VIII. Como os metais preciosos se tornaram dinheiro

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As comódites, que sob relações locais e temporais são mais vendáveis, tornaram-se dinheiro entre as mesmas nações em tempos diferentes, e entre diferentes nações ao mesmo tempo, e elas são diversas em tipo. A razão pela qual os metais preciosos se tornaram o meio de troca comumente circulante aqui e ali numa nação anterior a sua aparição na história, e na sequência entre todos os povos de civilizações de economia avançada é por causa de sua vendabilidade ser muito superior do que todas as outras comódites, e ao mesmo tempo porque são consideradas especialmente qualificadas para as funções concomitantes e subsidiárias do dinheiro.

Não há um centro de população que, nos primórdios da civilização, não desejasse profundamente e cobiçasse ansiosamente os metais preciosos, em tempos primitivos por suas utilidades e beleza peculiar, como ornamentos, posteriormente como os materiais de escolha para moldagem e decoração arquitetônica, e especialmente ornamentos e recipientes de todo tipo. Apesar da sua escassez natural, eles estão bem distribuídos geograficamente e, na proporção da maioria dos outros metais, são fáceis de extrair e elaborar. Além disso, a proporção da quantidade disponível de metais preciosos para o total requerido é tão pequena, que o numero daqueles cuja necessidade não é fornecida, ou pelo menos insuficientemente fornecida, juntamente com a extensão desta necessidade não, é sempre relativamente — maior mais ou menos do que no caso de outras comódites mais importantes, embora mais abundantemente disponíveis. Mais uma vez, a classe de pessoas que desejam adquirir os metais preciosos é, em razão do tipo de desejos que por estes são satisfeitos, tal como, bem especialmente, a incluir os membros da comunidade que podem permutar mais efetivamente; E, portanto, o desejo pelos metais preciosos é, por regra, mais eficaz. No entanto, os limites do efetivo desejo pelos metais preciosos se estendem também para aquelas camadas da população que menos podem eficientemente permutar, por causa da grande divisibilidade dos metais preciosos, e o gozo obtido pela despesa de quantidades ainda menores na economia individual. Além disso, existem os amplos limites no tempo e espaço da vendabilidade dos metais preciosos; uma consequência, por um lado, da distribuição quase ilimitada no espaço da necessidade deles, juntamente com o seu baixo custo de transporte em comparação com seus valores, e por outro lado, a sua durabilidade ilimitada e o custo relativamente baixo de armazená-los. Em nenhuma economia nacional que tenha avançado além dos primeiros estágios de desenvolvimento, existem comódites, cuja vendabilidade é tão pouco restrita em tantos aspectos — pessoalmente, quantitativamente, espacialmente e temporalmente — como os metais preciosos. Não se pode duvidar que, muito antes de se tornarem o meio de troca comumente reconhecido, eles estavam, entre muitos povos, atendendo a uma demanda positiva e efetiva em todos os momentos e lugares, e praticamente em qualquer quantidade que chegasse ao mercado.

Por conseguinte, surgiu uma circunstância, a qual necessariamente se tornou de especial importância para se tornarem dinheiro para qualquer um sob essas condições, tendo qualquer um dos metais preciosos à sua disposição, não havia apenas a expectativa razoável de poder convertê-los em todos os mercados a qualquer momento e praticamente em todas as quantidades, mas também — e, afinal de contas, esse é o critério da vendabilidade — a expectativa de convertê-los a preços correspondentes à situação econômica geral em qualquer momento, a preços econômicos. O desejo proporcionalmente forte, persistente e onipresente por parte dos negociadores mais efetivos foi mais longe em excluir os preços do momento, da emergência, do acidente, no caso dos metais preciosos, do que no caso de quaisquer outros bens, especialmente porque estes, devido ao seu custo, durabilidade e fácil preservação, tornaram-se o veiculo mais popular para acumulo, bem como os bens mais favorecidos no comércio.

Sob tais circunstâncias, tornou-se a ideia principal nas mentes dos negociadores mais inteligentes, e então, como a situação passou a ser mais geralmente compreendida, na mente de cada um, que o estoque de bens destinados a serem trocados por outros bens deve em primeira instância, ser colocado em metais preciosos, ou deve ser convertido neles, ou já ter provido seus desejos nessa direção. Mas dentro e por esta função, os metais preciosos já são constituídos geralmente meios de troca corrente. Em outras palavras, eles funcionam como comódites pelas quais todos buscam trocar seus bens de mercado, não, em regra, para o consumo, mas inteiramente por causa da sua vendabildiade especial, na intenção de trocá-los posteriormente por outros bens diretamente lucrativos para ele. Nenhum acidente, nem a consequência da compulsão estatal, nem a convenção voluntária dos comerciantes efetuaram isso. Foi apenas a apreensão de seus próprios interesses individuais que o fizeram acontecer, que as nações mais economicamente avançadas aceitassem os metais preciosos como dinheiro, assim que um suprimento suficiente deles tivesse sido coletado e introduzido no comércio. O avanço de materiais que formam o dinheiro de menos para o mais custosos depende de causas análogas.

Este desenvolvimento foi substancialmente ajudado pela proporção de troca entre os metais preciosos e outras comódites submetidas a flutuações menores, mais ou menos, do que as existentes entre a maioria dos outros bens, — uma estabilidade que se deve às circunstâncias peculiares que atendem à produção, ao consumo e ao intercâmbio dos metais preciosos, e está, portanto, conectado com os chamados motivos intrínsecos determinando seus valores cambiais. Constitui ainda outra razão pela qual cada homem, em primeira instância (isto é, até investir em bens que lhe são diretamente úteis), deve armazenar seu estoque de cambio disponível em metais preciosos, ou convertê-lo no último. Além disso, a homogeneidade dos metais preciosos e a consequente facilidade com a qual eles podem servir como res fungibiles nas relações de obrigação, levaram a formas de contrato pelo qual o tráfego foi tornado mais fácil; Isso também promoveu materialmente a vendabilidade dos metais preciosos e, assim, a sua adoção como dinheiro. Finalmente, os metais preciosos, em consequência da peculiaridade de suas cores, seu badalar e, em parte também, o seu peso, são com alguma prática fácil de reconhecer, e através da tomada de um selo durável podem ser facilmente controlados quanto à qualidade e peso; Isso também contribuiu materialmente para aumentar suas vendabilidades e encaminhar a adoção e difusão deles como dinheiro.

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