Pimenta chinesa nos olhos americanos em Cuba

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Ponto para os chineses e cubanos por expor a absoluta hipocrisia do estado de segurança nacional dos EUA, seu império de bases militares estrangeiras e sua política externa de intervencionismo.

Na semana passada, o Wall Street Journal informou que a China está pagando bilhões de dólares a Cuba em troca de permitir que a China construa uma grande instalação em Cuba para espionar os Estados Unidos.

China e Cuba negam o acordo, mas o engraçado é a reação dos intervencionistas americanos. Eles estão ficando furiosos com o comportamento supostamente agressivo da China.

O senador da Flórida, Marc Rubio, expressou os sentimentos de todos os intervencionistas dos EUA, exclamando: “A ameaça de #Cuba à América não é apenas real, é muito pior do que isso”. Rubio e o senador norte-americano Mark Warner, da Virgínia, afirmaram em conjunto: “Estamos profundamente perturbados com os relatos de que Havana e Pequim estão trabalhando juntas para atingir os Estados Unidos e nosso povo. Os Estados Unidos devem responder aos ataques contínuos e descarados da China à segurança de nossa nação”.

Os comunas estão chegando! Os comunas estão chegando!

Espere um minuto! E todas aquelas instalações militares, incluindo instalações de espionagem, que o Pentágono e a CIA têm em torno da China e da Rússia? De fato, o que dizer do campo de tortura e prisão imperial do Pentágono e da CIA na Baía de Guantánamo, que é usado para espionar Cuba?

Oh, não há nada de ameaçador nessas instalações, exclamam os intervencionistas americanos. Elas são apenas para “defesa”. Os chineses, russos e cubanos sofrem de extrema paranoia. Os Estados Unidos, dizem os intervencionistas americanos, é realmente apenas uma nação amante da paz. Não importa que grande parte do mundo veja o estado de segurança nacional dos EUA como Martin Luther King – como o “maior fornecedor de violência do mundo”, responsável pelas mortes e ferimentos de milhões de pessoas nos últimos 70 anos.

Referindo-se ao acordo China-Cuba, John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, afirmou que as autoridades dos EUA estão monitorando de perto essas atividades e tomando medidas para combatê-las.

É sério? Agora, por que eles fariam isso? Um grande motivo: eles não gostam que façam isso com eles! Eles não gostam quando algum poder estrangeiro de milhares de quilômetros de distância estabelece uma instalação de espionagem a apenas 150 km de distância da costa americana.

E o que acontece se aquela instalação de espionagem chinesa em Cuba começar a mostrar sinais de mísseis nucleares? Garanto a você que Kirby e todos os outros funcionários do sistema de segurança nacional ficarão loucos e começarão a convocar uma campanha de bombardeio contra Cuba ou uma invasão, assim como os funcionários do Pentágono e da CIA fizeram em 1962. Isso porque eles não vão gostar do fato de que existem mísseis nucleares chineses apontados para os EUA a apenas 150 km de distância.

Mas você pode ver a hipocrisia que o resto do mundo vê? Quando a Rússia e a China se opõem às instalações militares e mísseis nucleares dos EUA e da OTAN nas suas fronteiras ou próxima a elas, as autoridades americanas as condenam por sua “agressividade”.

Além disso, não esqueçamos que sempre que há alguma altercação entre aviões ou navios chineses ou russos e os do Pentágono, as alterações acontecem sempre ali perto da Rússia e da China, não aqui na nossa parte do mundo. Isso porque aviões e navios militares dos EUA estão lá provocando crises e conflitos para justificar a existência contínua do estado de segurança nacional da era da Guerra Fria nos Estados Unidos.

O tempo dirá se a conexão China-Cuba explodirá em outra crise total, uma que será naturalmente usada para justificar a sempre crescente generosidade financiada pelos contribuintes para o establishment de segurança nacional. Se assim for, apenas fornecerá mais confirmação de como o intervencionismo dos EUA no exterior torna os americanos menos seguros em casa.

Mas pode-se entender facilmente por que os chineses, russos e cubanos se comportariam da mesma maneira que o Pentágono e a CIA. Afinal, do ponto de vista deles, pimenta no olho dos outros é refresco.

 

 

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