O yuppie, o punk e o nerd – três homens em acordo

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5anosCalma, cowboys!  Armas nos coldres, por favor. Esse artigo não trata de filmes de Western, apesar do titulo parodiar o clássico de Sergio Leone.

O Instituto Mises cresceu e cresceu muito mais do que poderíamos imaginar. Se, no começo, éramos alguns poucos esforçados que não sabíamos o que esperar quando o Instituto deu o seu pontapé inicial, não tardou muito para sermos atingidos por uma avalanche de leitores, um público ávido que consome com voracidade todo o conteúdo do site. Mas a avidez não é a única nem a principal característica dos leitores do site; não tenho dúvidas de que aquilo que distingue o nosso público é a qualidade.  Nosso maior ativo é termos um leitor extremamente qualificado, estudioso e interessado.

E essa característica, além de ser extremamente benéfica à imagem do Instituto, também exige sempre novos e maiores patamares de qualidade, obrigando-nos a estar sempre à altura deste público qualificado.

Como acompanho o movimento austro-libertário desde o seu princípio, pude, em minhas observações, mais ou menos mapear de onde vêm nossos leitores.  Quem são essas pessoas que estavam escondidas ou fragmentadas, e que vieram a formar um grupo coeso e crescente de leitores fiéis, os quais, posso assegurar, já nos superaram em qualidade e conhecimento muitas vezes?  Hoje me percebo como um aprendiz frente aos leitores do Instituto.

Nesse mapeamento, destaquei basicamente essas três figuras que destaquei no título do artigo: o yuppie, o punk e o nerd.  E não é necessário tomar essas definições como literais.  Estes três tipos possuem variações que tentarei abordar a seguir.  Também faço um mea culpa por esse artigo estar atrasado — com certeza, o crescimento da audiência já abarca tipos diferentes que não cabem nas definições que selecionei.

O yuppie

A porta de entrada de muitos que chegam ao IMB é o mercado financeiro.  Gente que ou tomou grande prejuízo na bolsa ou obteve grandes lucros.  Esses extremos se encontram quando querem compreender melhor o que se passou, quando estão munidos daquela curiosidade de investigar os fundamentos daquilo que muitas vezes enxergam (ou deixam de enxergar), mas que não compreendem.  A dinâmica do mercado de ações ou derivativos já ensina muito sobre os fundamentos da liberdade de troca, dos riscos, das decisões pessoais, do preço na margem, dos lucros e prejuízos, das informações contidas nos preços, dos ciclos etc.  Ao perceber que tudo isso é uma ciência, o leitor encontra, condensado no site, todo o fundamento teórico que ele tem vivenciado na prática.

Mesmo aquele que, por várias vezes, já percebeu que as ofertas públicas são um jogo de cartas marcadas entre os tubarões irá encontrar aqui no site os motivos por que isso acontece.  Irá também entender como se dá a formação de uma elite que oligopoliza setores, e como a liquidez mundial viabiliza investimentos errôneos e insustentáveis, que depois se provam verdadeiros fiascos.

Não é de se admirar que esse tipo de leitor tenha preferência por artigos que falem de crises bancárias, padrão-ouro e teoria dos ciclos. Não quero aqui restringir os yuppies à origem do termo: muitos deles são empresários e empreendedores que nunca nem passaram perto de ações e títulos.

O punk

Muitos poderiam se perguntar o que punks têm em comum com alguém circunspecto como Mises.  Por que eles se identificariam com nossas ideias?  O fato é que, quando usei a figura do punk, quis abarcar aqui todo o tipo de contracultura (a genuína, e não aquela que se finge de contracultura).  Muitos, na juventude, perceberam que há algo de errado; sabem que, de alguma forma dispersa, há algo de errado com o Lineu (aquele personagem da Grande Família que é um “simpático” vigilante sanitário).

Esse tipo de leitor sempre buscou algo alternativo ao mainstream, desde a forma de se vestir até os movimentos culturais de que participa, passando pela música que escuta.  Quando essa tribo descobre o radicalismo das ideias de Mises, Rothbard, Hoppe etc., é quase como um encontro cósmico.

Ao ver a coragem manifestada por aqueles velhinhos de terno ou gravata borboleta, de fala serena, escrita elegante e sem tatuagem, os punks logo veem ali seus semelhantes.  Mais até do que isso: veem ali inspiradores que nunca conheceram.  Encontram fundamento teórico para ideias que sempre ventilaram por suas mentes, mas que nunca souberam como organizá-las. Assim como eles, os austríacos sempre estiveram à margem domainstream e nunca sofreram afetações por isso.  Essa postura de defesa de princípios, de paixão pela liberdade, é o que tem canalizado os leitores para o site.

O nerd

Se, por um lado, o yuppie veio do mercado financeiro e o punk da contracultura, do outro, podemos notar um paradoxo no nerd.  Ou ele se identifica com economia e contracultura, ou com nenhum dos dois.

Sim, isso é possível e até comum.  Muitos dos nossos leitores são daqueles que já leram de tudo e estudaram de tudo, e, por conta dessa característica de curiosidade e busca, eles nos encontraram.  Há o religioso que sabe tudo de apologética, o matemático que sabe dos limites da matemática, o físico que entende das limitações da mecânica, o especialista em guerras, aqueles que passaram madrugadas em fóruns de toda sorte de debates pela internet etc. É impossível que, cedo ou tarde, não encontrem o site do IMB.

Rapidamente, eles descobrem um novo mundo de conhecimento, de epistemologia e de teoria. Como é de seu feitio, compram livros e leem quase que compulsivamente todos os artigos do site. Passam noites sem dormir quando veem alguma contradição ainda não resolvida ou se reviram tentando descobrir “quem vai construir as pontes” em um mundo sem estado.

É isso que esses três tipos têm em comum (para parodiar ainda mais o filme de Leone, que seriam três homens em conflito).  Aqui, esses três tipos, ou nossos leitores, têm em comum essa busca desenfreada pelo saber.  Às vezes, a defesa natural dá uma capa de arrogância, mas esta logo cai e a humildade frente ao conhecimento passa a ser a característica comum.  Hoje, graças ao nosso crescimento, já posso dizer, comoMurray Rothbard disse a Lew Rockwel com a chegada de Douglas French ao Mises Institute: “Lew, tenho um aluno muito super interessado na Escola Austríaca.  Ele trabalha no mercado financeiro e joga futebol americano (é centroavante).  Ou seja, é uma pessoa do mundo real!”.

O fundamento que nos move é o mesmo que moveu os decanos da Escola Austríaca e tantos outros: a busca pelo saber e a paixão pela liberdade.

Estamos ansiosos pelos próximos 5 anos.

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