Matemática básica do crime

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Desempenho automotivo tem sido fruto principalmente da relação peso-potência. Quanto mais peso, mais energia é necessária para manter o mesmo deslocamento.

O carro elétrico, embora pese quase o dobro do veículo convencional, promete um desempenho maior em eficiência energética: 1 kWh para fazer o mesmo trabalho que um carro a combustão interna faria com 1,6 kWh. Hã?! Como é possível? Por que não pensaram nisso antes, vez que baterias e motores elétricos existem há mais de um século?

Justificar qualquer monopólio legal já seria de um cinismo atroz. Justificar tal monopólio em base de omissão de uma série de dados da realidade deveria ser crime. Mas, é isso que está em curso no Congresso Nacional: a proibição de veículos movidos a gasolina ou diesel em favor dos movidos a eletricidade ou biomassa. O que, no entanto, só será possível em desfavor de tudo o mais.

Vejamos:

O caso é que 1 galão de gasolina contém energia suficiente para manter uma SmartTV funcionando por 36 dias ininterruptamente. Agora, pensem no tamanho, no peso e no preço da bateria que você precisaria para realizar a mesma proeza. Isso é densidade energética.

Assim, os carros elétricos com autonomia aceitável para o uso urbano pesam cerca de 1,8 vezes o peso de carros comuns. Isto pois, cada kg de gasolina contém 13 kWh de energia e, logo, um tanque médio de um carro comum armazena 650 kWh ao peso de 50 quilos. Mas, a bateria convencional de um Tesla Model S, por exemplo, pesa 540 kg e armazena apenas 85 kWh. E isso ao custo de várias vezes do primeiro.

E o problema não se resume à baixa densidade energética das baterias. Sendo a energia elétrica a forma mais cara e menos densa de energia – até chegar às tomadas ela já foi muitas outras formas de energia – reabastecer as baterias de carros para fins de mobilidade também só é “viável” via subsídios.

Entendam:

Descontados os impostos, o kWh contido na gasolina é vendido a R$ 0,14. Nas tomadas de casa, não sai por menos de R$ 0,60. Mas, a mágica da lei tem feito a energia que sai das tomadas de carro elétrico a mais barata disponível para o dono de um carro elétrico. Quem paga a diferença? Seus vizinhos. Inclusive a garçonete que o atende no almoço enquanto ele aguarda o carregamento.

Pois sim, leva-se a partir de 1 hora nos carregadores “rápidos” e 12 horas numa tomada residencial – essa última, contudo, sem subsídios. Logo, uma coisa que o dono de um carro elétrico não faz é abastecer seu carro em casa. Para tentar compensar o infortúnio, acreditem: já há mais vagas reservadas para carros elétricos de US$ 90.000,00 nos EUA, por exemplo, do que para deficientes físicos. E já existem leis locais obrigando estabelecimentos a fornecerem vagas para carros elétricos. Tudo subsidiado.

E também há a questão da durabilidade e do preço altíssimo das baterias, que perdem desempenho ano após ano de uso, até se tornarem imprestáveis a partir do quinto ou sexto ano para fins de mobilidade. O que será feito do veículo usado cujo preço de reposição da bateria supera o seu valor de mercado? Hoje, a resposta é simples: perda total.

Onde isso vai parar?

Afinal, você não dispõe de ao menos US$ 35.000,00 para trocar seu carro convencional por um elétrico básico? Ou para comprar um novo, do zero, a cada 5 anos? Não? Vá de ônibus ou de Uber. Você não dispõe de dinheiro para a conta de luz? Vá de ônibus ou de Uber. Você não pode pagar para descartar seu carro/bateria? Não?! Multa! … É disso também que se trata.

E o que vai acontecer com o preço do carro convencional quando o seu “concorrente” elétrico da mesma categoria, série e fabricante custa no mínimo 40% a mais? O preço do não-elétrico, obviamente, vai subir, para que as chamadas lacunas de decisão de compra sejam preenchidas e os custos de oportunidade dos não-subsídios sejam anulados.

Ah: e alimente-se menos também.

Pois uma residência moderna com 4 pessoas consome em média 300 kWh ao mês. Se você precisar reabastecer seu convencional ou elétrico completamente 4 ou 8 vezes por mês respectivamente, você precisa de cerca de 9 vezes a energia que sua casa precisa. Isto significa que as ditas autoridades teriam de aumentar a oferta de energia elétrica para a população em 9 vezes para dar conta de obriga-lo a trocar seu carro convencional por um elétrico, sem, na prática, deixa-lo a pé e no escuro. 9 vezes! E isso para cada veículo circulando que você tiver em casa.

Impossível!

Como não há energia elétrica suficiente, a alternativa seria substituir a gasolina pelo já subsidiado etanol – mais caro e muito mais danoso ao ambiente onde é produzido. Mas, para tal, no caso do Brasil, teriam de quadruplicar a área plantada de cana-de-açúcar. De duas a uma: desmatando; substituindo outras culturas, em geral de alimentos. Enfim: um aumento de 27 milhões de hectares em terra-firme a serem dedicados à cana-de-açúcar só para substituir a gasolina que vem de meia dúzia de plataformas no mar aberto.

E nem contabilizei os veículos a diesel, também a serem proibidos pelo lobby dos elétricos pelo mesmo projeto de lei aprovado pela CCJ do Senado, diga-se de passagem, por aqui capitaneado por um senador reconhecidamente criminoso, que, não fosse o STF e nosso regime de direito podre, já estaria preso há muito tempo (e antes mesmo que pudessem ter virado deputados e juízes, ele e seus cupinchas).

E ainda restaria dar conta de exportar à preço de banana ou reprocessar a peso de ouro a gasolina e o diesel que necessariamente restariam do craqueamento do petróleo. Afinal, as pessoas e empresas continuariam necessitando de toda uma gama de mais 6.000 derivados desse mineral que saem juntos a cada etapa de refino, muitos deles sem os quais não se produz inclusive turbinas eólicas, placas fotovoltaicas ou, pasmem, baterias e módulos.

Não entrarei em detalhes, mas adivinhem: seria impossível reprocessar todo o excedente de gasolina e diesel sem quebrar também a economia do petróleo. Então, para quem esse excedente será vendido a preço de banana senão praticamente doado? Para as republicas socialistas mundo afora! É também disso que se trata. Mais uma vez o povo vai pagar para salvar esses regimes ditatoriais. E tudo para salvar…”o planeta”.

Recapitulando, a conta de matemática básica não fecha:

1. A mesma quantidade de energia contida em 6 kg de gasolina pesa 540 kg contida na bateria mais avançada disponível.

2. Contido na gasolina cada kWh é vendido a R$ 0,14 sem impostos, mas na tomada de casa ou do estabelecimento, não sai por menos de R$ 0,60 sem impostos – isso quando não entramos na bandeira vermelha dos períodos de seca, quando a pressão sobre o sistema elétrico ainda nem aumentou em função de tal lei absurda.

3. Substituir somente a gasolina por etanol implicaria em quadruplicar a área plantada de cana-de-açúcar, de 9,1 milhões de hectares para 36 milhões de hectares – uma área equivalente ao território da Alemanha, 2,2 vezes o território da Inglaterra ou 9 vezes o território da Suíça, e isso em troca da mesma quantidade de energia produzida em meia dúzia de refinarias.

4. O carro convencional é 40% mais barato que o elétrico e sua vida útil é muito maior, podendo durar facilmente de 10 a 20 anos ou mais, sendo que a tecnologia de combustão interna segue em plena evolução, com carros já fazendo 16 km/l na cidade nos mercados abertos, sem nenhum suporte de baterias.

5. Não há como aumentar a oferta de energia elétrica em 9 vezes por residência-veículo, a fim de que todos os carros circulando sejam elétricos, isso sem falar no transporte de cargas e coletivo de passageiros – sem mágica, o próximo passo legal será assegurar que nem todos estejam autorizados a possuir um carro particular ou mesmo o chamado na lei de “utilitário” (como se o primeiro não o fosse).

6. O diesel e a gasolina continuariam a ser inevitavelmente produzidos, apenas seriam queimados em outros países, com o povo daqui pagando a conta – não bastasse a farsa do CO2, o gás da vida narrado como veneno mortal, as tais emissões não reduziriam, ao contrário, deseconomia sempre implica em menos eficiência no aproveitamento dos recursos e, logo, em mais emissões.

Então, por que afinal proibir os carros a gasolina ou diesel no lugar de deixar elétricos e movidos a biomassa concorrerem com eles? Por que evitar que concorram e, assim, tenham de aumentar todos a eficiência indefinidamente?

Pois bem:

O que as pessoas por trás desses subsídios e proibições querem é tirar o direito de ir e vir por conta própria das demais pessoas e, de quebra, financiar o próprio projeto totalitário continental/global. São os estelionatários eleitorais, sem os quais ninguém “escolheria” pelo socialismo. Entre cúmplices, aliados e patrocinadores dos primeiros, estão aqueles que simplesmente ambicionam proibir decisões econômicas alheias e contrárias a seus próprios interesses – os oportunistas do socialismo.

Pois, como visto, é impossível manter carros elétricos para todas as pessoas que hoje têm carros tradicionais e, ao mesmo tempo, manter as casas e os estabelecimentos iluminados e funcionando e a própria oferta de alimentos. Sem mágica, logo mais proibirão certas pessoas e empresas de terem carros, e ainda pagarão de santos preocupados com algo como “direito à iluminação”. E assim vão concentrando todo poder (e todo o dinheiro) em suas mãos.

O cinismo se agrava quando essas mesmas pessoas são as que, em troca de votos, prometem acabar com a pobreza alheia. Mas, como acabar com a pobreza inflacionando e tornando ainda mais escasso um insumo básico como a energia e ao mesmo tempo retirando das pessoas o poder de ir e vir por conta própria e reduzindo a área disponível para produção de alimentos?

E agora vocês fazem uma ideia do descalabro que é o subsídio ao carro movido à energia elétrica – o projeto de lei do criminoso fala em R$ 184 bilhões em subsídios – e, pior, na proibição dos carros convencionais movidos a energia mineral.

Só que tem mais:

R$ 184 bilhões são apenas a previsão de subsídios diretos aos comendadores e oportunistas. Mas, afinal qual seria o prejuízo à economia em geral se o crime ora gestado no Congresso Nacional legalizado fosse. A resposta, à rigor, é incalculável. Mas, podemos calcular alguns dos prejuízos ditos e certos. Pois como vimos, se o sonho dos santos que amam os pobres e a natureza se concretizasse,, isto é, se toda a frota de veículos movidos a combustível mineral fosse convertida para elétricos e biomassa – digamos 50% para cada um – o consumo de energia elétrica que hoje está em 400.000 GWh teria que subir facilmente aos 1.200.000 GWh. Vez que cada kWh na forma elétrica custa hoje R$ 0,46 a mais que o combustível proibido, então temos R$ 0,46 x 800 GWh = R$ 368 bilhões de gasto desnecessário com energia a mais ao ano nas costas das famílias e empresas.

Simplesmente não há energia elétrica ou de biomassa disponível para suprir tal lei e, se houvesse, o prejuízo à economia ultrapassaria potencialmente R$ 1 trilhão ao ano. É para quebrar de vez o país! E assim leis como essa são emplacadas via chavões – signos e significados, sem nenhum referencial, que tocam o coração das mesmas pessoas que esses querem escravizar. É a velha tática de esquerda. Planificação, deseconomia, miséria e genocídio, tudo em nome do tal mundo melhor. A corrupção do discurso para a corrupção de tudo o mais.

Mais uma vez, leis restringindo as escolhas de mercado são, senão roubo sofisticado, leis sobre controle das pessoas.

Não apenas carro será artigo de luxo, a própria energia será um artigo de luxo. Assim como tudo o mais que desses dependem. Todos vão empobrecer, à exceção, é claro, dos donos do poder.

Nosso país será ainda mais soviético.

Por isso venho insistindo:

Precisamos reduzir o poder dos Poderes. Precisamos de um outro regime de direito. Ou terminaremos como o século XX começou.

6 COMENTÁRIOS

  1. Artigo interessante mas parei de ler no quarto parágrafo. Muito prolixo, cheio de minúcias cansativas. Perdeu uma boa oportunidade de “vender o peixe” de uma forma eficiente.

  2. Sem ter os dados que o autor do texto tem, sempre disse que carro elétrico é modinha. O certo mesmo é a indústria automobilística sempre melhorar a eficiência dos motores à combustão.

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