Um dos pontos muito, muito altos da história da comunidade gay, do ponto de vista libertário, foi sua luta contra a polícia em Nova York, em 1969. Foram os motins de Stonewall, e os homossexuais e os seus apoiadores estavam totalmente corretos.
Até então, a polícia invadia bares, pubs, saunas etc., frequentados por homossexuais. Faziam isso impunemente, com pouca oposição de homens gays ou de qualquer outra pessoa. Mas, nessa ocasião, eles foram recebidos com forte resistência e a relação entre esses dois grupos de jovens nunca mais foi a mesma. (Sim, além das preferências sexuais, não havia tanta diferença entre os dois; ambos os grupos eram formados por homens jovens, por exemplo).
Por que a polícia continuamente invadia estabelecimentos que tinham uma clientela formada esse grupo de pessoas? Isso porque era ilegal que adultos do mesmo sexo tivessem relações sexuais entre si. Esses locais eram usados por membros dessa comunidade para se encontrarem para, entre outros fins, terem tais relações ilegais. Isso soa terrivelmente ultrapassado para os ouvidos modernos, mas em alguns países muçulmanos e africanos esse comportamento ainda é ilegal e, muitas vezes, severamente punido.
A perspectiva libertária é clara como cristal nesta questão. Nenhum comportamento adulto consensual deve ser proibido por lei. Os gays em Stonewall estavam inteiramente dentro de seus direitos, e a polícia, apesar da lei em contrário, estava totalmente errada. (Os julgamentos de Nuremberg estabeleceram a justificação da lei ex post facto; só porque uma lei estava nos códigos de direito não a torna necessariamente justificada.)
Poder-se-ia pensar, então, que os homossexuais, pelo menos uma grande porcentagem deles, seriam libertários. Eles eram em 1969, ou pelo menos agiam de maneira compatível com essa filosofia. Infelizmente, se outrora isso ocorreu, está longe de ser verdade hoje em dia.
De defender seus direitos de se associar livremente uns aos outros para fins mutuamente acordados, eles se moveram na era moderna para violar os direitos de outras pessoas.
Por exemplo, muitos gays agora insistem que outros têm a obrigação legal de não apenas se abster de violar seus direitos, impedindo suas associações, mas de cooperar ativamente com eles na promoção de seus estilos de vida. Assim, eles agora estão dispostos a coagir padeiros, floristas e fotógrafos a cooperar com eles na promoção de seus casamentos uns com os outros. Os gays entraram com ações judiciais nos tribunais cujo objetivo era forçar os outros (principalmente cristãos devotos) a violar seus próprios princípios.
Esses gays estão agindo de maneira compatível com o libertarianismo ao fazer isso? Claro que não. Na verdade, eles estão pedindo ao governo que use a violência do tipo anteriormente empregada contra eles em Stonewall, e por muitas décadas antes disso, contra suas vítimas atuais. Naquela época eles estavam certos ao oporem-se ao tratamento que lhes foi dispensado, mas agora estão errados ao instigar violações de direitos semelhantes contra aqueles que agora se recusam a cooperar com eles. Os homossexuais têm todo o direito de se envolver em seu comportamento adulto consensual, mas nenhum direito de obrigar os outros, que se opõem a essas práticas suas, a cooperar com eles. A livre associação é uma via de mão dupla. Sim, os gays devem ser autorizados a desfrutar dos benefícios da livre associação, mas devem ser impedidos de negar esses mesmos direitos a esses cristãos.
Os homossexuais estão agindo com sabedoria ao se envolver em tal comportamento antilibertário? É difícil achar que sim. Eles são menos de 10% da população total. Aqueles que se opõem amargamente ao seu comportamento ainda têm números significativos.
Uma coisa é uma maioria poderosa atacar e violar os direitos de uma pequena minoria fraca. Muitas vezes, eles podem se safar, infelizmente. Outra coisa é um pequeno grupo, desprezado por muitos, enfiar o dedo nos olhos de pessoas que superam em muito sua quantidade. Estariam os gays levando muito à sério o filme O Rato que Ruge? Este é um filme onde o grande Peter Sellers interpretou praticamente todos os papéis. No filme, um pequeno país fictício (pense em Mônaco ou Liechtenstein) derrotou o poderoso exército dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial.
Esse tipo de coisa pode, sim, ocorrer na realidade. Davi, afinal, às vezes derrota Golias. Mas, a longo prazo, essa é a exceção que comprova a regra. Os gays, se levassem em consideração seus próprios interesses de longo prazo, ou mesmo a justiça da questão, cessariam imediatamente e desistiriam de fazer com que o governo violasse os direitos de pessoas muito mais numerosas do que eles. Um grande número de pessoas despreza o comportamento gay, e esse bullying contínuo contra elas provavelmente não induzirá nenhuma mudança positiva em suas avaliações.
Essas vítimas da atual comunidade gay também são humanas. Elas vão se ressentir desses maus-tratos. Os atos homossexuais desse tipo atual são muito propensos a se voltarem contra os próprios homossexuais. Seria bom que eles se limitassem ao seu comportamento libertário anterior, heroico, de 1969.
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