Poderíamos afirmar que Bernanke contra Trichet seria uma reedição de Keynes vs Hayek?
Ok, não é para tanto, Trichet ainda está longe de ser considerado um seguidor de Hayek. Entretanto, é louvável o artigo do presidente do Banco Central Europeu, publicado no Financial Times de 22 de julho de 2010, no qual ele não só questiona, como também receita medidas totalmente opostas ao seu colega do FED, Ben Maynard Bernanke. Soma-se a isto o fato de o artigo ter sido publicado horas após o Chairman do FED ter sugerido a necessidade de novos estímulos fiscais no curto prazo.
Em seu artigo, entitulado “Stimulate no more – it is now time for all to tighten” (Estímulos não mais – é hora de todos apertarem os cintos), Trichet reconhece a inutilidade e o potencial catástrofico de mais estímulos fiscais.
Economistas austríacos foram claros e enfáticos: jamais devemos aumentar gastos governamentais financiados por dívida em uma recessão. O que, felizmente, Trichet reconhece, ainda que de maneira tardia. Em suas palavras: “hoje vemos o quão infeliz, foi a mensagem simplista de estímulo fiscal dada aos países industrializados sob o lema de ‘estimular’, ‘ativar’ e ‘gastar’!”
Devo admitir que, após ler seu artigo, senti uma sensação de leveza e contentamento, pois inclusive é sabido que Trichet leu por completo a obra de Jesús Huerta de Soto (Dinheiro, crédito bancário e ciclos econômicos).
Apesar das belas palavras, Jean-Claude Trichet não pode ser considerado um austríaco. Mas atrevo-me a afirmar que no debate Keynes vs Hayek, ele está deixando o lado negro da força.