Libertarianismo e a Alt Right

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Em Busca de uma Estratégia para a Mudança Social

[Discurso proferido no 12º encontro anual da Property and Freedom Society em Bodrum, Turquia, em 17 de Setembro de 2017]

Conhecemos o destino dos termos liberal e liberalismo. Eles foram afixados por tantas pessoas diferentes e em tão diferentes posições que perderam todo o seu significado e se tornaram um rótulo vazio e indescritível. O mesmo destino agora está cada vez mais ameaçando os termos “libertário” e “libertarianismo” que foram inventados para recuperar uma parte da precisão conceitual perdida com o desaparecimento dos antigos rótulos.

Contudo, a história do libertarianismo moderno ainda é bastante jovem. Começou na sala de estar de Murray Rothbard e encontrou sua expressão quase canônica no seu livro Por uma nova liberdade – O Manifesto Libertário, que foi publicado em 1973. E, então, eu sou esperançoso e ainda não estou disposto a abandonar o termo libertarianismo como ele foi definido e explicado por Rothbard, com incomparável clareza e precisão, apesar das inúmeras tentativas dos tão chamados libertários de se envolverem e se apropriarem do bom nome do libertarianismo com algo inteiramente diferente.

O cerne teórico e irrefutável da doutrina libertária é simples e direto, e eu já o expliquei repetidamente neste lugar. Se não houvesse escassez no mundo, conflitos humanos – ou mais precisamente confrontos físicos – seriam impossíveis. Conflitos interpessoais são sempre conflitos envolvendo coisas escassas. Eu quero fazer A com uma dada coisa e você quer fazer B com a mesma coisa. E por causa de tais conflitos – e porque nós somos capazes de nos comunicar e argumentar com os outros – procuramos por normas de comportamento com o propósito de evitar esses conflitos. O objetivo das normas é evitar conflitos. Se não quiséssemos evitar conflitos, a busca por normas de conduta seria sem sentido. Nós poderíamos simplesmente lutar e brigar.

Na ausência de perfeita harmonia de todos os interesses, os conflitos envolvendo recursos escassos só podem ser evitados se todos os recursos escassos fossem propriedade privada exclusiva de algum indivíduo ou grupo de indivíduos. Só assim eu posso agir de forma independente – com as minhas próprias coisas – de você – com suas próprias coisas – sem nos chocarmos.

Mas quem é o dono de quais recursos escassos como sua propriedade privada e quem não? Primeiro: cada pessoa é dona do seu corpo físico, que somente ela e mais ninguém pode o controlar diretamente. E segundo, quanto aos recursos escassos que podem ser controlados apenas indiretamente (que precisam ser apropriados pela nossa própria natureza, i.e., aquilo que não pode ser apropriado – nosso corpo): O controle exclusivo (propriedade) é adquirido por e atribuído a essa pessoa que apropriou o recurso em questão primeiro ou quem o adquiriu através de trocas voluntárias – livres de conflitos – do seu dono anterior. Porque somente o primeiro apropriador do recurso, e todos os posteriores donos conectados a ele por meio de uma série de trocas voluntárias, podem possivelmente adquirir e ganhar controle dele sem conflitos, isso é, pacificamente. De outra forma, se o controle exclusivo for atribuído aos retardatários, o conflito não é evitado, mas pelo contrário, o propósito das normas se torna inevitável e permanente.

Diante deste público, não preciso entrar em maiores detalhes, exceto adicionar isto: se você quer viver em paz com as outras pessoas e evita confrontos físicos e, se tais confrontos ocorrem e você procura resolver pacificamente, então você deve ser um anarquista ou, mais precisamente, você deve ser um anarquista de propriedade privada ou anarcocapitalista ou um defensor da sociedade de leis privadas.

E por implicação, então, e de novo sem muito mais a acrescentar: alguém – qualquer um – não é libertário ou simplesmente é um falso libertário se afirma e advoga por uma ou mais das seguintes coisas a seguir: a necessidade de um estado – qualquer estado -, de propriedade pública (estatal), de impostos a fim de viver em paz; a existência e justificação de qualquer dos assim chamados “direitos humanos” ou “direitos civis” ou outro que não seja o direito à propriedade privada, tais como os “direitos das mulheres”, os “direitos homossexuais”, os “direitos de minorias”, o “direito” de não ser discriminado, o “direito” à imigração livre e irrestrita, o “direito” a uma renda mínima garantida ou à saúde gratuita, ou o “direito” de estar livre de palavras e pensamentos ofensivos. Os defensores de qualquer dessas ideias podem se chamar como quiserem, e – como libertários – nós podemos cooperar com eles, à medida que tal cooperação ofereça o compromisso de nos aproximar do nosso objetivo final, mas eles não são libertários ou são apenas falsos libertários.

E aí, “uma coisa engraçada aconteceu no caminho para o fórum”. Enquanto Rothbard e eu, seguindo os seus passos, nunca nos desviamos dessas crenças fundamentais teoricamente fundamentadas, não apenas não-libertários mas também – em particular – os falsos libertários, i.e., pessoas que afirmam  – falsamente – serem libertárias e até possivelmente muitas delas são honestas ainda que libertários imbecis, selecionaram e nos vilipendiaram como sua e encarnação do mal e espectros favoritos. Rothbard – o spiritus rector do libertarianismo moderno – foi estigmatizado por esse público tão chamado de “antifascista” como um reacionário, um racista, um sexista, um autoritário, um elitista, um xenófobo, um fascista, e, para superar tudo, um nazista judeu autointolerante. E eu herdei todos esses títulos honrosos e alguns mais (exceto pela parte do judeu). Então, que coisa engraçada aconteceu aqui?

Tentar desenvolver uma resposta a esta questão me leva ao tema deste discurso: o relacionamento entre o libertarianismo e a direita alternativa ou a “alt right“, que ganhou notoriedade nacional e internacional depois de Hillary Clinton, durante a última eleição presidencial, que a identificou como um dos grupos de deploráveis torcendo por Trump (e à sua liderança, dou seus devidos créditos, por – após a eleição vitoriosa de Trump –  rapidamente romper com o Trump quando descobriu que ele era só mais um presidente belicista).

O movimento alt right é essencialmente o sucessor do movimento paleoconservador que ficou proeminente no começo de 1990 tendo o colunista e autor de best-selling Patrick Buchanan como seu mais conhecido representante. Ficou um pouco dormente no fim dos anos 90, e recentemente, à luz de um dano crescente feito à América e à sua reputação pela sucessão da administração Bush I, Clinton, Bush II e Obama, fez ressurgir mais vigoroso do que antes sob um novo rótulo de alt right. Algumas das principais lideranças associadas com a alt right apareceram aqui nos nossos encontros ao longo de anos: Paul Gottfried que cunhou o termo, Peter Brimelow, Richard Lynn, Jared Taylor, John Derbyshire, Steve Sailer e Richard Spencer. Bem como o nome de Sean Gabb  e o meu são ocasionalmente mencionados em conexão com a alt right, e o meu trabalho tem sido também estreitamente relacionado com o movimento neorreacionário inspirado por Curtis Yarvin (aka Mencius Moldbug) e seu blog, agora extinto, “Unqualified Reservations”. Em suma, essas relações pessoais e associações me renderam várias menções honrosas pelo grupo mais famoso de difamação da América, o SPLC (aka Centro Mentiroso de Pobreza Soviética).

E aí: E quanto à relação entre o libertarianismo e a alt right e as minhas razões para ter convidado lideranças representativas da alt right para encontros com libertários?

Libertários são unidos pelas irrefutáveis crenças teóricas fundamentais mencionadas desde o princípio. Eles são claros sobre o objetivo que eles querem alcançar. Mas a doutrina libertária não implica muito, se é que implica alguma coisa, em relação a estas duas questões seguintes: Primeiro, como manter uma ordem libertária uma vez que você a alcançou. E, segundo, como alcançar a uma ordem libertária de um ponto de partida não libertário, o que requer que, a) esta deve descrever corretamente um ponto de partida e b) identificar corretamente os obstáculos colocados no caminho dos fins libertários em seu próprio ponto de partida.  Para responder as essas questões, além da teoria, você também precisa de algum conhecimento da psicologia humana e da sociologia, ou, pelo menos, um pouco de senso comum. Ainda que  muitos libertários e falsos libertários são simplesmente ignorantes em psicologia humana e sociologia ou mesmo desprovidos de qualquer senso comum, eles aceitam cegamente, contra todas as evidências, uma visão igualitária e inexpressiva da natureza humana de que todas as pessoas e todas as sociedades e culturas são essencialmente iguais e intercambiáveis.

Enquanto muito do libertarianismo contemporâneo pode ser então caracterizado como teoria e teóricos sem psicologia e sociologia, muitos ou mesmo a maioria dos alt right podem ser descritos, em contraste, como psicologia e sociologia sem teoria. Os alt right não estão unidos por uma teoria comumente mantida, e não existe nada, nem mesmo que ligeiramente, que pareça um texto canônico que defina o seu significado. Em vez disso, a alt right é essencialmente unida na sua descrição do mundo contemporâneo e, em particular, dos Estados Unidos e o chamado Mundo Ocidental, e a identificação e o diagnóstico de suas patologias sociais.  Na verdade, tem sido corretamente notado que a alt right é muito mais unida pelo o que é contra do que pelo o que é a favor. O que eles são contra, e que de fato odeiam com paixão, são as elites no controle do estado, a mídia mainstream e a academia. Por que? Porque todos eles promovem a patologia e a degeneração social. Assim, eles promovem e os alt right vigorosamente se opõem ao igualitarismo, as ações afirmativas (aka leis de não discriminação), o multiculturalismo e a livre imigração em massa como o meio de promover esse multiculturalismo.

Assim como a alt right detesta tudo o que lembre o marxismo cultural ou o gramscismo e todo o politicamente correto e, de forma estrategicamente sábia, fazem desdém, sem nenhuma desculpa ou qualquer outra coisa, de todas as acusações de serem racistas, sexistas, elitistas, suprematistas, homofóbicos, xenofóbicos, etc., etc. E os alt right também riem com o -irremediavelmente ingênuo – lema programático dos ditos libertários, tais como o Students for Liberty (que eu também denominei de “Estúpidos Pela Liberdade”, e meu velho amigo alemão Andre Lichtschlag se referiu a eles como “libertários Liberallala”), de “paz, amor e liberdade” que Lichtschlag apropriadamente traduziu para o Alemão como “Friede Freude Eierkuchen” [NT.: Paz, Prazer e Panquecas]. Em um forte contraste a isso, os membros da alt right insistem que a vida também é sobre conflitos, ódio, briga e luta, não apenas entre os indivíduos, mas também entre diversos grupos de pessoas agindo em conjunto.

O “Millennial Woes” , de Colin Robertson, nos tem – eu acho – resumido a alt right: “A igualdade é uma besteira, a hierarquia é essencial, as raças são diferentes, os sexos são diferentes, a moralidade importa e a degeneração é real. Todas as culturas não são iguais e nós não somos obrigados a achar que elas são. O homem é uma criatura decadente e há mais na vida do que o materialismo oco. Finalmente, a raça branca importa e a civilização é preciosa. Isto é a alt right.”

Sem qualquer teoria unificadora, porém, há muito menos acordo entre a alt right sobre o objetivo que querem alcançar ultimamente. Muitos dos seus protagonistas têm tendências claramente libertárias – mais notavelmente aqueles que vieram aqui (o que, é claro, foi uma razão por terem sido convidados) mesmo se não fossem 100% e que não se identificassem assim. Todos os alt right que apareceram aqui, por exemplo, familiarizaram-se com Rothbard e seu trabalho, enquanto que o mais recente candidato a presidente do Partido Libertário nunca nem tinha ouvido falar o nome de Rothbard, e todos eles, até onde sei, foram partidários francos de Ron Paul durante a sua campanha primária para a nominação do Partido Republicano como candidato presidencial, enquanto que muitos autoproclamados libertários atacavam e tentavam vilipendiar Ron Paul por suas supostas (e vocês já sabem o que está por vir) opiniões “racistas”.

Entretanto, diversos dos líderes da alt right e muitos dos seus seguidores têm endossado pontos de vista que são incompatíveis com o libertarianismo. Antes com Buchanan e agora com Trump, eles estão inflexíveis sobre completar uma política de imigração restritiva, altamente seletiva e discriminatória – o que é inteiramente compatível com o libertarianismo e seu desejo por liberdade de associação e a sua oposição à integração forçada – com uma política estridente de comércio restrito, protecionismo econômico e tarifas protecionistas – o que são antiéticas para o libertarianismo e hostil à prosperidade humana. Deixe-me adiantar e acrescentar aqui que apesar das minhas discordâncias quanto à sua economia, ainda considero Pat Buchanan um grande homem.

Outros se afastaram ainda mais, como Richard Spencer, quem primeiro popularizou o termo alt right. Ao mesmo tempo em que, graças a várias façanhas publicitárias recentes, ganhou algum tipo de notoriedade nos EUA, Spencer afirmou ser o líder máximo de um movimento supostamente poderoso e unificado (um esforço, que por sinal, foi ridicularizado por Taki Theodoracopulos, que é um veterano campeão do movimento paleo-conservador inclinado à alt right e foi o antigo empregador de Spencer). Quando Spencer apareceu por aqui, há vários anos atrás, ele ainda exibia fortes inclinações libertárias. Infelizmente, isso mudou e o Spencer agora condena, sem nenhuma restrição e tudo mais, todos os libertários e tudo que é libertário e foi longe demais até mesmo a apoiando o socialismo, desde que seja o socialismo de e apenas para pessoas brancas. Que horrível decepção!

Devido à falta de qualquer base teórica, essa divisão do movimento alt right em facções rivais dificilmente pode ser considerada uma surpresa. Ainda assim, esse fato não deve enganar alguém para descartá-la, porque a alt right trouxe muitos insights que são de importância central na abordagem de uma resposta para as duas questões mencionadas antes não respondidas pela teoria libertária: de como manter uma ordem libertária e como podemos chegar a essa ordem partindo do status quo atual incontestavelmente não libertário. A alt right não descobriu esses insights. Eles foram estabelecidos há muito tempo atrás e, na verdade, em grande parte, elas são não mais do que o senso comum. Mas, nos últimos tempos, tais insights foram enterrados embaixo de montanhas de propaganda igualitária esquerdista, e a alt right deve receber os créditos por trazê-los de volta à luz.

Para ilustrar a importância de tais insights, primeiro deixe-me ver a primeira questão não respondida:

Muitos libertários mantêm a visão de que tudo o que é necessário para manter uma ordem social libertária é uma execução estrita do principio de não agressão (PNA), de outra forma, contanto que alguém se abstenha de agredir, de acordo com a visão deles, o princípio de “viver e deixe viver” deverá bastar. Ainda que, com certeza, enquanto este “viva e deixe viver” soa atraente para adolescentes rebelados contra a autoridade familiar e todas as convenções e controles sociais – e muitos jovens foram atraídos inicialmente para o libertarianismo acreditando que este “viva e deixe viver” é a essência do libertarianismo – e, embora o princípio – de fato – suporta e se aplica às pessoas que vivem distanciadas e lidando entre si somente indiretamente e à distância, isso não se aplica, ou melhor, é insuficiente quando se trata de pessoas que vivem próximas umas das outras, como vizinhos e habitantes de uma mesma comunidade.

Um simples exemplo é suficiente para demonstrar esse ponto. Assuma que há um novo vizinho ao lado. Este vizinho não inicia agressão contra você ou a sua propriedade de qualquer maneira, mas ele é um vizinho “ruim”. Ele está bagunçando a própria propriedade vizinha dele, transformando-a em uma pilha de lixo. Ao ar livre, para você ver, ele se dedica a um ritual de massacre de animais ou ele transforma a casa dele em um “Freudenhaus”, um bordel, com clientes chegando e partindo o dia todo e a noite inteira. Ele nunca oferece ajuda e nunca mantém nenhuma promessa que ele fez. Ou ele não pode ou então se recusa a falar com você na sua própria linguagem. E assim por diante… Então sua vida é transformada em um pesadelo. Ainda que você não possa usar a violência contra ele, porque ele não está agredindo você, o que você pode fazer? Você pode evitá-lo e condená-lo ao ostracismo. Mas o seu vizinho não se importa e, de qualquer forma, a sua “punição” sozinha faz pouca ou nenhuma diferença para ele. Você tem que ter o respeito e a autoridade comum ou deverá recorrer a alguém que tenha essa autoridade de persuadir e convencer a todos ou a maioria dos membros da sua comunidade a fazer o mesmo e tornar o vizinho ruim a um exilado social, de modo a exercer pressão o suficiente sobre ele para vender a sua propriedade e sair. (Isso é muito para os libertários que, além do seu lema “viva e deixe viver” também saúdam ao lema do “não respeitar nenhuma autoridade!”)

A lição? A convivência pacifica dos vizinhos e das pessoas em contato regular e direto um com o outro em algum território, i.e., uma ordem social tranquila e convivente – requer também uma comunhão de cultura: de linguagem, religião, costumes e convenções. Pode haver coexistência pacífica de diferentes culturas à distância, com territórios fisicamente separados, mas o multiculturalismo e a heterogeneidade cultural não podem existir em um mesmo lugar no território sem levar a uma diminuição da confiança social, aumentar a tensão e, em última instância, o apelo a um homem forte e a destruição de qualquer coisa que se assemelhe a uma ordem social libertária.

E, aliás, assim como uma ordem libertária deve estar sempre alerta contra os “maus” vizinhos (mesmo que não agressivos), por meio do ostracismo social, i.e., por uma cultura comum do “você não é bem vindo aqui”, e então, de fato, de forma mais vigilante, deve-se estar em alerta contra vizinhos que abertamente advogam pelo comunismo, socialismo, sindicalismo ou a democracia em qualquer aparência ou forma. Assim, eles – ao representar uma ameaça abertamente a todos os proprietários e a toda e à propriedade privada – devem não somente ser evitados, mas devem – usando um meme do Hoppe famoso agora – ser “removidos fisicamente”, se necessário pela violência e forçados a procurar outras pastagens. Não fazer isso inevitavelmente leva ao comunismo, ao socialismo, ao sindicalismo ou à democracia, e, portanto, o total oposto de uma ordem social libertária.

Com essa “endireitada” ou, como eu diria, esses insights de senso comum em mente, me volto agora à questão mais desafiadora de como chegar lá partindo daqui do status quo. E, para isso, pode ser instrutivo primeiro considerar brevemente a resposta dada pelo libertário “liberallala”, o “paz, amor e liberdade”, o Friede-Freude-Eierkuchen ou o “capitalismo é amor”. Isso revela o mesmo igualitarismo básico, mesmo que em uma forma ligeiramente diferente, como também é demonstrado pelos libertários “viva e deixe viver”. Estes, como acabei de tentar expor, definem aquilo que nós podemos chamar de “o problema do mau vizinho” e o que é meramente um rascunho para o problema geral representado pela coexistência de culturas distintas, diferentes, estrangeiras, mutualmente perturbadoras, irritantes, estranhas ou hostis – simplesmente fora da realidade. E, na verdade, se você assumir, contra toda evidência empírica, que todas as pessoas, em todo lugar, são exatamente iguais, então, por definição, algo como o “problema do mau vizinho” não poderia existir.

O mesmo igualitarista, ou como os próprios libertários “liberallala” preferem se chamar, o espírito “humanitário” também vem em resposta à questão de uma estratégia libertária. Em poucas palavras, o que ele aconselha é: seja legal e converse com todos – e aí, a longo prazo, os melhores argumentos libertários vencerão. Para ilustrar, tome como exemplo os cinco “’Nãos’ quando se fala de liberdade” (https://fee.org/articles/the-dos-and-don-ts-talking-liberty/)  do meu antigo amigo, que se tornou inimigo, Jeffrey Tucker. Eles são “1º Não seja agressivo; 2º Não presuma ódio à liberdade; 3º não presuma objetivos diferentes; 4º Não presuma ignorância; 5º Não considere ninguém como um inimigo”.  Agora, independente do fato de que Tucker parece não seguir o seu próprio conselho em sua condenação beligerante à toda a alt right como fascistas inimigos da liberdade, eu acho sua advertência verdadeiramente espantosa. Estes podem ser bons conselhos frente a pessoas que acabaram de surgir do nada, sem qualquer história rastreável e tudo mais, mas frente a pessoas reais com uma história registrada, eles me parecem tão irremediavelmente ingênuos, não realistas e totalmente contraproducentes na busca do objetivo libertário. Eu, e eu suponho que todo mundo aqui, conheci muitas pessoas na minha vida que são ignorantes, que realmente têm metas diferentes, não libertárias e que realmente odeiam a liberdade, como entendida pelos libertários – e por que diabos eu não deveria considerar essas pessoas como tolos ou inimigos? E por que eu não deveria odiar e deveria não ser agressivo diante dos meus inimigos?

Como uma estratégia libertária, então, eu acho que o conselho de Tucker deve ser simplesmente considerado como uma piada ruim. Mas, certamente, esse é um bom conselho se alguém busca adentrar ao estado como algum tipo de conselheiro “libertário”, e isso pode explicar muito bem o entusiasmo no qual o libertarianismo “humanitário” de Tucker foi abraçado por toda a multidão libertários “liberallala”.

Fora da terra de fantasia dos igualitaristas, porém, no mundo real, os libertários devem, acima de tudo, ser realistas e reconhecer desde o princípio, assim como a alt right faz, a desigualdade não apenas entre os indivíduos, mas também entre as diferentes culturas como um dado inextirpável da existência humana. Devemos ainda reconhecer que existem muitos inimigos da liberdade, tal como a definimos pelo libertarianismo e que eles, não nós, são responsáveis pelos assuntos mundanos que, em muitas partes do mundo contemporâneo, o controle deles sob a população é tão completo que as ideias de liberdade e de uma ordem social libertária são praticamente inauditas ou consideradas impensáveis (a não ser como um jogo intelectual ocioso ou ginástica mental por alguns indivíduos exóticos); e que essencialmente só no Ocidente, nos países da Europa Ocidental  e Central, e nas terras estabelecidas por esses povos, que a ideia de liberdade está tão profundamente enraizada que esses inimigos ainda podem ser desafiados abertamente. Limitando nossas considerações estratégicas apenas ao Ocidente, podemos identificar, praticamente como a alt right efetivamente fez, esses agentes e agências como nossos principais inimigos.

Eles são, em primeiro lugar e acima de tudo, as elites governantes no controle do aparato estatal e, em particular, o chamado “estado profundo” ou o chamado “Domo” dos Militares, dos Serviços Secretos, dos Bancos Centrais e da Suprema Corte. Assim como, incluem os líderes do complexo industrial militar, i.e., as empresas nominalmente privadas, que devem sua existência ao estado como o seu exclusivo ou principal comprador, e também incluem os líderes dos grandes bancos comerciais, que devem seus privilégios de criação de dinheiro e crédito a partir do nada à existência do Banco Central em seu papel de “credor em último recurso”. Eles juntos – o estado, os grandes negócios estatais e os grandes bancos – formam um grupo extremamente poderoso, mesmo que com pequena admiração da sociedade, que juntos arruínam em conjunto a enorme massa de pagadores de impostos e vivem em grande parte às suas custas.

O segundo, muito maior, grupo de inimigos é feito de intelectuais, os educadores e educratas (a.k.a. burocratas educadores) desde o mais alto nível da Academia até o nível de escolas primárias e jardins de infância. Financiados quase exclusivamente, seja direta ou indiretamente, pelo estado – que em sua esmagadora maioria se tornaram as ferramentas suaves e os dispostos executores nas mãos de uma elite governante e seus projetos para um poder absoluto e um controle total. E em terceiro lugar, há os jornalistas da mídia mainstream como o dócil produto do sistema educacional e os covardes destinatários e divulgadores das “informações” governamentais.

Igualmente importante no desenvolvimento de uma estratégia libertária então é a seguinte pergunta: quem são as vítimas?

A resposta padrão libertária para isto é: os pagadores de impostos, em oposição aos consumidores de impostos. Ao passo que isso ainda esteja essencialmente correto, é – na melhor das hipóteses – apenas parte da resposta e libertários poderiam aprender algo a este respeito com a alt right: porque, além do estrito aspecto econômico, também há um amplo aspecto cultural que deve ser considerado na identificação das vítimas.

A fim de expandir e aumentar seu poder, as elites governantes têm conduzido por várias décadas aquilo que Pat Buchanan identificou como uma “guerra cultural sistemática”, visando a transvaloração de todos os valores e a destruição de todas as instituições e vínculos sociais naturais ou, se preferir, “orgânicos” tais como famílias, comunidades, grupos étnicos e nações relacionadas genealogicamente, de modo a criar uma população cada vez mais atomizada cuja única característica compartilhada e unificadora é a sua dependência existencial comum ao estado. O primeiro passo nessa direção, tomado já há meio século ou mais, foi a introdução do “bem-estar público” e da “segurança social”.

Desse modo, a classe mais miserável e os idosos foram transformados em dependentes do estado, e o valor e a importância da família e da comunidade foram correspondentemente diminuídos e enfraquecidos. Mais recentemente, se proliferaram passos mais avançados nesta direção. Uma nova “vitimologia” tem sido proclamada e promovida. Mulheres – e em particular as mães solteiras – negros, pardos e latinos, homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais foram premiados com o status de “vítima” e lhes concederam privilégios legais por meio de decretos de não-discriminação e de ações afirmativas.

Assim, mais recentemente, esses privilégios foram expandidos também aos imigrantes estrangeiros – quer sejam legais ou ilegais – à medida que eles caem em uma destas categorias mencionadas acima ou são membros de religiões tais como, por exemplo, o Islã. O resultado? Não somente o problema mencionado anteriormente do mau vizinho não foi evitado ou resolvido, mas, ao invés disso, foi sistematicamente promovido e intensificado. A homogeneidade cultural foi destruída e a liberdade de associação e a segregação e separação física voluntária de diferentes pessoas, comunidades, culturas e tradições foram substituídas por um penetrante sistema de integração social forçada.

Além disso, cada grupo de vítima mencionado foi, portanto, colocado em oposição um com o outro e todos eles foram colocados contra homens brancos, heterossexuais e cristãos – e em particular àqueles casados e aos seus filhos – como o único grupo remanescente legalmente desprotegido de supostos “vitimadores”. Consequentemente, como um resultado da transvaloração de todos os valores promovida pelas elites governantes, o mundo virou de cabeça pra baixo. A instituição do grupo familiar – que era o pai, a mãe e seus filhos – formava a base da civilização ocidental, como a civilização mais livre, mais industrial, mais engenhosa e completa conhecida pela humanidade, i.e., a própria instituição e as pessoas que têm feito os maiores bens da história humana, têm sido oficialmente estigmatizadas e vilificado como a origem de todos os problemas sociais e sendo feitos como mais profundamente desfavorecidos, e até mesmo perseguidos, grupos pela política implacável da elite inimiga do divide et impera [dividir para conquistar].

Consequentemente, dado o presente grupo de assuntos, qualquer estratégia libertária promissora deve, assim como a alt right já reconheceu, primeiro e acima de tudo ser adaptada e direcionada a este grupo das pessoas mais severamente vitimizadas: Casais brancos cristãos e com filhos, em particular se pertencem também à classe de pagadores de impostos (em vez de consumidores de impostos), e todos os que mais se assemelham ou aspiram a esse padrão de organização e de ordem social e que podem ser a esperança mais realista de público mais receptivo à mensagem libertária (Ao passo que o menor apoio deve ser esperado a vir dos grupos mais protegidos tais como, por exemplo, mães solteiras muçulmanas negras sob Welfare).

Agora, dado esse grupo de inimigos perpetuadores versus as vítimas do ocidente contemporâneo, então, eu consigo agora chegar à tarefa final de tentar esboçar uma estratégia libertária realística de mudança social, especificidades das quais terão que ser precedidas por duas considerações gerais: Por um lado, dado que a classe de intelectuais, desde o topo da academia até os jornalistas formadores de opinião da mídia mainstream e assim por diante, são financiados por – e firmemente vinculados ao – sistema dominante – ou seja, eles fazem parte do problema – também não devem se esperar que eles desempenhem um papel importante, isso se houver papel, na solução dos problemas. Por conseguinte, a tão chamada estratégia de mudança social Hayekiana, que prevê a propagação de ideias libertárias precisas começando do topo com os principais filósofos e, em seguida, descendo de lá até os jornalistas e, finalmente, para as grandes massas comuns, deve ser considerada fundamentalmente irreal. Ao invés disso, qualquer estratégia libertária realista de mudança deve ser uma estratégia populista, isto é, os libertários devem fazer um curto circuito nas elites intelectuais dominantes e dirigir-se diretamente às massas para despertar sua indignação e desprezo pelas elites governantes.

Em segundo lugar, o tempo todo, os principais destinatários de uma mensagem libertária populista devem ser, de fato, o grupo mencionado acima de brancos nativos desprovidos e privados de direitos, eu acredito que seja um grave erro estratégico para tornar a brancura um critério exclusivo sobre o qual basear uma decisão estratégica, como algumas vertentes da alt right sugeriram fazer. Afinal, são, acima de tudo, os homens brancos que compõem a elite governante e que impuseram a bagunça atual sobre nós, é verdade, e as diversas minorias protegidas mencionadas anteriormente aproveitam plenamente os privilégios legais que lhes foram concedidos e eles têm se tornado cada vez mais encorajados a pedir uma “proteção” cada vez maior, mas nenhum deles, e nem todos eles juntos, possuíam e possuem a proeza intelectual que faria esse resultado possível se não fosse pela ajuda instrumental que eles receberam e estão recebendo dos homens brancos.

Agora, levando nossas sugestões aos movimentos do Buchanan, do Ron Paul e do Trump para as especificações de uma estratégia libertária populista de mudança, sem nenhuma ordem particular, exceto para o primeiro que atualmente assumiu a maior urgência na mente do público.

Um: Pare a imigração em massa. As ondas de imigrantes que atualmente inundam o mundo ocidental, têm o sobrecarregado com hordas de parasitas de Welfare, trouxeram terroristas, aumentaram o crime, levaram à proliferação de áreas não-frequentavéis e resultaram em inúmeros “maus vizinhos” que, baseados em sua educação, tradição e cultura estrangeira não têm qualquer apreciação compreensiva da liberdade e são limitados a tornarem-se futuros apoiadores sem consciência do estatismo de bem-estar social.

Ninguém é contra a imigração e aos imigrantes per si, mas a imigração deve ser apenas por convite. Todos os imigrantes devem ser pessoas produtivas e, portanto, serem impedidos de todos os pagamentos domésticos de Welfare. Para assegurar isso, eles ou a sua parte convidativa devem colocar um vínculo com uma comunidade a que devem se instalar, e este deve ser confiscado e levado à deportação de imigrantes se ele se tornar um fardo público. E, ainda, empregadores ou todas as partes que convidam imigrantes devem não somente pagar a manutenção ou o salário do imigrante, como também devem pagar à comunidade residente pelo desgaste adicional de suas instalações públicas associadas à presença do imigrante, de modo a evitar a socialização de todos e quaisquer custos incorridos com o seu estabelecimento.

Além disso, mesmo antes da admissão, todos os potenciais imigrantes convidados devem ser cuidadosamente examinados e testados não só por sua produtividade, mas também por sua afinidade cultural ou “boa vizinhança”, com resultado empiricamente previsível de em sua maioria – mas isso não significa exclusivamente -imigrantes candidatos brancos e ocidentais. E quaisquer comunistas ou socialistas conhecidos, de qualquer cor, denominação ou país de origem devem ser impedidos do estabelecimento permanente – a não ser que a comunidade – aonde ele, o potencial imigrante, queira se estabelecer – sancione oficialmente a pilhagem da propriedade de seus moradores por novas chegadas estrangeiras, o que não é muito provável, digo – pelo menos – mesmo entre as ‘comuni’dades já existentes.

[Agora, uma breve mensagem a todos os libertários “liberllala” e “sem fronteiras”, que certamente rotularão isso – você adivinhou – como “fascista”: Em uma ordem social libertária totalmente privatizada não existe nada parecido a um direito à imigração gratuita. Propriedade privada implica em fronteiras e o direito do proprietário de excluir à vontade, e a “propriedade pública” também tem fronteiras: ela não é uma propriedade não possuída. Ela é propriedade dos contribuintes residentes, e definitivamente, não é a propriedade de estrangeiros. E, embora seja verdade que o estado é uma organização criminosa e que confiar-lhe uma tarefa de controle das fronteiras resultará inevitavelmente em inúmeras injustiças, tanto para os residentes domésticos como para os estrangeiros, também é verdade que o estado faz algo quando  ele decide não fazer nada a respeito do controle das fronteiras – e que, nas circunstâncias atuais, se ele não fizer nada a respeito do controle das fronteiras, isso levará cada vez mais a injustiças e a injustiças mais graves, em particular aos cidadãos domésticos, do que qualquer outra política que ele fizer].

Dois: Parem de atacar, matar e bombardear pessoas em países estrangeiros. Uma das principais causas, mesmo que de modo algum a única, da invasão atual de países ocidentais por hordas de imigrantes estrangeiros são as guerras iniciadas e conduzidas no Oriente Médio e em outros lugares pelas elites governantes dos Estados Unidos e seus fantoches de elites subordinadas ocidentais. Assim, os ataques terroristas que agora aparentam ser normais e omnipresentes em nome do Islã a todo o mundo ocidental são, em grande parte, um contragolpe dessas guerras e do caos subsequente por todo o Oriente Médio e o norte da África. Não deve haver nenhuma hesitação de nossa parte em chamar a esses governantes ocidentais de responsáveis pelo que eles realmente são: assassinos ou instrumentos para o assassinato em massa. Devemos gritar em voz alta e exigir uma política externa de não-intervencionismo rigoroso. Retirem de todas as organizações internacionais e supranacionais, como as Nações Unidas, a OTAN e a União Europeia que misturam um país nos assuntos domésticos do outro. Parem todas as ajudas de governo a governo e proíba todas as vendas de armas a estados estrangeiros. Deixe ser “América primeiro!”, “Inglaterra primeiro!”, “Alemanha primeiro!”, “Itália primeiro!”, e assim por diante, i.e., cada país negocia entre si e ninguém interfere em qualquer um dos assuntos domésticos de ninguém.

Três: Desbanque as elites governantes e seus guarda-costas intelectuais. Exponha abertamente os salários generosos, as regalias, os subsídios, as propinas, os subornos e as compras de silêncio recebidas pelas elites governantes: o alto escalão do governo e os burocratas governamentais das Supremas Cortes, dos Bancos Centrais, dos serviços secretos e das agências de espionagem, compostos por políticos, parlamentares, líderes partidários, conselheiros políticos e consultores, por capitalistas apadrinhados, “educratas” públicos, presidentes de universidades, reitores e astros acadêmicos. Passe a mensagem que todo o luxo e glória radiantes deles são financiados por dinheiro extorquido dos pagadores de imposto e, consequentemente, incitar que todo e qualquer imposto seja abolido: imposto de renda, sobre propriedade, sobre vendas, sobre herança e assim por diante.

Quatro: acabe com o FED e todos os bancos centrais. A segunda fonte de financiamento das elites governantes, além do dinheiro extorquido do público na forma de impostos, provém dos bancos centrais. Bancos centrais podem criar papel-moeda do nada. Isso reduz o poder de compra do dinheiro e destrói as poupanças da população média.  Isso não faz e nem consegue fazer a sociedade toda ficar mais rica, mas sim redistribui renda e riqueza dentro da sociedade. Os primeiros recebedores do recém-criado dinheiro, i. e. as elites governantes, enriquecem, enquanto que os últimos recebedores, i.e., o cidadão médio, empobrecem.  A manipulação da taxa de juros feita pelo banco central é uma das causas de ciclos de expansão-contração. O banco central permite a acumulação de uma – cada vez maior – “dívida pública” que se torna um fardo para os futuros e desconhecidos pagadores de impostos ou, então, é simplesmente paga com mais inflação. E como o facilitador da dívida pública, os bancos centrais são também os facilitadores das guerras. Essa monstruosidade deve ser finalizada e substituída por um sistema competitivo de free banking, fundamentado em uma commodity genuína tais como o ouro e a prata.

Cinco: acabe com todas as ações afirmativas e leis e regulações antidiscriminação. Todos esses decretos são violações descaradas do princípio da igualdade perante a lei que, pelo menos no Ocidente, é intuitivamente sentido e reconhecido como um princípio fundamental de justiça. Como proprietários, as pessoas devem ser livres para se associar e desassociar com outros: livres para incluir ou excluir, para integrar ou segregar, para se juntar ou separar, para unificar e incorporar ou desunir, para sair e para secessionar. Fechem todos os departamentos universitários para estudos negros, latinos, femininos, de gênero, queer, etc., devido a serem incompatíveis com a ciência e mandem embora os professores por serem impostores intelectuais ou salafrários. Também exijam que todos os proclamadores de ações afirmativas, oficiais de recursos humanos e da diversidade, desde as universidades até escolas e jardins de infância, sejam jogados na rua e forçados a aprender algum ofício útil.

Seis: Destrua a máfia “antifascista”, a transvaloração de todos os valores no Ocidente: A invenção de cada vez mais “grupos vitimizados”, a disseminação de programas de ação afirmativa e a incansável promoção do “politicamente correto”, levou à ascensão da máfia “antifascista”. Tacitamente apoiada e indiretamente financiada pelas elites governantes, essa máfia autointitulada de justiceiros sociais tomou para si a tarefa de intensificar a luta contra o “privilégio branco” através de atos de terror direcionados contra qualquer um e qualquer coisa considerada “racista”, “de direita”, “fascista”, “reacionária”, “incorrigível” ou “não desconstruída”. Tais “inimigos do progresso” são atacados fisicamente pela máfia “antifascista”, seus carros são queimados, suas propriedades são vandalizadas e seus empregadores são ameaçados se não os demitirem, arruinando suas carreiras – enquanto a polícia é ordenada pelas autoridades vigentes a “ficar calma” e não investigar os crimes cometidos ou perseguir e punir os criminosos. Em face desse absurdo, o ódio do público deve ser provocado e deve haver clamores em toda parte para que a polícia seja posta em ação e essa máfia seja derrotada.

(Uma pergunta para os libertários “liberalala” e os “Estúpidos pela Liberdade”, que certamente protestarão contra essa demanda dizendo que a polícia para quem se pede a destruição da máfia antifascista é “polícia estatal”: vocês também protestam usando esse argumento quando a polícia prende assassinos e estupradores? Essas não são tarefas legítimas que também seriam desempenhadas em uma ordem libertária por polícias privadas? E se a polícia não pode fazer nada contra essa máfia, não seria razoável então que os alvos desses ataques, no caso, a chamada “direita racista”, resolvesse com as próprias mãos deixando os justiceiros sociais com narizes sangrando?)

Sete: destrua os criminosos de rua e as gangues. Ao descartar o princípio de igualdade perante a lei e conceder vários tipos de privilégios de grupo (exceto ao grupo de homens brancos cristãos casados e às suas famílias), as elites governantes também descartaram o princípio de igualdade de punição para crimes iguais. Alguns grupos favorecidos pelo estado são punidos de maneira mais branda do que outros, e alguns grupos especialmente favorecidos simplesmente fazem o que querem e ficam praticamente impunes, assim, na verdade, promovendo o crime de maneira efetiva. Logo, permitiu-se o desenvolvimento de zonas interditadas, onde qualquer esforço de policiamento essencialmente deixou de existir e criminosos violentos e gangues tomaram conta. À luz disso, o furor do público deve se provocado e deve ser indubitavelmente exigido que a polícia reprima – de maneira rápida e dura – qualquer ladrão, assaltante, estuprador e assassino, e implacavelmente libere todas as zonas interditadas do violento domínio das quadrilhas. Desnecessário dizer que essa política não deve fazer distinção de cor, mas se por acaso, como de fato ocorre, a maior parte dos criminosos ou membros de quadrilha sejam homens negros e latinos, ou na Europa, jovens imigrantes da África, do Oriente Médio, dos Balcãs ou Leste Europeu, que seja: essas espécies serão aquelas que, de maneira proeminente, terão narizes sangrando. Desnecessário dizer também que para se defender do crime – seja o crime comum de rua ou atos de terrorismo – todas as proibições ao armamento civil devem ser abolidas.

Oito: se livre de todos os parasitas da assistência social e vagabundos. Para solidificar sua posição, a classe governante oferece esmolas para a classe baixa e isso a tornou a fonte mais fidedigna de apoio público. Supostamente para ajudar as pessoas a crescer e ascenderem da classe baixa, a se tornarem agentes autossuficientes, o real e, de fato pretendido, efeito da chamada “política social” do estado é exatamente o oposto. Tornou o status de classe baixa das pessoas mais permanente e a aumentou permanentemente (com isso, é claro, também aumentou o número de assistentes sociais e terapeutas designados para “ajudar e auxiliar” esse grupo). Pois em conformidade com a inexorável lei econômica, todo subsídio concedido em razão de alguma suposta necessidade ou carência produz mais, e não menos, do problema que pretende aliviar ou eliminar. Portanto, a causa original do status de classe baixa de uma pessoa é seu baixo controle da impulsividade e sua alta preferência temporal, i.e., seu desejo incontrolável por gratificação imediata e as várias manifestações consequentes dessa causa, tais como o desemprego permanente, a pobreza, o alcoolismo, o abuso de drogas, a violência doméstica, o divórcio, as famílias chefiadas por mulheres, os nascimentos fora do casamento, os vários companheiros masculinos, o abuso infantil, a negligência e os pequenos delitos , não são aliviados ou eliminados mas sistematicamente fortalecidos e incentivados. Ao invés de continuar e expandir esse desastre social cada vez mais desagradável, este deveria então ser abolido e deveria ser explicitamente exigido que se tome em consideração a exortação bíblica de que aquele que pode mas não trabalha também não deve comer e que aquele que não pode trabalhar, devido a severa deficiência mental ou física, seja cuidado pela família, pela comunidade ou pela caridade voluntária.

Nove: Tire a educação das mãos do estado. A maioria, se não todas, das patologias sociais que assolam o Ocidente contemporâneo têm em sua raiz comum a instituição da “educação pública”. Quando os primeiros passos foram dados, há mais de 200 anos atrás na Prússia, de modo a complementar e por fim substituir um sistema antigo completamente privado de educação por um sistema universal de “educação pública” compulsória, o tempo gasto em escolas estatais não excedia, na maioria dos casos, 4 anos. Hoje, ao redor de todo o mundo Ocidental, o tempo gasto em instituições de “educação pública” é de, no mínimo, cerca de 10 anos, e em muitos casos e cada vez mais, 20 ou mesmo 30 anos. Isto é, grande parte ou mesmo a maior parte, do tempo durante o período mais formativo da vida de uma pessoa é gasto em instituições supervisionadas ou financiadas pelo estado, cujo principal fim, desde o princípio, não era o de formar e iluminar o público, mas treinar “bons soldados” e “bons servidores públicos”. Não alguém independente e maduro ou “mündige bürger” [cidadão maduro], mas sim um Staats-bürger [cidadão estatal] submisso e servil. O resultado: a doutrinação funcionou. Quanto maior o tempo que uma pessoa gastou dentro do sistema de educação pública, mais ele é comprometido com ideias igualitárias, de esquerda e engoliu e integralmente internalizou a doutrina oficial e a agenda do “politicamente correto”. Realmente, particularmente entre os professores de ciências sociais, as pessoas que não se consideram como de esquerda praticamente deixaram de existir. Consequentemente, deve ser exigido que o controle das escolas e universidades seja arrancado do governo central e, e como um primeiro passo, devolvido às autoridades regionais, ou ainda melhor, locais e financiados pelas autoridades locais e por fim seja completamente privatizado, para assim substituir um sistema de uniformidade e conformidade compulsória por um sistema de educação descentralizada que reflita a variação natural, a multiplicidade e a diversidade dos talentos e interesses humanos.

Dez: não confie em políticos e partidos políticos. Assim como não se pode esperar da academia e do mundo acadêmico que desempenhem um papel significativo na estratégia libertária de mudança social, não se pode esperar da política e de partidos políticos. Afinal, é o fim último do libertarianismo acabar com toda a política e sujeitar todas as relações interpessoais e conflitos ao direito privado e procedimentos de direito civil. Certamente, no presente, as condições políticas generalizadas e o envolvimento na política e partidos não podem ser totalmente evitados. No entanto, em qualquer desses envolvimentos deve se estar de olho muito atento à influência corruptora do poder e à tentação do dinheiro e dos benefícios que vêm com ele. E para minimizar o risco e a tentação que vêm disso, é aconselhável concentrar esforços no nível regional e local em vez da política nacional, e então, promover uma agenda radical de descentralização: nulificação e separação pacífica, segregação e secessão. O mais importante, entretanto, é levar em consideração o lema de vida de Ludwig von Mises: “não ceda ao mal, mas prossiga sempre corajosamente contra ele.” [Tu ne cede malis, sed contra audentior ito]. Ou seja, nós precisamos nos expressar em qualquer lugar e momento, seja em encontros formais ou informais, contra qualquer pessoa nos afrontando com a já bem conhecida verborreia “politicamente correta” e o lengalenga igualitarista de esquerda dizendo “não, ô inferno, você deve estar brincando”. E, ao mesmo tempo, dado o já quase completo controle mental exercido pelas elites governantes, a academia e a mídia mainstream, já é necessária uma boa parcela de coragem para fazer isso. Mas se nós não formos corajosos o suficiente para fazê-lo agora, e assim dar o exemplo para outros seguirem, a situação ficará cada vez pior e mais perigosa no futuro e nós – a civilização Ocidental – e as ideias Ocidentais de liberdade serão extintas, e desaparecerão.

 

Tradução de Bruno Cavalcante, Larissa Guimarães e Pedro Anitelle

Revisão por Larissa Guimarães

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