que evidenciam este conhecimento. Podemos somente reconstruí-las após o evento. [28]

Deste modo, a metodologia empirista é simplesmente contraditória quando aplicada ao campo do conhecimento e da ação-que contém o conhecimento como seu componente indispensável. Os cientistas sociais adeptos do empirismo que formulam equações para previsões de fenômenos sociais estão fazendo algo completamente sem sentindo. O ato de se engajarem em uma tarefa cujo resultado eles têm que admitir que ainda não conhecem, prova que aquilo que eles fingem fazer não pode ser feito. Como Mises diz e não cansou de enfatizar: Não existem causas empíricas constantes no campo da ação humana. [29]

Então, por meio de um raciocínio a priori, o seguinte insight foi estabelecido: A história social, diferentemente da história natural, não produz nenhum conhecimento que possa ser usado para propósitos preditivos. Mais propriamente, a história social e a econômica se referem exclusivamente ao passado. O resultado de uma pesquisa sobre como e porquê as pessoas agiram no passado não tem nenhuma influência sistemática sobre se as pessoas irão ou não irão agir do mesmo modo no futuro. As pessoas podem aprender. É um absurdo assumir que alguém poderia prever no presente o que alguém irá saber amanhã e de que maneira o conhecimento de amanhã será ou não será diferente do de hoje.

Uma pessoa não pode prever hoje sua demanda por açúcar daqui um ano melhor do que Einstein poderia ter previsto a teoria da relatividade antes dele realmente tê-la desenvolvido. Uma pessoa não pode saber hoje o que ela vai saber sobre açúcar daqui um ano. E ela não pode saber quais serão todos os bens que estarão concorrendo com o açúcar pelo seu dinheiro daqui um ano. É claro que ela pode ter um palpite. Mas uma vez que deve ser admitido que as futuras condições de conhecimento não podem ser previstas baseando-se em causas eficientes constantes, uma pessoa não pode alegar que faz uma previsão do mesmo tipo epistemológico que, por exemplo, uma relativa ao o comportamento futuro da lua, do clima ou das marés. Estas são previsões que poderiam legitimamente fazer uso da suposição de causas eficientes intemporais. Mas uma previsão sobre a demanda futura de açúcar seria uma coisa completamente diferente.

Dado que a história social e a econômica somente podem produzir explicações reconstrutivas e nunca explicações que tenham qualquer relevância preditiva sistemática, segue-se outro insight extremamente importante relativo à lógica da pesquisa social empírica. E isto equivale à outra crítica decisiva ao empirismo, pelo menos com relação a sua pretensão de ser uma metodologia apropriada para as pesquisas da ciência social.

Lembre-se do que eu disse anteriormente sobre o motivo de o empirismo destacar tão veementemente a função preditiva das teorias explicativas. Para cada fenômeno a ser explicado existe uma imensidão de eventos precedentes e uma imensidão de relações funcionais com estes eventos precedentes pelas quais o fenômeno em questão poderia ser explicado. Mas qual destas explicações concorrentes é a correta e quais não são? A resposta empirista foi: Tente prever, e seu sucesso ou fracasso em prever eventos futuros lhe dirá qual explicação é ou não é correta. Evidentemente, esta recomendação não servirá para nada se não existirem causas eficientes intemporais relativas às ações. O que fazer então? O empirismo, logicamente, não pode fornecer uma resposta para esta questão.

Mas mesmo se as ações não pudessem ser previstas de nenhuma maneira científica, não significaria que uma explicação histórica reconstrutiva seria tão boa quanto qualquer outra. Seria um absurdo alguém explicar o fato de eu ter me mudado da Alemanha para os Estados Unidos dizendo que, por exemplo, o milho em Michigan, antes de minha decisão, estava experimentando um aumento de cultivo e que isto provocou minha decisão. Mas porque não, assumindo aqui que o evento referente ao milho de Michigan realmente aconteceu antes de minha decisão? A razão é, logicamente, que lhe direi que estava ocorrendo um aumento da produção de milho em Michigan, e esta foi a causa de minha decisão. E enquanto não for conhecido absolutamente nada a meu respeito, poderia ser considerado que isto fosse realmente verdade.

Então como analisar o evento? A resposta vem através do entendimento de meus motivos e interesses, de minhas convicções e aspirações, de minhas orientações normativas, e de minhas percepções concretas resultadas desta ação. Como nós entendemos alguém e, além disso, como verificamos que nosso entendimento é realmente correto? Quanto a primeira parte da questão-uma pessoa entende outra ao se engajar em uma pseudo comunicação e interação com ela. Digo pseudo pois, evidentemente, não podemos engajar em uma comunicação real com César para descobrir porque ele atravessou o Rubicão. Porém podemos estudar seus manuscritos e comparar suas convicções ali expressadas com suas ações reais; podemos estudar os escritos e as ações de contemporâneos e com isso tentar entender a personalidade de César, seu tempo, e seu papel e posição particulares acerca de seu tempo. [30]

Quanto à segunda parte da questão-o problema da verificação de explicações históricas-uma pessoa teria que começar admitindo que não existe nenhum critério absolutamente claro que permitiria decidir qual dentre duas explicações concorrentes, ambas igualmente baseadas no entendimento, é definitivamente correta e qual não é. A história não é uma ciência exata no mesmo sentido que as ciências naturais são ciências exatas ou no sentido bem diferente em que a ciência econômica é uma ciência exata.

Mesmo se dois historiadores concordarem em suas descrições dos fatos e suas avaliações dos fatores de influência de determinada ação a ser explicada, eles ainda podem discordar quanto ao peso que estes fatores tiveram para fazer a ação acontecer. E não haveria nenhuma maneira que não fosse ambígua de decidir a questão. [31]

Todavia, não quero ser mal interpretado aqui. Apesar de tudo existe algum tipo de critério verdadeiro para explicações históricas. É um critério que não só elimina todas as possíveis discordâncias entre os historiadores, mas que também exclui e desqualifica uma ampla variedade de explicações. O critério é que toda explicação histórica verdadeira deve ser de um tipo em que o agente cujas ações serão explicadas deve, teoricamente, ser capaz de verificar a explicação e os fatores explanatórios como sendo aqueles que contribuíram para ele ter agido da maneira que agiu. [32] A palavra chave aqui é: teoricamente. Naturalmente, César não poderia confirmar nossas explicações de sua travessia do Rubicão. Além disso, ele pode de fato possuir fortes motivos para não confirmar a explicação mesmo se ele pudesse fazer isso, já que tal confirmação pode entrar em conflito com algum outro objetivo que ele possa ter.

E também, dizer que toda explicação verdadeira deve ser verificável pelo agente em questão não é dizer que todo agente sempre é a pessoa mais indicada para explicar o ocorrido. Pode ser que Einstein pudesse explicar melhor do que qualquer outra pessoa porque e como ele surgiu com a teoria da relatividade. Mas pode ser que não. Na verdade, pode muito bem ser possível que um historiador da ciência possa entender Einstein e as influências que levaram a sua descoberta melhor do que ele próprio fez ou faria. E isto poderia ser possível porque os fatores de influência ou as regras que determinaram as ações de alguém podem ser apenas subconscientes. [33] Ou eles poderiam ser tão óbvios que alguém poderia deixar de reparar neles somente por esta razão.

A seguinte analogia pode ser de grande ajuda para compreender o curioso fato de que outros podem entender uma pessoa melhor do que ela mesma. Pegue, por exemplo, um discurso público. Logicamente que, em grande medida, a pessoa que discursa provavelmente pode dar motivos para dizer o que diz e formular as influências que o levaram a ver as coisas do jeito que ela vê. Provavelmente ela pode fazer isso melhor do que qualquer outra pessoa. E mesmo assim, ao dizer o que ela diz, ela por hábito e inconscientemente segue regras que muito dificilmente ela poderia explicitar. Ela também segue certas regras gramaticais quando diz o que diz. Porém ela normalmente seria completamente incapaz de formular estas regras, embora elas tenham clara influência sobre suas ações. O historiador que entende as ações de alguém melhor do que a própria pessoa é análogo ao gramático que analisa a estrutura da sentença de um orador público. Ambos reconstroem e explicitamente formulam as regras que são seguidas na prática, mas que não poderiam, ou somente com extrema dificuldade, ser formuladas pelo próprio orador. [34]

O orador pode não ser capaz de formular todas as regras que ele segue e pode precisar de um gramático ou de um historiador profissional para ajudá-lo. Porém é de grande importância perceber que o critério de reconhecimento da verdade para a explicação do gramático, apesar de tudo, seria que o orador teria que ser capaz-em princípio-de verificar a exatidão da explicação depois que aquilo que era até então conhecido implicitamente fosse tornado explícito. Para que as explicações do gramático ou do historiador fossem corretas, o agente precisaria ser capaz de perceber que estas regras foram as que de fato influenciaram suas ações. Vimos o bastante sobre a lógica da pesquisa histórica enquanto pesquisa necessariamente reconstrutiva baseada no entendimento. [35]

O argumento que estabelece a impossibilidade das previsões de causas no campo do conhecimento e das ações humanas pode ter deixado a impressão de que, se é assim, então a previsão não pode ser nada além de adivinhações bem ou mal sucedidas. No entanto, esta impressão seria tão errada quanto pensar que alguém pode prever a ação humana do mesmo modo que alguém pode prever os estágios do cultivo de maçãs. É aqui que o singular insight misesiano quanto à interação da teoria econômica e da história entra em ação. [36]

Na verdade, não deveria ser tão difícil de se entender a razão pela qual os futuros econômico e social não podem ser considerados inteira e absolutamente incertos: A impossibilidade de previsões de causa no campo da ação foi demonstrada através de um argumento a priori. E este argumento está incluído em um conhecimento verdadeiro a priori sobre as ações em si: que não podemos concebê-las como sendo governadas por causas eficientes intemporais.

Deste modo, enquanto a previsão econômica será de fato sempre uma arte sistematicamente impossível de ser ensinada, ao mesmo tempo é verdade que todas as previsões econômicas devem ser interpretadas como sendo limitadas pela existência do conhecimento a priori sobre as ações em si. [37]

Pegue, por exemplo, a teoria quantitativa da moeda — a proposição praxeológica de que se você aumentar a quantidade de moeda e a demanda por moeda continuar constante, então o poder de compra da moeda irá decrescer. Nosso conhecimento a priori sobre as ações em si nos informam que é impossível prever cientificamente se a quantidade de moeda será aumentada, diminuída ou deixada igual. Nem é possível prever cientificamente se, independente do que aconteça com a quantidade de moeda, a demanda por moeda a ser mantida em encaixes irá aumentar, diminuir ou permanecer a mesma. Não podemos afirmar que somos capazes de prever tais coisas porque não podemos prever as futuras condições de conhecimento das pessoas. E, no entanto, evidentemente estas condições influem no que acontece em relação à quantidade de moeda e a demanda por moeda. Então, nossa teoria, nosso conhecimento praxeológico incorporado a teoria quantitativa, possui na verdade uma utilidade limitada para a tarefa de prever o futuro econômico.

A teoria não permitiria que alguém previsse eventos econômicos futuros mesmo se, digamos, fosse um fato consumado que a quantidade de moeda tivesse sido expandida. Ele ainda seria incapaz de prever o que aconteceria com a demanda por moeda. E embora, logicamente, eventos simultâneos relacionados com a demanda por moeda realmente afetem a forma como as coisas acontecem (e anulam, aumentam, diminuem, aceleram ou desaceleram os efeitos provocados pelo aumento de uma oferta monetária), estas mudanças simultâneas, em princípio, não podem ser previstas ou mantidas constantes de maneira experimental. É um completo absurdo considerar que o conhecimento subjetivo, onde cada mudança tem um impacto nas ações, seja previsível baseando-se em variáveis antecedentes, e que seja possível ser mantido constante. O próprio pesquisador que quisesse manter o conhecimento constante na verdade teria que pressupor que seu conhecimento, especificamente seu conhecimento relativo ao resultado do experimento, não poderia ser considerado constante no decorrer do tempo.

Portanto, a teoria quantitativa da moeda não pode interpretar nenhum acontecimento econômico específico, certo ou provável, baseando-se em uma fórmula que utilize prognósticos constantes. No entanto, a teoria restringiria a gama dos possíveis prognósticos corretos. E ela faria isso não como uma teoria empírica, mas como uma teoria praxeológica, atuando como uma restrição lógica na criação de nosso prognóstico.[38] Os prognósticos que não estejam alinhados com este conhecimento (no nosso caso: a teoria quantitativa) são sistematicamente falhos e fazê-los conduz a um aumento sistemático na quantidade de erros de previsões. Isto não significa que alguém que baseie seus prognósticos em um raciocínio praxeológico correto necessariamente faria melhores previsões de eventos econômicos futuros do que alguém que fizesse seus prognósticos por meio de raciocínios e deliberações com falhas lógicas. Isto significa que no longo prazo, as previsões praxeologicamente instruídas, na média, seriam melhores do que as não praxeológicas.

É possível que alguém faça a previsão errada mesmo tendo identificado corretamente o evento “aumento da oferta monetária” e mesmo utilizando um raciocínio praxeologicamente correto de que este evento está, em função da necessidade lógica, conectado ao evento “diminuição do poder de compra da moeda”. Pois alguém pode errar ao prever o que irá ocorrer com o evento “demanda por moeda”. Alguém pode ter previsto uma demanda constante por moeda, mas na prática a demanda pode aumentar. Deste modo a inflação prevista pode nem ocorrer, como era esperado. E por outro lado, é igualmente possível que uma pessoa pudesse fazer uma previsão correta, i.e., não haverá nenhuma diminuição no poder de compra, apesar do fato de que ela estava erradamente convencido de que um aumento na quantidade de moeda não tivesse nenhum efeito sobre o poder de compra da moeda. Pois pode ser que tenha ocorrido outra mudança simultânea (a demanda por moeda tenha aumentado) que anulou sua avaliação incorreta de causas e consequências, tornando sua previsão correta.

No entanto, e isto nos remete ao meu ponto de que a praxeologia logicamente limita nossas previsões de eventos econômicos: E se assumíssemos que todos que fazem previsões, incluindo os que possuem e os que não possuem o sólido conhecimento praxeológico, estão igualmente qualificados para antecipar outras mudanças simultâneas? E se fossem todos adivinhadores igualmente sortudos do futuro econômico e social? Evidentemente, somos obrigados a concluir que aqueles que fazem previsões em conformidade e de acordo com as leis praxeológicas, como a teoria quantitativa da moeda, serão mais bem sucedidos do que aqueles que ignoram a praxeologia.

É impossível elaborar uma fórmula de previsão que utilize a concepção de causas eficientes intemporais que nos tornaria capazes de prever cientificamente alterações na demanda por moeda. A demanda por moeda depende necessariamente do futuro estado de conhecimento das pessoas, e conhecimentos futuros são imprevisíveis. E, portanto, o conhecimento praxeológico tem uma utilidade para previsões bastante limitada.[39]

Todavia, dentre todos que prevêem acertadamente que uma mudança como um aumento na demanda por moeda irá ocorrer e que igualmente percebem acertadamente que um aumento na quantidade da moeda de fato ocorreu, somente aqueles que reconhecem a teoria quantitativa da moeda farão uma previsão correta. E aqueles cujas convicções são contrárias à praxeologia, irão necessariamente cometer erros.

Assim, entender a lógica da previsão econômica e a função prática do raciocínio praxeológico, é ver os teoremas a priori da ciência econômica agindo como limitantes lógicos das previsões empíricas e impondo restrições lógicas em relação ao que pode e o que não pode ocorrer no futuro.

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[20] Para explicações variadas do empirismo-unidas em suas oposições a toda forma de apriorismo-veja R. Carnap, Der logische Aufbau der Welt (Hamburg: 1966); idem, Testability and Meaning (New Haven, Conn.: Yale University Press, 1950; Alfred J. Ayer, Logic, Truth, and Language (New York: Dover, 1952); Karl R. Popper, Logic of Scientific Discovery (New York: Harper and Row, 1959); idem, Conjectures and Refutations(London: Routledge and Kegan Paul, 1969; C.G.Hempel, Aspects of Scientific Explanation (New York: Free Press, 1970); para explicações que levam em consideração a ciência econômica, veja especialmente Ernest Nagel, The Structure of Science (New York: Harcourt, Brace and World, 1961); Felix Kaufmann, Methodology of the Social Sciences (Atlantic Highlands, N.J.: Humanities Press, 1944).

[21] Sobre as implicações relativísticas e-no nível da política-intervencionistas do empirismo, veja Hans-Hermann Hoppe, “The Intellectual Cover for Socialism,” The Free Market (Fevereiro 1988).

[22] Para a ênfase colocada na previsão pelos empiristas-positivistas, veja em particular Milton Friedman, “The Methodology of Positive Economics” em Friedman, Essays in Positive Economics (Chicago: University of Chicago Press, 1953).

[23] Sobre críticas racionalistas do empirismo, veja Kambartel, Erfahrung und Struktur; Brand Blanshard,Reason and Analysis (LaSalle, Ill.: Open Court, 1964); A. Pap, Semantics and Necessary Truth (New Haven, Conn.: Yale University Press, 1958); Martin Hollis and Edward Nell, Rational Economic Man (Cambridge: Cambridge University Press, 1975).

[24] Em The Ultimate Foundation of Economic Science Mises escreve: A essência do positivismo lógico é negar o valor cognitivo do conhecimento a priori ao mostrar que toda proposição a priori é meramente analítica. Elas não fornecem informações novas, mas são meramente verbais ou tautológicas, afirmando aquilo que já estava implícito nas definições e premissas. Somente a experiência pode levar a proposições sintéticas. Existe uma objeção óbvia a esta doutrina, vis., que esta proposição de que não existem proposições sintéticas a priori é por si só-conforme acredita este escritor, falsa-uma proposição sintética a priori, pois ela evidentemente não pode ser estabelecida pela experiência. (pag. 5)

[25] Sobre isto veja, além dos trabalhos citados na nota 23, em particular H. Dingler, Die Ergreifung des Wirklichen (Munich: 1955); idem, Aufbau der exakten Fundamentalwissenschaft (M?nich: 1964; Paul Lorenzen,Methodisches Denken (Frankfurt/M.: 1968); F. Kambartel e J. Mittelstrass, eds., Zum normativen Fundament der Wissenschaft (Frankfurt/M.: 1973); também o meu “In Defense of Extreme Rationalism.”

[26] Além da literatura citada na nota 20 veja, por exemplo, aqueles produtos empiristas típicos como Arthur Goldberger e Otis D. Duncan, eds., Structural Equation Models in the Social Sciences (San Diego, Calif.: Academic Press, 1973); H.B. Blalock, ed., causal Inferences in Non-Experimental Research (Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1964); Arthur L. Stinchcombe, Constructing Social Theories (New York: Harcourt, Brace & World, 1968).

[27] Sobre isto e o que se segue, veja Hoppe, Kritik der kausalwissenschaftlichen Sozialforschung, capítulo 2, e “Is Research Based on causal Scientific Principles Possible in the Social Sciences?”

[28] Curiosamente, este argumento foi primeiramente formulado por Karl R. Popper no prefácio de seu The Poverty of Historicism (London: Routledge & Kegan Paul, 1957). No entanto, Popper não consegue perceber que tal argumento na verdade invalida sua própria ideia de um monismo metodológico (Einheitswissenschaft) e demonstra a incapacidade de sua falsiabilidade no campo do conhecimento e da ação humana. Em relação a isto veja meu Kritik der kausalwissenschaftlichen Sozialforschung, pp. 44-49; K. 0. Apel, Die Erkl?ren: Verstchen Kontroverse in transzendental-pragmatischer Sicht (Frankfurt/M.: 1979), págs. 44-46, nota 19.

[29] Mises, Açao Humana, pags. 55-56.

[30] Sobre a lógica da história, veja Mises, Theory and History , capítulo 14; The Ultimate Foundation of Economic Science, págs. 45-51; Açao Humana, págs. 47-51, 59-64.

[31] Mises, Açao Humana, págs. 57-58.

[32] Sobre a lógica da reconstrução e verificação histórica e sociológica, veja também Hoppe, Kritik der kausalwissenschaftlichen Sozialforschung, págs. 33-38.

[33] Sobre a lógica da verificação e explanação psicanalítica, veja A. MacIntyre, The Unconscious (London: Duckworth, 1958); J?rgen Habermas, Erkenntnis und Interesse (Frankfurt/M.: 1968), capítulo 2; sobre a relevância da psicanálise também Mises, Ação Humana, pág. 12.

[34] Sobre a lógica das explanações linguísticas envolvendo a reconstrução de regras que exigem confirmação através do “conhecimento intuitivo” de “oradores competentes”, veja Noam Chomsky, Aspects of the Theory of Syntax (Cambridge: M.I.T Press, 1965); também K. 0. Apel, “Noam Chomskys Sprachtheorie und die Philosophie der Gegenwart” em Apel, Transformation der Philosophic, vol. 2 (Frankfurt/M.: 1973).

[35] Para importantes críticas da filosofia empirista-positivista das ciências sociais empíricas, e explanações da pesquisa social enquanto baseadas no entendimento reconstrutivo, veja também K. 0. Apel,Transformation der Philosophie; idem, Die Erkl?ren: Verstehen Kontroverse in transzendental-pragmatischcr Sicht; Peter Winch, The Idea of a Social Science and Its Relation to Philosophy (Atlantic Highlands, N.J.: Humanities Press, 1970); idem, Ethics and Action (London: Routledge and Kegan Paul, 1972); J?rgen Habermas, Zur Logik der Sozialwissenschaften (Frankfurt/M.: 1970); G. H. von Wright, Explanation and Understanding (Ithaca, NY: Cornell University Press, 1971).

[36] Sobre a relação entre teoria e história, veja em particular Mises, Ação Humana, págs. 51-59; andEpistemological Problems of Economics, capítulos 2-3.

[37] O ex-austríaco e neo historicista hermenêutico niilista Ludwig Lachmann, que repete ad nauseam a imprevisibilidade de estados futuros do conhecimento (veja seu “From Mises to Shackle: An Essay on Austrian Economics and the Kaleidic Society,” Journal of Economic Litcrature 54 (1976); The Market as an Economic Process (New York: Basil Blackwell, 1986), deixa de reconhecer totalmente este último ponto. Na verdade, seu argumento é simplesmente autocontraditório. Pois evidentemente ele alega conhecer com certeza a incognoscibilidade do conhecimento futuro e, por implicação lógica, das ações. Embora deste modo ele de fato saiba algo sobre a ação e o conhecimento futuro. Ele tem que saber algo sobre o conhecimento e a ação como tais. E é precisamente isto o que a praxeologia afirma ser: um conhecimento relativo às ações como tais, e (como expliquei em meu “On Praxeology and the Praxeological Foundations of Epistemology and Ethics,” ) um conhecimento sobre a estrutura que todo conhecimento futuro deve ter em virtude do fato de que ele, invariavelmente, deve ser um conhecimento de agentes.

[38] Sobre a lógica da previsão social e econômica, veja também Hoppe “In Defense of Extreme Rationalism”,Review of Austrian Economics 3 (1988), seção 3,4.

[39] Veja também Murray N. Rothbard, Power and Market (Kansas City, Kans.: Sheed Andrews and McMeel, 1977), págs. 256-58, sobre o diferente papel da ciência econômica ao formular teorias para um ambiente de livre mercado VS. um ambiente obstruído pela intervenção governamental.

 

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