Paul Krugman e a terceira depressão – uma mente confusa

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KrugmanÉ fácil entender por que Paul Krugman é o preferido dos economistas pró-establishment, dos empresários com grandes conexões com o governo e de todos aqueles que dependem do auxílio do dinheiro estatal para sua sobrevivência.

Em coluna publicada no dia 28 de junho no The New Yok Times (onde mais?), o iluminado volta a professar sua fé inabalável naquele imperecível fetiche keynesiano (que beira o erotismo): a expansão do crédito e a criação de dinheiro pelos bancos centrais mundiais farão “o milagre … de transformar pedras em pães“.  (Keynes de fato disse isso em 1943.)

O bom de Krugman é que você não precisa se esforçar muito para entender sua obra.  Se você ler um artigo dele, você já leu todos.  Isso poupa tempo e lhe permite aprofundar seus estudos em coisas mais sérias — além da vantagem de não se deixar contaminar pelas informações francamente falsas que ele passa, como veremos mais abaixo.

A teoria krugmaniana presente em todos os seus artigos que versam sobre a atual crise mundial (aquela mesma que o próprio Krugman, dois anos atrás, disse que seria debelada pelas políticas keynesianas diligentemente implantadas por Gordon Brown no Reino Unido) é gostosamente simples: se os governos se endividarem, imprimirem dinheiro e gastaram até os tubos, a economia mundial não apenas não cairá em uma depressão, como, muito pelo contrário, criará riqueza.  A cada dólar, euro e real impressos há uma correspondente criação de bens.  A cada endividamento estatal corresponde o surgimento de um insumo agrícola e industrial.  A cada real gasto pelo governo brasileiro há o simultâneo aparecimento de um laptop.  Basta o governo mexer com dinheiro, que haverá magicamente o surgimento de algum bem.

Expandir o crédito e criar dinheiro é a mesma coisa que criar riqueza.  Vai dizer que uma teoria dessas não tem apelo?

Entretanto, se me permitem uma confissão sádica, está cada vez mais divertido ler as colunas de Krugman.  O Nobel está inconsolado, injuriado mesmo, com o indelével fato de que suas teorias keynesianas excêntricas estão, novamente e pela zilionésima vez, caindo em total descrédito.  Quando até mesmo as sociais-democracias europeias começam a falar em corte de gastos, principalmente durante uma recessão, é porque as teorias propaladas por sujeitos até então influentes como Krugman já foram solapados pelas invioláveis leis econômicas.

Embora todos os seus artigos sejam iguais, este em especial contém algumas passagens interessantes e que merecem ser analisadas e comentadas.  É o que farei agora.

Uma mente confusa

Krugman, que nunca decepciona, já começa seu artigo mostrando que está em grande forma: mente nos dois parágrafos iniciais e tira uma conclusão involuntariamente cômica no terceiro parágrafo.  Acompanhe.  Ele vai de vermelho, eu vou de preto.

Recessões são comuns; depressões são raras. Até onde sei, houve somente duas eras na História da economia que foram amplamente descritas como “depressões” na época: os anos de deflação e instabilidade que se seguiram ao Pânico de 1873 e os anos de desemprego em massa que acompanharam a crise financeira de 1929-31.

Nem a Longa Depressão do século 19, nem a Grande Depressão do século 20 foram eras de um declínio contínuo — pelo contrário, ambas incluíram períodos em que a economia cresceu. Mas esses episódios de melhora nunca foram suficientes para desfazer o prejuízo da crise inicial, e foram seguidos de recaídas.

Temo que agora estejamos nos estágios iniciais de uma terceira depressão. Ela provavelmente se parecerá mais com a Longa Depressão do que com a Grande Depressão, que foi muito mais grave. Mas o custo — para a economia mundial e, acima de tudo, para os milhões de pessoas arruinadas pela falta de emprego — será imenso.

Esse Pânico de 1873 — que supostamente teria gerado a “Longa Depressão” — é normalmente citado como uma das maiores recessões americanas do século XIX, uma época em que o mercado era muito mais livre do que viria a ser no século XX.  Sendo assim, vale a pena nos determos um pouco mais meticulosamente nesse evento.

Apenas contextualizando: em 1873 houve uma crise que começou a ser gestada ainda em 1863 e 1864 com a promulgação dos National Banking Acts, duas leis federais que tinham o propósito de criar uma moeda nacional lastreada em títulos do governo americano.  A ideia principal era criar uma autoridade monetária capaz de exercer alguma política monetária.  Como é sabido, nessa época os EUA ainda estavam no padrão-ouro clássico.

Esse sistema foi descrito por F.A. Hayek como um “sistema monetário com um banco central semi-oficial”.  Como consequência, a criação desse sistema inflacionário desencadeou um ciclo de expansão e recessão econômica, do tipo previsto pela teoria austríaca.  Os anos que precederam o Pânico de 1873 vivenciaram uma enorme expansão do sistema ferroviário americano, que foi estimulado tanto pela expansão de crédito fácil quanto pela concessão de terras feita pelo governo americano.  Puxados por essa expansão, setores relacionados ao transporte e à mineração (por causa do ferro) também vivenciaram um grande crescimento, bem como os salários relacionados a esses setores.

Até aí há uma convergência entre os historiadores.  Os fenômenos acima de fato ocorreram.  Já em 1873 houve uma contração do crédito inicialmente expandido com as leis de 1863 e 1864, fazendo com que houvesse uma inevitável recessão em 1873.

Krugman, entretanto, mostra que está desinformado a respeito da história econômica de seu próprio país quando passa a comentar o período da recessão pós-1873.  E tudo que ele precisava fazer era ler o livro de Milton Friedman e Anna Schwartz, A Monetary History of the United States, 1867-1960.  Com os dados ali fornecidos, ele concluiria que, dado o atual cenário, tudo o que os americanos mais queriam era que a atual recessão fosse semelhante a essa “Longa Depressão” iniciada em 1873.

Foi Murray Rothbard quem melhor desmitificou esse mito da “Longa Depressão” de 1873 em seu livro History of Money and Banking in the United States.  Segue um trecho:

Historiadores econômicos ortodoxos sempre comentam pesarosamente a respeito da “grande depressão” que alegadamente assolou os Estados Unidos após o pânico de 1873 e que durou inéditos seis anos, até 1879.  Grande parte dessa estagnação supostamente foi causada por uma contração monetária que fez com que os pagamentos em espécie (em ouro ao invés de em notas bancárias) fossem retomados em 1879.

Entretanto, que tipo de “depressão” foi essa que vivenciou uma expansão extraordinariamente vasta da indústria, das ferrovias, da produção de bens, do produto nacional líquido ou da renda per capita real?  Como Friedman e Schwartz admitem, o período de 1869 a 1879 viu um crescimento anual de 3% no produto nacional nominal, um crescimento anual de 6,8% no produto nacional real, e um aumento fenomenal de 4,5% ao ano no produto per capita real.  Mesmo a alegada “contração monetária” nunca ocorreu, tendo a oferta monetária aumentado em 2,7% ao ano nesse período.  De 1873 a 1878, ano em que ocorreu outro surto de expansão monetária, a oferta total de moeda bancária aumentou de $1,964 bilhão para $2,221 bilhões — um aumento de 13,1%, ou de 2,6% ao ano.  Ou seja, um amento modesto, porém um aumento — dificilmente uma contração.

Já deveria estar claro, portanto, que a “grande depressão” da década de 1870 é meramente um mito — um mito criado pela interpretação equivocada do fato de que os preços caíram acentuadamente durante todo o período.  Com efeito, eles caíram desde o fim da Guerra Civil até 1879.  Friedman e Schwartz estimaram que os preços em geral caíram 3,8% ao ano, de 1869 a 1879.  Infelizmente, a maioria dos historiadores e economistas está adestrada a acreditar que uma queda constante e acentuada dos preços tem inevitavelmente de resultar em uma depressão: daí seu assombro com a óbvia prosperidade e crescimento econômico dessa era.  Pois eles ignoram o fato de que, no desenrolar natural dos eventos, quando o governo e o sistema bancário não aumentam a oferta monetária muito rapidamente, o capitalismo de livre mercado irá gerar um aumento tão grande da produção e do crescimento econômico, que o aumento da oferta monetária será solapado.  Os preços irão cair, e as consequências não serão a depressão ou a estagnação, mas a prosperidade (já que os custos estão caindo também), o crescimento econômico, e a propagação de um maior padrão de vida para todos os consumidores.

Ou seja, por algum motivo, crê-se que a crise de 1873 não apenas durou seis anos, como também crê-se que foram 6 anos de grande penúria, quando a realidade foi exatamente o oposto disso.  Esse é um daqueles mitos que, assim como a crise de 1929, perduram não se sabe por quê.

Houve, no máximo, uma curta recessão em 1873. De resto, aquela década vivenciou o que hoje alguns consideram ter sido o maior período de crescimento sustentável da história americana.  O emprego cresceu vigorosamente, maior até mesmo que a taxa de imigração; o consumo tanto de comida quanto de outros bens cresceu em todas as faixas de renda.  No final da década, a população americana estava com melhores moradias, possuía melhores roupas e, no caso da população do campo, vivam em maiores fazendas.  As lojas de departamento surgiam até mesmo nas cidades de médio porte.  Foi nessa época que os EUA de fato se transformaram na primeira sociedade de consumo em massa do mundo.

Porém, as pessoas estavam confusas com o comportamento dos preços, que estavam caindo acentuadamente — coisa inédita até então.  E isso gerou insatisfações.  Os fazendeiros, por exemplo, achavam que a queda nos preços dos grãos significava que estavam ficando mais pobres.  Porém eles não notavam que os preços de todo o resto estavam caindo também.  Quando se analisa os termos de troca dos fazendeiros — isto é, a diferença de preços entre o que eles vendiam e o que eles compravam —, é possível comprovar que eles obtiveram sólidos ganhos na década de 1870.

O emprego no setor industrial, por exemplo, aumentou de 2,47 milhões em 1870 para 3,29 milhões em 1880.  Na agricultura, nesse mesmo período, pulou de 12,9 milhões para 17,4 milhões (Jeremy Atack e Peter Passel, A New Economic View of American History, www.questia.com/PM.qst?a=o&d=101476878).

E o que é mais interessante: como a produtividade estava aumentando exponencialmente nesse período, um número cada vez menor de pessoas era necessário para produzir a mesma quantidade de bens do que antes.  Assim, qualquer aumento no número de empregos no setor manufatureiro nesse período indica que esse setor estava se expandindo significativa e saudavelmente durante uma “recessão”.

Enfim, Krugman, talvez por malícia, talvez por conveniência, está disposto a ignorar a realidade econômica que perdurou durante a “Longa Depressão” americana do século XIX.  Tenho certeza que os americanos reviveriam com gosto aquele período.

Prossegue o sábio:

E esta terceira depressão será, basicamente, um fracasso de política. Em todo o mundo – mais recentemente no extremamente desanimador encontro do G20 do último fim de semana – os governos estão obcecados com a inflação, quando a verdadeira ameaça é a deflação, pregando a necessidade de apertar os cintos, quando o verdadeiro problema são os gastos inadequados.

Em 2008 e 2009, parecia que tínhamos aprendido com a História. Ao contrário de seus predecessores, que elevaram as taxas de juros diante da crise financeira, os atuais líderes do Federal Reserve e do Banco Central Europeu cortaram os juros e passaram a apoiar os mercados de crédito. Ao contrário dos governos do passado, que tentaram equilibrar orçamentos diante de uma economia em declínio, os governos de hoje permitiram que os déficits aumentassem. E melhores políticas ajudaram o mundo a evitar o colapso total: pode-se dizer que a recessão trazida pela crise financeira terminou no verão passado.

Krugman é inconstante.  Ele começa o texto alertando para uma depressão iminente.  Cinco parágrafos depois ele diz que o mundo sequer está em recessão.  Por que o truque?  Simples.  Como nesse parágrafo ele admitiu que os governos praticaram déficits e imprimiram dinheiro (“cortaram juros”), então, para dar sustento à sua teoria, ele tem de falar que isso foi positivo e que a recessão sumiu.

O problema é que a realidade insiste em contrariá-lo.  Nos EUA, por exemplo, os gastos continuam aumentando, o déficit continua se expandindo e… o desemprego continua aumentando.  Dados divulgados na quinta feira, 01/07, mostram que “o número de trabalhadores norte-americanos que entraram pela primeira vez com pedido de auxílio-desemprego subiu 13 mil, para 472 mil […] Os economistas esperavam queda de 2 mil pedidos[…] Na semana encerrada em 19 de junho, o número total de norte-americanos que recebiam auxílio-desemprego subiu 43 mil, para 4,616 milhões.”

Como se vê, dois anos de políticas genuinamente krugmanianas deixaram o país muito pior do que antes da adoção desses “estímulos”.

Outra mentira de Krugman está no último parágrafo: tanto na recessão americana de 1920 quanto na de 1982, os governos aumentaram os juros.  Não houve inflação monetária.  Os déficits ocorridos se deram em decorrência do corte de impostos e não do aumento dos gastos.

Ademais, como pode Krugman atualmente falar em “gastos inadequados”?  Olhando os dois gráficos abaixo, o que o governo americano mais fez nesses últimos anos foi aumentar o gasto e o déficit (o aumento deste último, então, foi selvagem).  Pela teoria de Krugman, a economia americana deveria estar em crescimento exponencial.

Déficit:

Deficit.png

Gastos:

gastos.png

No parágrafo seguinte, Krugman novamente volta a se contradizer em relação ao parágrafo imediatamente anterior, admitindo um desemprego alto, sem, no entanto, admitir que a recessão nunca terminou:

Mas futuros historiadores nos dirão que isso não foi o fim da terceira depressão, assim como a recuperação econômica que começou em 1933 não foi o fim da Grande Depressão. Afinal, o desemprego – especialmente o desemprego a longo prazo – permanece em níveis que teriam sido considerados catastróficos há alguns anos, e não dá sinais de diminuir tão cedo. E tanto os Estados Unidos como a Europa estão se encaminhando para cair em armadilhas deflacionárias como as do Japão.

E tem mais:

Diante desse quadro sombrio, você poderia esperar que os responsáveis pelas diretrizes políticas percebessem que ainda não fizeram o suficiente para promover a recuperação. Mas não: nos últimos meses, houve um surpreendente ressurgimento da ortodoxia do equilíbrio orçamentário e da moeda forte.

No que diz respeito à retórica, o ressurgimento da antiga doutrina é mais evidente na Europa, onde autoridades parecem usar argumentos dos discursos de Herbert Hoover, inclusive a afirmação de que elevar impostos e cortar gastos na verdade expandirá a economia, ao aumentar a confiança nos negócios.

Ou foi um ato falho ou foi um mea culpa.  Qualquer que seja, tudo indica que nem o próprio Krugman tolerava mais suas desinformações.  Essa é a primeira vez que um keynesiano empedernido admite que Herbert Hoover — até então tido como um indiscutível adepto da ‘mão invisível’ — elevou impostos durante a Grande Depressão.  Para ser um relato completo, faltou apenas falar o quanto o sujeito elevou os impostos: a alíquota máxima do imposto de renda, por exemplo, subiu de 25% para módicos 63% em apenas um ano!

Outra acusação comum que os keynesianos fazem a Hoover é que ele tentou equilibrar o orçamento durante a Depressão.  Só que eles convenientemente deixam de lado dois detalhes fundamentais:

1) isso só ocorreu após ele ter deixado os déficits explodirem (de meados de 1931 a meados de 1932, o déficit pulou de 0,5% para 4%); e

2) a correção se deu via aumento de impostos e nunca via corte de gastos.  Estes só fizeram subir, como mostraessa tabela.

Portanto, Krugman merece aplausos por essa tímida mea culpa.  Nem ele acredita mais nessa história de que Herbert Hoover era adepto do laissez-faire.  (Para mais informações, leia os artigos sobre Hoover indicados ao final desse texto.)

Por fim, Krugman conclui em grande estilo:

Mas em termos práticos, os Estados Unidos não estão se saindo muito melhor. O Fed parece ciente dos riscos de deflação – mas o que ele propõe fazer a respeito desses riscos é, bem… nada. A administração Obama entende os perigos de uma austeridade fiscal prematura – mas como os republicanos e os democratas conservadores do Congresso não autorizarão uma ajuda adicional aos governos estaduais, essa austeridade virá de qualquer jeito, na forma de cortes orçamentais em níveis estaduais e municipais.

Por que se erra o caminho na política? Os radicais muitas vezes mencionam as dificuldades enfrentadas pela Grécia e outras nações na periferia da Europa para justificar suas ações. E é verdade que investidores de títulos dependiam de governos com déficits incontroláveis. Mas não há nenhuma evidência de que uma austeridade fiscal a curto prazo, diante de uma economia deprimida, tranquilizará investidores. Pelo contrário: a Grécia concordou em adotar um plano severo de austeridade, mas viu seus riscos se ampliando cada vez mais; a Irlanda efetuou cortes radicais nos gastos públicos, mas foi tratada pelos mercados como um risco pior que a Espanha, que relutou bem mais em adotar a solução dos radicais.

É como se os mercados financeiros entendessem o que os responsáveis pelas diretrizes políticas aparentemente não entendem: que, embora a responsabilidade fiscal a longo prazo seja importante, cortar gastos no meio de uma depressão, que aprofunda essa depressão e abre caminho para a deflação, na verdade é autodestrutivo.

Então não acredito que isso tenha a ver de fato com a Grécia, ou com qualquer apreciação realista das trocas entre déficits e empregos. Na verdade é a vitória de uma ortodoxia que pouco tem a ver com análises racionais, cujo principal dogma é que, em tempos difíceis, é preciso impor sofrimento aos outros para mostrar liderança.

E quem pagará o preço desse triunfo da ortodoxia? A resposta é: dezenas de milhões de trabalhadores desempregados, dos quais muitos permanecerão sem emprego por anos, e alguns nunca mais voltarão a trabalhar.

Resumindo: os mesmos líderes mundiais que, durante anos, mantiveram orçamentos deficitários e gastos exorbitantes — exatamente aquilo que Krugman diz ser o ideal para evitar recessões —, lograram um resultado exatamente inverso daquele prometido por Krugman e os keynesianos: criaram uma crise financeira e monetária sem precedentes.  Agora, porém, esses mesmos keynesianos fervorosos, um tanto assustados com o resultado prático de suas políticas, resolveram dizer que vão praticar um pouco de orçamento equilibrado, apenas para tentar impedir a catástrofe que criaram.  E é isso, segundo Krugman, que irá destruir as economias destes países.

Conclusão

Krugman em momento algum ataca o real problema: gastos do governo não criam riqueza.  E é exatamente a criação de riqueza o único artifício que irá tirar os EUA e o mundo da atual recessão.  As recomendações políticas de Krugman — aumentar o déficit, aumentar os gastos e diminuir ainda mais os juros por meio da simples criação de dinheiro — nada fazem para corrigir os atuais desequilíbrios econômicos, principalmente todos os investimentos errôneos que foram criados em decorrência das manipulações monetárias feitas pelos governos mundiais, que reduziram os juros para níveis abaixo dos de mercado.  As recomendações krugmanianas não apenas não corrigem esses desequilíbrios, como também, pior ainda, intensificam-nos.

Por fim, uma palavrinha sobre déficits, essa medida tido como redentora em períodos de crise por todos os keynesianos.  Se um governo reduzir seus gastos a ponto de zerar seu déficit orçamentário (em termos nominais), ele não mais precisará pegar dinheiro emprestado para fechar seu orçamento.  Ou seja, ela não mais precisará recorrer à poupança dos cidadãos.  Isso fará com que haja mais fundos disponíveis para serem emprestados ao setor privado, tanto às empresas quanto aos consumidores.  A poupança que o governo teria absorvido vendendo títulos agora estará disponível para ser utilizada de maneira mais proveitosa por empreendedores e consumidores.

Para agradar aos moderados, nem é preciso complicar as coisas fazendo reduções tributárias.  A questão principal é que o déficit deve ser reduzido.  E para que isso ocorra, tudo que o governo deve fazer é reduzir gastos, e nada mais.

Sim, seria perfeito se o governo reduzisse seus gastos a ponto não apenas de eliminar completamente o déficit, mas também de tornar possível uma redução radical, quiçá uma completa eliminação, de todos os impostos que incidem sobre a poupança.  Melhor ainda seria se, além dos impostos sobre a poupança, houvesse a máxima redução possível dos impostos que incidem sobre o consumo.

Desta forma, a demanda por bens de capital e por mão-de-obra da parte das empresas seria a mais próxima possível das preferências dos consumidores, e todos iriam usufruir ao máximo possível os benefícios de sua própria riqueza e renda.  O efeito desse aumento na poupança disponível e nos consequentes investimentos seria um aumento acentuado no progresso econômico do país em questão.

Apenas isso pode acabar com recessões.  Mas qual governo vai permitir isso?

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Notas

Artigos sobre Herbert Hoover:

Hoover e a fraudulenta história da Grande Depressão

Por que os bancos devem aumentar os juros em uma recessão

Rothbard, Friedman e a Grande Depressão – quem afinal estava certo?

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