A visão que os progressistas têm do governo é facilmente entendida e faz todo o sentido quando você finalmente entende como eles pensam, quais são os equívocos de suas ideias e quais são as pressuposições implícitas que elas têm a respeito da origem da renda.
A visão dos progressistas ajuda a explicar as políticas que eles apóiam, tais como a redistribuição de renda, e a linguagem que eles utilizam, como suas inflamadas exortações para que os ricos “deem algo de volta” para a sociedade.
Em termos gerais, os progressistas entendem a economia de uma das duas maneiras a seguir:
1) Eles supõem que a verdadeira fonte de renda das pessoas é uma gigantesca pilha de dinheiro que, em teoria, deveria ser distribuída igualmente entre todas as pessoas da sociedade. O motivo de algumas pessoas terem mais dinheiro que outras é simplesmente porque elas chegaram a essa pilha primeiro e gananciosamente pegaram uma fatia injustamente grande para elas. Sendo esse o caso, a justiça requer que os ricos deem algo de volta; e se eles não fizerem isso voluntariamente, o governo deve confiscar seus ganhos ilicitamente adquiridos e restituí-los aos seus donos de direito.
2) A outra visão progressista, concorrente a essa, pressupõe que toda a renda é distribuída, como em uma política de distribuição de renda. É como se houvesse um distribuidor de dinheiro. O motivo de algumas pessoas terem mais dinheiro do que outras é porque o distribuidor de dinheiro é racista, machista, conservador ou um representante dos “grandes interesses do capital”. Nesse caso, a única coisa certa a ser feita com aqueles para quem o distribuidor de dinheiro injustamente deu muito dinheiro é obrigá-los a devolver a fatia ilícita de seus ganhos. Se eles se recusarem a fazer isso voluntariamente, então é função do governo desencadear a fúria da Receita Federal sobre estes insensíveis, confiscando seus ganhos ilícitos para restituí-los aos seus donos de direito. Em suma, deve haver uma redistribuição do dinheiro na sociedade — ou aquilo popularmente conhecido como ‘redistribuição de renda’.
Já os sensatos e racionais reconhecem que, em uma sociedade livre, a renda não é nem confiscada nem redistribuída; em sua grande maioria, ela é obtida por meio do trabalho. A renda é ganha quando um indivíduo satisfaz seus semelhantes. Quanto maior a capacidade e aptidão de satisfazer seus semelhantes, maior a fatia de riqueza que este indivíduo pode adquirir deles. Essa fatia de riqueza é representada pela quantidade de dinheiro que ele recebe de seus semelhantes.
Digamos que eu me ofereça para lavar o seu carro. Por ter feito isso de maneira competente, você me paga $20. Ato contínuo, eu vou a uma mercearia e peço “Dê-me 1kg de carne e seis latas de cerveja que meus semelhantes produziram”. Com efeito, o vendedor vai me perguntar, “Williams, você está pedindo aos seus semelhantes para que eles lhe sirvam. Você por acaso os serviu também?” E eu respondo, “Sim.” E o vendedor emendará “Então prove!”
Nesse momento vou mostrar os $20 que obtive por ter servido meu semelhante. Podemos pensar nesses $20 como “certificados de performance”. Eles representam a prova de que eu prestei serviços ao meu semelhante. O raciocínio em absolutamente nada mudaria caso eu fosse, por exemplo, um ortopedista com uma enorme clientela, ganhando $500.000 por ano por ter prestado serviços aos meus semelhantes. Ademais, tendo eu já lavado o carro do meu semelhante ou já curado sua fíbula fraturada, o que mais eu devo a ele ou a qualquer outra pessoa? Qual a justificativa de eu ser obrigado a distribuir meus ganhos para terceiros? Agora, se alguém quiser ser caridoso, isso é outro assunto, totalmente distinto.
Compare a moralidade de ter de servir o seu semelhante para poder ganhar uma fatia daquilo que ele produz com a (i)moralidade de receber dinheiro redistribuído pelo governo (seja via assistencialismo, funcionalismo público, ou grandes empresários que trabalham que recebem subsídios do governo). O que ocorre é que o governo simplesmente diz a esse povo: “Você não precisa servir o seu semelhante para adquirir uma fatia de tudo o que ele produz. Nós vamos confiscar parte do que ele produz e dar tudo para você. Apenas vote em mim”.
Afinal, quem deveria devolver parte do que ganhou? Pense em Bill Gates, que fundou a Microsoft, ou em Steve Jobs, que fundou a Apple Computer, ou em Sam Walton, que fundou a Wal-Mart. Qual desses bilionários adquiriu sua riqueza nos obrigando a comprar seus produtos? Qual deles confiscou a propriedade de terceiros?
Cada um desses três — e milhares de outros — é um indivíduo que enriqueceu prestando serviços aos seus semelhantes, criando produtos que tornaram a vida melhor e mais fácil. O que mais eles devem? Para quem eles devem? Eles já deram e “redistribuíram” a sua fatia.
Compare-os agora aos homens do governo. Compare os bens e serviços que cada um produziu e compare a maneira como eles enriqueceram. É justo?
Logo, se há alguém que realmente tem a obrigação de devolver algo para a sociedade, estes são os ladrões e receptadores do roubo legalizado — a saber, as pessoas que utilizam o governo, inclusive vários magnatas que recebem subsídios corporativos, para viver à custa de seus semelhantes.
Quando um país vilipendia os produtivos e transforma em mascotes os improdutivos, seu futuro está condenado.
É isso que acontece com um país como o Brasil, onde uma casta de burocratas privilegiados obtém suas benesses a custas de toda a sociedade produtiva.