N. do E.: o artigo a seguir é um trecho de uma apresentação verbal da Prager University. Daí seu tom mais coloquial.
Quando você ouve a expressão “livre iniciativa”, qual a primeira ideia que vem à sua mente?
Para quase toda a população, na melhor das hipóteses, livre iniciativa remete a “ganhar dinheiro”.
Mas há outro aspecto da livre iniciativa que é bem mais importante do que apenas “ganhar dinheiro”: a livre iniciativa é importante não apenas por causa de sua excepcional e imbatível capacidade de gerar prosperidade e benefícios materiais, mas também por causa de seus inigualáveis benefícios morais.
Isso pode parecer contra-intuitivo, principalmente se você passou muito tempo da sua vida ouvindo lições de professores universitários, os quais, ao longo das últimas décadas, pontificavam com segurança e desenvoltura que a livre iniciativa não passava de um esquema para saciar desejos cúpidos, egoístas e gananciosos.
Entretanto, com a queda do Muro de Berlim e o colapso da URSS e das economias comunistas, até mesmo a esquerda, relutantemente, passou a reconhecer a utilidade da livre iniciativa. Mas apenas como um mal necessário.
“É óbvio”, diz a esquerda, “que a livre iniciativa nos traz benefícios materiais. Mas o custo simplesmente não compensa. As pessoas se tornam materialistas demais. As empresas se tornam poderosas demais. Os lucros corrompem as pessoas. E surgem muitas desigualdades materiais”.
Seria essa uma avaliação justa? Não, claro que não é. E eis o motivo
O imperativo moral
A livre iniciativa não é apenas materialmente gratificante; ela também é um imperativo moral.
E um dos principais motivos de ele ser um imperativo moral é que somente a livre iniciativa nos capacita para sermos genuinamente felizes.
Por quê?
Porque é a livre iniciativa o que nos permite alcançar o nosso sucesso de maneira ética e moral, fazendo por merecê-lo.
O que tudo isso significa? Ao termos sonhos e ao trabalharmos duro para concretizá-los, a satisfação e a felicidade ao sermos bem-sucedidos é única. O sucesso conquistado de maneira ética e moral, por meio do esforço próprio e da criação de valor para nossos consumidores, produz a inigualável satisfação e a felicidade da conquista: tivemos sonhos, trabalhamos duro para realizá-los e fomos bem-sucedido nesse processo.
Esse sentimento só é possível de ser obtido em um sistema cujas recompensas são baseadas no mérito próprio e no valor criado para seus consumidores, e não em conexões com poderosos e em agrados a políticos.
Pense nas coisas da sua vida que o deixam feliz. Provavelmente você pensará na sua família, nos seus relacionamentos pessoais, nos seus amigos e, talvez, no seu emprego. Em outras palavras, você irá pensar em todas as coisas que representam virtudes pessoais, conquistas e trabalho.
Sim, é claro que todos nós queremos coisas boas e legais. Queremos um carro bom, uma moradia boa, roupas bonitas, aparelhos eletroeletrônicos legais, viagens para exterior etc. Mas se tais coisas forem simplesmente dadas para nós sem contrapartida, se nós não fizermos por merecê-las, se nós não nos esforçarmos para obtê-las e partirmos do princípio de que temos o direito a recebê-las sem esforço, então elas não nos farão realmente felizes.
Ganhar na loteria
Você provavelmente já pensou no que faria caso ganhasse na loteria, correto? Todos nós já tivemos essa fantasia. Talvez você tenha pensado em comprar uma mansão, um carro esportivo, reformar todo o guarda-roupa e fazer aquela longa viagem ao redor do mundo. É bem provável que fosse possível fazer tudo isso.
Mas a realidade é que, segundo estudos de pesquisadores da Universidade de Michigan, você está mais propenso a ser menos feliz após ter ganhado na loteria do que antes de ter comprado o cartão e feito a aposta. Você obviamente ficará muito feliz ao ganhar o prêmio; porém, com o tempo, suas frustrações aumentam.
Segundo esses estudos, pessoas que ganham na loteria normalmente saem comprando variadas coisas de que não precisam, arrumam “amigos” interesseiros e, em alguns casos, até mesmo se tornam alcoólatras.
Por que isso ocorre? Por aquele mesmo motivo que seus pais provavelmente sempre lhe ensinaram: o dinheiro não pode comprar a felicidade.
E, ainda assim, as pessoas da esquerda nos dizem que, se ao menos o governo decretasse que todas as pessoas tivessem a mesma renda, toda a sociedade seria muito mais feliz. Isso simplesmente não é verdade.
O que traz a felicidade
A felicidade não é algo que pode ser concedido por terceiros. A felicidade é algo que conquistamos; a felicidade é algo que alcançamos por meio de ações próprias.
Apenas veja os empreendedores, principalmente os pequenos. As pessoas que são donas do próprio negócio se consideram muito mais felizes do que aquelas que estão em qualquer outra posição no mercado de trabalho. (Veja mais aqui).
Por quê? Qual é o segredo delas?
Elas não estão trabalhando menos. Ao contrário, pequenos empreendedores trabalham muito mais horas do que os assalariados. Elas também não estão ganhando rios de dinheiro. Empreendedores, na média, ganham muito menos do que funcionários públicos do alto escalão.
O segredo é que seu empreendimento as permite alcançar seu próprio sucesso, como sempre sonharam. É esse sucesso alcançado pelo esforço próprio, e não concedido pela caridade de terceiros, o que torna essas pessoas mais felizes. E isso realmente só é possível por meio da livre iniciativa.
O governo nos dar benesses que não merecemos e as quais não nos esforçamos para conseguir não é uma medida que pode nos fazer felizes. É realmente simples assim.
Não é à toa que os Pais Fundadores do EUA foram cuidadosos ao escrever, na Declaração de Independência, que as pessoas tinham “o direito à vida, à liberdade e a procurar a felicidade”. Essa foi a grande constatação: procurar a felicidade. Eles não disseram que as pessoas tinham o direito de ser felizes. Eles deixaram claro que as pessoas apenas têm o direito de perseguir a própria felicidade.
E é isso o que a livre iniciativa faz. E é por isso que ela é crucial. Somente a livre iniciativa nos permite decidir o que nos fará felizes, somente ela nos permite ir em busca dos nossos sonhos, e somente ela nos permite concretizá-los de maneira ética e moral.
A busca da felicidade só pode ocorrer se tivermos a oportunidade de alcançar e fazer por merecer nosso sucesso. A felicidade não está no materialismo ou na redistribuição de renda feita pelo governo. A felicidade está na maneira como definimos nossas vidas e nossos objetivos; acima de tudo, a felicidade está na concretização dos nossos sonhos por meio do esforço próprio.
Essa é o potencial moral da livre iniciativa.