Mito: crescimento econômico causa inflação

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inflaUm dos mitos mais duradouros herdados da revolução keynesiana é aquele que diz que crescimento econômico causa inflação.

É comum vermos notícias nos jornais declarando coisas do tipo: “Apesar de um arrefecimento no crescimento econômico, o risco de inflação permanece”. Ou, como temos visto mais recentemente: “O Banco Central não alterou a taxa básica de juros pois a economia sinalizou estar em desaquecimento, o que fará com que o crescimento seja baixo o suficiente para conter a inflação”.

MAIS BENS = UM PREÇO MENOR POR BEM

Assim como ocorre com a maioria das doutrinas econômicas defeituosas, a alegação de que o crescimento econômico provoca inflação de preços não apenas está errada, como na verdade está exatamente ao contrário. Voltemos ao básico. O preço de alguma coisa (vamos cotar em dólares) é apenas a razão de troca entre notas de dólares e o bem em questão.

Assim, o que vai acontecer quando a quantidade à venda de algum bem ou serviço aumentar? Por exemplo, por que os trabalhadores americanos estão tão preocupados com os imigrantes mexicanos que se mudam para os EUA? Ora, eles estão preocupados com o fato de que uma maior oferta de mão-de-obra vai levar a uma diminuição do salário. Ninguém em seu juízo perfeito diria que: “Devido a um enorme aumento na quantidade de mão-de-obra, os economistas estão preocupados que os salários possam aumentar descontroladamente, tornando difícil para os empregadores manter suas margens de lucro”.

O mesmo raciocínio é válido quando se lida com outros bens e serviços. Se a economia produzir cinco por cento a mais de coisas este ano em relação ao ano passado, esses itens estarão mais baratos para os consumidores, e não mais caros! Se você estiver pechinchando umas bananas com um vendedor de frutas, e então um outro vendedor chegar com um carrinho de bananas e também lhe oferecer do seu produto, isso vai ajudá-lo ou atrapalhá-lo em suas negociações?

Porém, é claro, há algumas advertências. O preço nominal de um bem não é o resultado de uma simples fórmula mecânica. Ninguém divide “a quantidade total da produção nacional” (seja lá o que isso quer dizer) pela quantidade total de dinheiro em circulação para se chegar ao “nível de preços” (de novo, seja lá o que isso quer dizer). E mesmo que a quantidade de dinheiro e a quantidade de produção permaneçam constantes, se repentinamente as pessoas decidirem que elas não querem mais manter pedaços de papel com desenhos de ex-presidentes americanos em suas carteiras, então os preços em dólar irão subir à medida que as pessoas estiverem descarregando seus dólares em troca de outros bens. Portanto, eu não quero que minhas reflexões acima prejudiquem as sutilezas da análise; a oferta e a demanda importam, mesmo quando se trata do “preço” do dinheiro.

Ainda assim, a questão permanece: tudo o mais constante, quanto maior o crescimento do produto real, menor serão os preços em dólar de cada produto. Crescimento econômico reduz a inflação de preços. A imprensa financeira entende tudo ao contrário.

IMPRIMIR DINHEIRO = AUMENTO DE PREÇOS

O que, então, de fato causa inflação de preços? Seriam os magnatas árabes? Os especuladores? Talvez os sindicatos?

Não. Nada disso. Indivíduos podem influenciar os preços de bens e serviços específicos, mas eles não podem aumentar os preços em geral. Se a OPEP tiver êxito em aumentar o preço do petróleo (e, consequentemente, o da gasolina), os americanos irão gastar mais na bomba. Mas isso significa que eles terão menos dinheiro para gastar em restaurantes chiques e em cinemas, e portanto os preços no geral não subirão.

A única instituição que de fato tem o poder de causar inflação geral de preços é o banco central. Quando o banco central decide que o momento é propício para uma “operação de mercado aberto (open market)”, ele compra títulos do Tesouro em posse dos bancos e credita o valor dessa compra na conta que esses bancos têm junto ao banco central. (Ver mais sobre essa operação aqui).

No entanto, de onde adveio esse “crédito”? Será que existe uma conta com “dinheiro do banco central” que é debitada em $10 milhões e, simultaneamente, a conta de um banco XYZ é creditada em $10 milhões?

Não, isso não ocorre. O banco central simplesmente acrescenta números na conta do banco XYZ. Puf! A base monetária foi aumentada com dinheiro criado do nada. E então, devido à mágica do sistema bancário de reservas fracionárias, essas novas reservas são multiplicadas, adicionando ainda mais dinheiro na quantidade total de dinheiro que circula na economia.

Tudo o mais constante, quando você adiciona mais dinheiro a esse estoque total de dinheiro da economia, o seu valor (o “preço do dinheiro”) em termos de outros bens e serviços diminui. Uma maior oferta de dinheiro leva a um menor valor unitário do dinheiro. Quando o “preço” do dinheiro cai, isso significa que o preço em dólar de bens e serviços sobe, porque o dinheiro vale menos do que antes.

Em outras palavras, se o banco central realmente quer controlar a inflação de preços, tudo o que ele tem de fazer é parar de inflar a oferta monetária.

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