Toda vez que você ouvir a mídia – que sempre e em todo lugar é pró-estado – louvar o governo da vez pelo crescimento do PIB, tenha em mente apenas uma coisa: o PIB é uma estatística totalmente falsa.
É perfeitamente possível, por exemplo, que o valor do PIB cresça enquanto os lucros das empresas e a renda das pessoas caiam. Como?
O PIB registra a quantidade de bens e serviços – medidos em valores monetários – produzidos pela economia durante um determinado período. Mas ele equipara – isto é, coloca indiscriminadamente na mesma equação – os gastos do governo e os gastos privados. E, pior, ignora completamente a riqueza e todo o crescimento potencial que são destruídos pela tributação.
Assim, imagine uma economia formada por duas pequenas e produtivas cidades. Eis que então o governo decide destruir uma delas – provavelmente aquela que oferecer uma teimosa resistência aos impostos cobrados – através de bombardeios aéreos. Após isso, ele passa a tributar mais ferozmente a outra cidade para poder pagar pelos custos militares, pela limpeza e pela reconstrução da cidade que foi destruída. Após um ano, essa cidade é restaurada. Se calcularmos o efeito líquido desse processo – exatamente da forma como são feitas as estatísticas do governo – veremos que o PIB dessa economia formada pelas duas cidades cresceu 50%.
O PIB registra o dinheiro gasto em bens e serviços, e não a riqueza destruída por bombas, tributações, regulamentações e outras atividades governamentais. Portanto, no caso acima, o resultado do PIB seria como se uma terceira cidade tivesse sido adicionada à economia, quando na verdade uma foi destruída.
Como Murray Rothbard mostrou, subtrair os gastos governamentais das estatísticas do PIB, e depois ajustar para a carga tributária, fornece uma idéia muito melhor sobre o real estado da economia. O resultado obtido ele chamou de “Produto Privado Remanescente (aos Produtores)”, ou PPR.
No final da década de 1980, o professor Robert Batemarco, do Manhattan College, trabalhou em cima dessa tese do professor Rothbard. Ele computou o PPR de 1960 a 1985, e publicou um artigo a respeito na primeira edição do Review of Austrian Economics, do Mises Institute.
A enorme diferença entre o PIB e o PPR comprovou o crescimento horrendo do estado. E essa diferença, que já era enorme, segue aumentando atualmente, não obstante as constantes promessas de se reduzir o estado. O crescimento do PIB atual se deve quase que inteiramente a um aumento nos gastos do governo, o que representa simplesmente um consumo de capital, e não um progresso genuíno.
(E como mostrado pelo PPR, a economia americana mal se moveu na década de 1980, graças aos impostos crescentes, aos déficits contínuos, ao assistencialismo frenético, aos empréstimos tomados pelo governo, aos subsídios e às regulamentações.)
Em média, os números do PIB são aproximadamente 52% maiores do que o crescimento real. E quanto mais o governo cresce, maior se torna essa percentagem.
É por isso que muitas vezes ouvimos falar que o PIB teve um crescimento acima da média, mas não conseguimos sentir os benefícios que supostamente deveríamos sentir com esse aumento. A inflação monetária, por exemplo, uma das maiores responsáveis pelo aumento artificial do PIB, é algo que beneficia apenas alguns poucos privilegiados – aqueles que são os primeiros a receber o dinheiro recém criado pelo Banco Central, e que podem usufruir dele antes que seu valor seja diluído. (Ver mais aqui).
Por exemplo, antes do esfacelamento do acordo de Bretton Woods, a renda dos grandes executivos era aproximadamente 30 vezes maior do que a renda do trabalhador médio. Hoje, ela é aproximadamente 500 vezes maior. Em 2006, uma grande firma de Wall Street distribuiu bônus no valor total de $16,5 bilhões. Essa inflação dos valores monetários, que levou a essa enorme discrepância de salários, está longe de representar um genuíno capitalismo de livre mercado.
Em 1971, ainda antes do rompimento de Bretton Woods, o salário mínimo dos EUA era o equivalente a $9,50 em dólares atuais. Hoje, esse mesmo salário equivale a $5,15. Os políticos se congratulam a si próprios todas as vezes que elevam por decreto o valor do salário mínimo, quando a realidade é que eles diminuíram seu valor real ao permitirem que o Banco Central desvalorizasse a moeda. É de se considerar se as crescentes desigualdades criadas por esse sistema monetário levarão a algum tipo de discórdia social.
Quando os números do PIB crescem mais do que 3%, todos parecem satisfeitos. O que poucos percebem é o quanto os gastos do governo – algo que, ao invés de gerar riqueza, apenas a destrói – contribuem para aumentar nominalmente o PIB. Reconstruir estruturas destruídas por terremotos, furacões ou enchentes, algo que simplesmente leva o país de volta a onde ele estava antes do desastre, é tomado como parte do crescimento do PIB. Os lucros e salários do mercado financeiro, artificialmente inflados pelo aumento da oferta monetária conduzido pelo Banco Central, também contribuem para a estatística de crescimento do PIB. Desperdiçar o dinheiro arrancado à força do setor produtivo da sociedade com o pagamento de inúteis operações e burocracias governamentais, algo que em nada contribui para o bem-estar da população, também contribui para o crescimento do PIB, assim como aumentos de preços causados pela inflação monetária do Banco Central!
Mas nenhum desses fatores representa de fato algum tipo de aumento real da atividade econômica. Portanto, deveríamos desconsiderar todos os números do PIB que não reflitam genuinamente o que está acontecendo com a economia. Essas falsas estatísticas explicam em parte por que muitas pessoas se sentem arrochadas ainda que o PIB apresente um teórico crescimento.
Desconfie sempre de qualquer estatística governamental. Elas geralmente são criadas para iludir – e o PIB não foge à regra.