III. O problema da gênese do meio de troca

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No comércio primitivo, o homem econômico está despertando, mas muito gradualmente, para uma compreensão das vantagens econômicas a serem obtidas pela exploração das oportunidades de troca existentes. Os seus objetivos estão direcionados primeiramente e acima de tudo, de acordo com a simplicidade de toda cultura primitiva, apenas no que primeiramente se encontra acessível. E somente nessa proporção o valor em uso das comódites que ele procura adquirir, é considerado em sua negociação. Sob tais condições, cada homem tem a intenção de obter, a título de troca, apenas os bens que ele diretamente precisa, e de rejeitar aqueles que ele não precisa, ou com o qual ele já está suficientemente provido. Está claro, então, que nessas circunstâncias o número de pechinchas realmente concluídas deve estar dentro de limites muito restritos. Considere o quão raro é o caso, que uma comódite pertencente a alguém é de menor valor de uso do que outra comódite pertencente a outra pessoa! E no caso desta outra é a relação oposta. Mas quão mais raro é o acontecimento destes dois indivíduos se encontrarem! Pense, de fato, nas dificuldades peculiares obstruindo a permuta de bens nestes casos, onde oferta e demanda não se coincidem quantitativamente; onde, por exemplo, uma comódite indivisível deve ser trocada por uma variedade de bens na posse de uma pessoa diferente, ou mesmo por comódites que estão em demanda apenas em períodos diferentes e só podem ser fornecidas por diferentes pessoas! Mesmo no caso relativamente simples e muitas vezes recorrente, onde uma unidade econômica, A, requer uma comódite pertencente à B, e B requer uma possuída por C, enquanto C quer uma que é propriedade de A — mesmo aqui, sob uma regra de mera permuta, a troca dos bens em questão seria, em regra, inevitavelmente deixada por fazer.

Essas dificuldades poriam à prova obstáculos absolutamente insuperáveis para o progresso do intercâmbio comercial e, ao mesmo tempo, para a produção de bens que não possuem uma venda regular, se não houvesse um remédio na própria natureza das coisas, isto é, os diferentes graus de vendabilidade (Absatzfahigkeit) das comódites. A diferença existente a este respeito entre os artigos de comércio é do mais alto grau de significância para a teoria do dinheiro e do mercado em geral. E a falha em levá-la adequadamente em conta em explicar o fenômeno do comércio, constitui não apenas como uma ruptura tão lamentável em nossa ciência, mas também uma das causas essenciais do atraso da teoria monetária. A teoria do dinheiro necessariamente pressupõe a teoria da vendabilidade dos bens. Se nós compreendermos isso, nós seremos capazes de compreender como a quase ilimitada vendabilidade  do dinheiro é apenas um caso especial, — apresentando apenas uma diferença de grau de um fenômeno genérico na vida econômica — isto é, a diferença na vendabilidade de comódites em geral.

 

 

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