Estratégia: deter a doença estatal
Como o estado e a doença estatista podem ser detidos? Darei início agora às minhas considerações estratégicas. Em primeiro lugar, três princípios norteadores ou insights fundamentais devem ser identificados. Primeiro: que a proteção da propriedade privada e a lei, justiça e a imposição da lei, são essenciais para qualquer sociedade humana. Mas não existe absolutamente nenhuma razão para que esta tarefa deva ser assumida por uma única agência, por um monopolista. Na verdade, o que ocorre é precisamente que tão logo se tenha um monopolista se encarregando desta tarefa, ele irá necessariamente destruir a justiça e nos deixar indefesos contra invasores e agressores estrangeiros e domésticos.
Então o objetivo supremo que devemos ter sempre em mente é o da desmonopolização da proteção e da justiça. Proteção, segurança, defesa, lei, ordem e arbitragem de conflitos podem e devem ser fornecidos competitivamente — isto é, a entrada na área de julgamentos deve ser livre.
Segundo, sendo um monopólio de proteção a raiz de todos os males, qualquer expansão territorial de um monopólio como este é per se um mal também. Toda centralização política deve ser rejeitada por uma questão de princípios. Por sua vez, toda tentativa de descentralização política — separação, secessão etc. — deve ser apoiada.
O terceiro insight básico é que um monopólio de proteção democrático, especialmente, deve ser rejeitado como uma perversidade moral e econômica. O poder da maioria e a proteção da propriedade privada são incompatíveis. A ideia da democracia deve ser ridicularizada: ela não é nada além da dominação de uma turba posando como justiça. Ser chamado de democrata deve ser considerado a pior de todas as ofensas! Isto não significa que não se pode tomar parte em políticas democráticas; mas abordarei este ponto depois.
No entanto, deve-se usar os meios democráticos apenas com propósitos defensivos; ou seja, deve-se fazer uso de uma plataforma antidemocrática para ser eleito por um eleitorado antidemocrático para implementar políticas antidemocráticas — isto é, anti-igualitárias e pró-propriedade privada. Ou, colocando de outra forma, uma pessoa não é decente por ter sido eleita democraticamente. Isto faz dela no máximo um suspeito. Apesar de uma pessoa ter sido eleita democraticamente, ela ainda pode ser uma pessoa decente e honrável; já ouvimos falar de uma que tenha sido.
Partindo destes princípios chegamos agora ao problema da aplicação. Apesar dos insights básicos — ou seja: proteção monopolizada, um estado, irá inevitavelmente se tornar um agressor e acarretará em vulnerabilidade; e centralização política e democracia são meios de extensificar e intensificar a exploração e a agressão — nos darem uma noção da direção que devemos seguir para atingir nosso objetivo, eles obviamente ainda não são suficientes para definir nossas ações e nos dizer como chegar lá.
Como é possível que o objetivo de desmonopolizar a proteção e a justiça seja implementado, dada a presente circunstância de uma democracia centralizada — e praticamente mundial — como sendo, pelo menos temporariamente, nosso ponto de partida. Vou tentar desenvolver uma resposta a esta questão primeiro elaborando sobre como e o quanto o problema, e também sua solução, mudaram no decorrer dos últimos 150 anos — ou seja, desde aproximadamente a metade do século XIX.