O atual estado da economia americana é um ótimo exemplo da teoria do intervencionismo desenvolvida por Mises: intervenções inicialmente pontuais vão exigindo intervenções cada vez maiores até o ponto em que inevitavelmente tudo estará regulado – e tudo estará pior do que estaria caso nenhuma intervenção tivesse ocorrido.
Desde que os pacotes de resgate começaram, ainda no segundo semestre de 2008, os legisladores vêm se comportando como se fossem praticamente os donos dos bancos e das empresas que receberam os socorros, o que levou a apelos por maiores regulações sobre as remunerações dos executivos, bem como sobre outros gastos corporativos. Muito tem-se ouvido sobre bônus e pacotes de pagamento a executivos que mais parecem prêmios de loteria do que salários honestos.
Muitos legisladores votaram a favor desses pacotes de socorro, alegando que essas empresas eram grandes demais para quebrar, e que permitir que elas quebrassem iria precipitar um desastre econômico em larga escala. Porém, a onda de indignação popular que seguiu a esses pacotes deixou os legisladores constrangidos, e, uma vez mais, eles se sentiram instados a “fazer alguma coisa” para “consertar a situação”. Não deveria haver uma estrutura regulatória controlando as remunerações dos executivos? Politicamente, parecia algo bem viável. Afinal, as pessoas estavam indignadas com o fato de que o sistema mais uma vez as eviscerou em benefício daqueles poucos que estão no topo, tornando-os fantasticamente ricos. Sob esse cenário, a população certamente apoiaria qualquer medida regulatória. O problema é que ela, a população, está incorretamente demonizando o livre mercado.
O que precisa ficar claro é que havia sim uma estrutura regulatória atuante e que estava tentando pôr um fim nas más administrações, inclusive nos salários astronômicos dos executivos incompetentes. Essa estrutura regulatória se chamava livre mercado. Foi ela quem despiu todas as empresas que tinham uma gestão incompetente. Porém, exatamente quando essas empresas que sofriam de péssima gestão forma levadas ao limiar da falência, o Congresso americano resolveu contornar a sabedoria do livre mercado e fazer seu próprio julgamento – tudo à custa do contribuinte. E agora, por causa dessa intervenção, os EUA serão sobrecarregados com outras novas e maciças regulamentações. Estejam certos de que esse esforço será um fracasso.
O livre mercado é um fenômeno totalmente natural que não pode ser eliminado pelos governos, nem mesmo por governos totalitários como o da antiga União Soviética. Ele pode ser regulado, sobretaxado e manipulado até certo ponto – depois desse limite, ele é levado para a informalidade. Ultimamente, o livre mercado tem sido erroneamente acusado de fazer justamente as coisas que ele não faz; coisas essas que são resultado do corporativismo, do compadrio entre estado e empresas, e de políticas governamentais convolutas e – todas essas as reais causas da atual crise.
Muitas pessoas creem que livre mercado significa grandes corporações fazendo absolutamente aquilo que querem, sem qualquer consideração com o consumidor – mas isso é exatamente o oposto de um livre mercado. São os pacotes de socorro financiados pelo contribuinte que permitem às grandes corporações solapar tiranicamente a economia; já o livre mercado é o mecanismo que as coloca de joelhos quando se comportam mal.
O livre mercado é você e seus vizinhos trabalhando duro para produzir bens e serviços e, em seguida, trocá-los de maneira voluntária, seguindo arranjos mutuamente acordados. O livre mercado é sobre respeitar contratos e direitos de propriedade. O livre mercado não gera oligarquias e monopólios, e tampouco é o responsável pela espoliação do indivíduo – modalidade de assalto também conhecida como pagamento de tributos. Tudo isso é criatura do governo.
Fique alerta sempre que um governo vier com soluções intervencionistas para problemas intervencionistas. A raiz de todos os problemas econômicos está no intervencionismo. Confiar no livre mercado é a solução.