Estatista, essa é pra você. Você gosta de classificar o fato de eu ter problemas com interações não consensuais como minha “opinião política”. Quando eu discordo da iniciação de violência contra não agressores, você chama isso de minha “teoria”. Quando eu explico o princípio de não agressão e você o rejeita considerando-o equivocado, para que eu não demonstre uma raiva igual a de uma mãe defendendo a vida de seu bebê, eu tenho que reunir todas as minhas forças para permanecer calmo. Na maioria das vezes eu consigo fazer isso muito bem. Eu me lembro que não preciso que você seja diferente do que você é. Eu não preciso que você entenda. Não vale a pena.
Você não é o único. A maioria das pessoas é exatamente igual a você. Eu tenho que me lembrar que “eles não sabem o que estão fazendo”. Estatistas não têm a menor capacidade de entender a indignação que toma conta do meu corpo quando eles me dizem que devemos apenas concordar em discordar sobre a iniciação de força contra não agressores pacíficos. “Nem todo mundo vai concordar com suas opiniões políticas”, diz o estatista. “Você apenas tem que aceitar que nós temos uma diferença de opinião”. Você, estatista, não sabe o que você está dizendo, independente do quanto pareça que você entende, se você simplesmente não se importa, você realmente não entendeu. Se você tivesse entendido, você se importaria.
Estatistas, uma diferença de opinião seria isso: Luiza gosta de sorvete de chocolate e você gosta de morango. Então cada um de vocês compra o sabor que quiser. Isto é uma diferença de opinião.
Mas o que você considera uma diferença de opinião é mais parecido com isso: Aí vem o sorveteiro. Você diz para a Luiza: “Você não deve tomar sorvete de chocolate. Morango é melhor. Eu vou tomar o de morango, então você deve querer esse também”.
“Mas eu quero de chocolate”, ela responde. “Eu vou tomar de chocolate. Eu tenho o dinheiro”.
“Você vai pegar o de MORANGO! É a regra”, você diz.
“Você não manda em mim! Eu vou pegar o de chocolate com o meu dinheiro”, diz Luiza.
“Você é uma anti-regras extremista, e uma criminosa”, você diz para a Luiza. “Então eu vou te amarrar naquela árvore”. Quando ela resiste, você sobe o nível da força e a soca até que ela pare de resistir. Você a amarra na árvore e toma o dinheiro do sorvete dela. O sorveteiro chega e você compra dois sorvetes de MORANGO. O sorveteiro vai embora, e você solta a Luiza, e taca nela o sorvete de morango.
“Você não comprou esse sorvete sozinha”, você diz, “então você me deve um favor Luiza. Este é o trato.”
“Eu não fiz nenhum acordo! Você não manda em mim!” grita Luiza.
“Melhor você se acalmar e parar de me perturbar, ou irá ver só.” Diz você.
Consegue perceber como socar alguém, ou usar o governo para prender ou matar alguém que se recusa a deixar você forçar as suas opiniões sobre eles não é apenas “uma diferença de opinião”?
Aquela linha do consentimento, que separa o sexo do estupro, presente de roubo, e trabalho voluntário de escravidão é um limite que você possui da mesma maneira que todo mundo. Você não gosta quando a sua autopropriedade é violada, do mesmo modo que todo mundo também não gosta.
Então quando você defende ameaçar e violar pessoas não agressivas por não obedecerem os mandatos de sua gangue mais numerosa que elas, isto é por si só uma ameaça e uma violação exatamente como alguém que faça ameaças reais de estuprar, roubar, escravizar ou matar pessoas inocentes.
Esta “opinião” que você tem faz de você um agressor, e não apenas alguém com uma opinião diferente. Como defesa contra agressores é uma defesa justificável, como todos os voluntaristas eu consistentemente pratico e demonstro uma enorme contenção, porque com certeza você não tem a menor ideia do que está dizendo e fazendo. Você se encontra em um transe induzido por propaganda. Mas quando um voluntarista perde a calma ou não sabe lidar muito bem com uma discordância com você, este contratempo ocorre por uma razão.
A razão é que você não é um não agressor. Você não está apenas expressando opiniões.
Você está apoiando e exigindo a punição de pessoas pacíficas inocentes que desobedecem suas opiniões. Ao voluntariamente dar suporte a isso, você é um cumplice, um participante voluntário da rotina de iniciação de violação, violência e interações não consensuais.
Mas você não sabe o que faz. Você realmente imagina que seja apenas uma ‘diferença de opinião’. Então ao invés de recorrer a força defensiva justificável, todas as vezes irei me acalmar e pacientemente explicar, e continuarei pacientemente explicando, até que você acorde e veja que voluntariamente participar, exigir e defender agressão é uma forma de agressão. Violar pessoas que não violaram ninguém NÃO É ACEITÁVEL. Defender, advogar e pagar voluntariamente a imposição de regras sobre pessoas pacíficas, porque elas não obedeceram sua gangue? Isto é mais do que uma opinião, e isto não é aceitável.
“Obedeça minha gangue ou seja enjaulado” não é uma opinião.
“Seja enjaulado sem resistir ou seja executado” não é uma opinião.
Artigo original aqui.
Tradução de Fernando Chiocca