Quem teve a oportunidade de assistir aos telejornais, deparou-se provavelmente com as recentes declarações do diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Stauss-Kahn, que tem afirmado a sua preocupação com o risco de haver “bolhas de superaquecimento da economia” dos emergentes, devido ao fato de os investidores levarem mais capitais a esses países.
Notem os leitores como se processa a linguagem dos burocratas de carreira. O que significa um “superaquecimento” da economia? Objetivamente, nada, e por esta mesma razão é que é tomada como um profundo raciocínio por parte da imprensa e da comunidade em geral. É o princípio do rei nu…
Em uma sociedade onde vige um mercado livre, oferta e demanda são os dois lados de uma moeda só. A produção de serviços se dá à medida do atendimento à demanda, e esta, por sua vez, é possibilitada pela progressiva criação de riqueza – ou em outros termos – pela produção de bens e serviços cada vez maior, por mais eficiente e especializada.
Preocupações de burocratas internacionais – mormente o chefe de uma instituição criada por Lord Keynes — somente se justificam em face das intervenções precedentes que o próprio estado protagonizou, seja facilitando o crédito para além do que o mercado permitiria, seja em face das incompetentes áreas que, postas a cargo do estado, nunca acompanham a iniciativa privada: energia elétrica, estradas e ferrovias, portos e aeroportos, comunicações, água e esgoto, e similares.
Qual, pois, o conforto que nos traz o ministro Guido Mantega? Afirma que o superaquecimento está “sob controle”, mesmo porque os incentivos oferecidos por conta da crise desencadeada pela bolha imobiliária dos EUA estão sendo retirados. Quem pode entender o que se passa, terá ouvido: “Fiquem despreocupados: até hoje a nossa política energética não disse a que veio; nossas estradas continuarão tão esburacadas quanto sempre foram, e mesmo que os caminhões abarrotados não quebrem as molas no meio do caminho, seguraremos o superaquecimento da economia nas filas dos nossos ineficientes portos públicos. Ahh, e mais – aquela facilitadazinha na vida que havíamos dado, podem esquecer!”. Com isto, convocam-nos a comemorar o arrefecimento dos negócios e o empobrecimento relativo da população…