Prefácio
Pode parecer pouco razoável ou mesmo uma loucura criticar a democracia tão fortemente como fazemos neste livro. Após a queda do comunismo, a democracia foi considerada a alternativa certa. Os oprimidos deste mundo estão ansiosos por mais liberdade e democracia, logo, como alguém pode ter a ousadia de falar mal dela? Apesar de criticarmos firmemente a democracia, há poucas razões para você se sentir ofendido ou alarmado. Não é nossa intenção privar as pessoas da democracia, as pessoas devem ser livres para viver sob o sistema político que quiserem. Também não afirmamos que a democracia é melhor ou pior do que a ditadura ou que os problemas que descrevemos no livro são consequências exclusivas do sistema democrático. No entanto, nós descrevemos os problemas inerentes à democracia parlamentar e explicamos porque é que os princípios e as dinâmicas deste sistema político, altamente elogiado, não levam aos resultados desejados. Hoje em dia podemos olhar para as crises que surgiram em muitos países democráticos, nomeadamente nos Estados Unidos, na Grécia e na Espanha. Estes problemas não são atribuídos ao próprio sistema democrático, mas sim ao mercado livre, à ausência de democracia, aos banqueiros gananciosos ou aos políticos traiçoeiros. Tal como a maioria das pessoas, eu também tinha fé na democracia parlamentar. Isso foi há quinze anos. Na verdade, eu sabia muito pouco sobre a democracia, mas, mesmo assim, tinha fortes crenças nela. Como a maioria de nós, foi-me dito – por intermédio do sistema de ensino, dos meios de comunicação e dos nossos políticos — que a democracia era algo que deve ser valorizado e cultivado e que não havia alternativa razoável. No entanto, depois de estudá-la e contemplá-la, eu cheguei a uma conclusão muito diferente. Muitas pessoas ainda acreditam que democracia é o mesmo que liberdade. E muitos indivíduos amantes da liberdade ainda acreditam que o caminho adequado para mais liberdade é através do processo democrático. Muitos críticos da democracia estão convencidos de que ela precisa de conserto, mas não encontram nenhum problema nos seus próprios princípios fundamentais. O nosso livro refuta essas noções. A democracia é o oposto da liberdade — quase inerente ao processo democrático é que ele tende para menos liberdade, em vez de para mais — e a democracia não tem conserto. A democracia é um sistema coletivista que está intrinsecamente quebrado, tal como o socialismo. Estas ideias contraditórias são bastante originais, mesmo na escala mundial. Hans-Hermann Hoppe escreveu um livro acadêmico, o qual intitulou deDemocracia: O Deus Que Falhou e alguns artigos sobre o assunto mas, tanto quanto sabemos, não existia um livro que fosse conciso, estruturado e fácil de ler, que mostrasse as fraquezas inerentes e a dinâmica da democracia, a partir de uma perspectiva libertária e de paixão pela liberdade. O nosso livro é para o indivíduo mediano. Ele não poderia ter vindo em melhor hora, já que muitas democracias debatem-se com problemas sociais e econômicos e as pessoas estão procurando explicações e soluções. Possivelmente, você está decepcionado com os seus políticos e tem esperança que outros melhores virão. Este livro explica porque é que você não deve culpá-los, mas sim o próprio sistema democrático. Em vez de levar os seus políticos a sério, é melhor zombar deles. Isso prejudicará a sua legitimidade e o seu poder. Veja você, o sistema democrático gera, automaticamente, políticos que prometem mais do que podem cumprir porque os políticos que prometem mais são os que serão eleitos. Então, porquê culpá-los? E, já que os políticos democráticos sabem que só vão estar no poder apenas temporariamente, eles vão gastar demais, cobrar impostos demais e endividar demais, sabendo que serão os seus sucessores (ou melhor, as gerações futuras) que terão que pagar a conta. E, além disso, eles gastam dinheiro que não lhes pertence. Então, porquê esperar o contrário? Você se comportaria melhor se fosse membro do Congresso? Eu duvido. Há dez anos, eu estava decepcionado com a política e me sentia frustrado com isso. Eu pensei que seria preciso me tornar politicamente ativo para mudar as coisas para melhor. Agora percebo que o melhor que posso fazer é expor as falhas do sistema democrático, tirar sarro dos políticos e não esperar nada de bom deles. O famoso escritor George Orwell disse uma vez, “Toda piada é uma pequena revolução”. O humor é considerado, em parte, responsável pela queda do comunismo soviético. Ele expõe os absurdos políticos e rebaixa o status dos políticos. Então, dê umas boas risadas dos políticos; isto é muito melhor para a sua saúde do que ficar frustrado. Eles são os reis que estão nus: as suas promessas são falsas e suas soluções não funcionam. As soluções que os seus políticos democráticos constantemente sugerem consistem em dar-lhes mais dinheiro e poder, não importa quantas vezes eles já falharam no passado. As percepções que eu ganhei por escrever sobre a democracia, têm me dado mais paz de espírito. A política e os políticos não me frustram mais. Eu partilho essas ideias, neste livro, na esperança de que elas possam ter o mesmo efeito em você.
Frank Karsten
Frank Karsten