A cultura do medo em torno do Covid-19 está prejudicando seriamente a saúde das pessoas.
“Jornalistas precisam parar de perguntar sobre uma estratégia de saída do fechamento da economia”, disse no dia 15/04/2020 a ministra da Saúde do Reino Unido, Nadine Dorries. Como outros no governo, e muitos na mídia esquerdista, ela parece achar irritantes as perguntas sobre a quarentena forçada. Dureza. Devemos continuar perguntando quando o fechamento será relaxado e eliminado, por uma razão muito simples: a quarentena está tendo um impacto devastador na economia e na vida das pessoas. Agora mesmo.
Há evidências cada vez maiores de que as pessoas podem estar morrendo como resultado do fechamento das atividades econômicas. Pode ser um resultado indireto – no sentido de que a quarentena não é um ser sensível que entrou em suas casas e os matou – mas, no entanto, parece real. Os diretores dos centros de emergências de Londres estão preocupados com o fato de mais pessoas estarem morrendo de doenças não relacionadas ao coronavírus do que o normal, porque relutam em deixar suas casas e sobrecarregarem o hospital local. Eles acreditam que houve um “forte aumento no número de pessoas gravemente doentes que morrem em casa”. Eles relatam que dezenas de pessoas acima do normal estão morrendo em casa devido a paradas cardíacas, por exemplo, presumivelmente porque não querem impor à nossa sociedade fechada e ao que é continuamente apresentado a nós como um serviço de saúde esgotado e lotado.
O Royal College of GPs diz que notou um “aumento” no número de pessoas que morrem em casa por doenças recuperáveis. Os paramédicos relatam que estão atendendo a mais chamadas domésticas do que o normal, onde os pacientes que sofrem de parada cardíaca já estão mortos – presumivelmente porque as pessoas estão ligando para a emergência muito mais tarde do que normalmente. As coisas pioraram tanto que o NHS (o SUS britânico) teve que emitir uma declaração encorajando pessoas gravemente doentes ou muito preocupadas a continuarem buscando atendimento de emergência. “Qualquer pessoa que precise de ajuda urgente – pessoas com insuficiência cardíaca ou mães grávidas preocupadas com o bebê – deve absolutamente ir procurar ajuda no NHS local”, afirmou.
Isto segue um relatório da semana passada, que cerca de metade das macas em alguns hospitais ingleses estão vazias. As autoridades de saúde temem, nas palavras do Financial Times, que isso ocorra porque ‘as pessoas podem não procurar ajuda para … condições com risco de vida durante a pandemia de coronavírus’. Os números são extraordinários. Na décima quarta semana de 2019, havia perto de 160.000 internações de emergência em hospitais ingleses (que era um número acima da média). Na décima quarta semana deste ano, havia cerca de 60.000.
Além disso, o Escritório de Estatísticas Nacionais relatou um aumento muito grande nas mortes semanais na semana passada, que foram usados pela mídia pró-quarentena e pela esquerda antigoverno, como prova das falhas do governo de Boris Johnson em relação ao Covid-19. No entanto, o que os comentaristas menos focaram foi no fato de que, dessas 6.000 mortes extras, pouco mais da metade delas foram oficialmente registradas como mortes por ou com coronavírus. Isso deixa um ponto de interrogação sobre mais de 2.500 mortes extras. É perfeitamente possível, é claro, que algumas ou mesmo muitas dessas mortes tenham sido relacionadas ao vírus, mas por alguma razão não tenham sido registradas como tal. Mas essas mortes extras não claras também levantam a possibilidade distinta de que a quarentena está prejudicando a saúde das pessoas de uma maneira muito significativa. Como a BBC relata, pode ser que a quarentena esteja tendo um efeito, como pessoas que não procuram tratamento para outras condições ou mortes de saúde mental subindo’.
Parece haver uma situação semelhante na Escócia. Na semana passada, o diretor médico interino da Escócia, Gregor Smith, expressou preocupação com o quão ‘assustadoramente silencioso’ o sistema de saúde ficou (além dos casos de coronavírus). A Escócia registrou 1.741 mortes na semana até 5 de abril, 643% acima da média daquela semana nos últimos cinco anos. No entanto, o coronavírus estava no atestado de óbito de apenas 282 dessas 643 mortes extras. Novamente, é muito provável que algumas das outras mortes extras também tenham sido relacionadas a vírus, mas por alguma razão não tenham sido registradas como tal. Mas parece bastante claro que também houve ‘mortes extras’ não relacionadas ao vírus – ou seja, mortes que de outra forma poderiam não ter ocorrido naquela semana. Gregor Smith diz que a estranha quietude do sistema de saúde é ‘imediatamente desconcertante’ porque sugere que as pessoas não estão mais apresentando doenças. “Mas essas doenças não desapareceram”, diz ele.
Parece haver desenvolvimentos semelhantes em outros países também. O New York Times publicou um artigo em 6 de abril com a manchete: “Para onde foram todos os ataques cardíacos?”. Foi escrito por um médico que também descreveu hospitais nos EUA como sendo “assustadoramente silenciosos”. Ele ouviu de colegas que estão atendendo menos pacientes com ataques cardíacos, derrames, apendicite aguda e doença aguda da vesícula biliar do que normalmente veriam. Na Espanha, os pesquisadores de saúde encontraram uma redução de 40% nos procedimentos de emergência para ataques cardíacos no final de março, em comparação com um período normal. Médicos em Hong Kong relataram um aumento no número de pacientes que chegam ao hospital no final do processo de parada cardíaca, quando a cirurgia para salvar vidas se torna mais difícil.
Na Austrália, houve uma “queda drástica” de pacientes com câncer e ataques cardíacos que se apresentaram nos serviços de saúde. Em Victoria, as autoridades de saúde relatam um declínio de 50% em novos pacientes com câncer e 30% em emergências cardíacas. Atualmente, teme-se que a “ansiedade por coronavírus” possa levar a “mais mortes por câncer e ataques cardíacos”. Houve 63 mortes relacionadas ao Covid na Austrália. Parece viável, pelo menos, que o número de mortes indiretas causadas pela ansiedade seja maior que isso.
Tudo isso aponta para – ou pelo menos levanta questões sobre – o impacto potencialmente terrível da quarentena e da cultura do medo em torno do Covid-19. No Reino Unido, por exemplo, estamos trancados e somos ferozmente instruídos, em particular pela extrema imprensa, a não sair. Não seja uma praga, não seja anti-social, não seja um fardo. Ao mesmo tempo, o SUS (NHS no Reino Unido) foi santificado quase como uma nova religião e somos instruídos todos os dias por líderes políticos a “Salvar o SUS”. Se neste clima as pessoas estão recebendo a mensagem de que é imoral deixar sua casa e ainda mais imoral incomodar os santos do SUS, isso não é de todo surpreendente. Parece particularmente irresponsável que a mídia compartilhe constantemente clipes de médicos e enfermeiros derramando lágrimas sobre a dificuldade do trabalho diário. Ninguém duvida que seja difícil e todos são gratos pelo que estão fazendo. Mas a mensagem perigosa comunicada aqui é: não damos conta. Fique em casa, salve o SUS, não incomode esses médicos estressados – agora parece possível que essa cultura Covid também esteja causando sérios danos.
Qualquer pessoa que questione a quarentena é instantaneamente condenada como contra as pessoas idosas e até como pró-morte. Eles são informados de que não se importam com os idosos e os vulneráveis e estão vergonhosamente envolvidos em uma “troca” entre a vida dessas pessoas e a economia. Vamos deixar de lado o fato de que o enorme impacto que a economia sofrerá como resultado da quarentena e da crise de coronavírus de maneira mais ampla – na forma de um encolhimento sem precedentes de 35%, de acordo com o Office for Budget Responsibility – prejudicar a saúde e a expectativa de vida também. A questão mais premente é que agora o fechamento está prejudicando as pessoas. Portanto, o lobby pró-quarentena supostamente virtuoso também está implicitamente fazendo um ‘trade-off’ – entre vidas em risco da Covid e vidas em risco devido aquarentena. Eles decidiram, ao que parece, que estes últimos não são muito importantes.
Não há solução fácil para esse problema. Mas me parece que há uma coisa que podemos fazer agora para tentar melhorar as coisas: seja honesto sobre a quarentena e seu impacto no trabalho, nos meios de subsistência e na própria vida e inicie um debate sério e aberto sobre se a quarentena é a abordagem correta e – Dorries que me perdoe – quando ela terminará.
Artigo original aqui.
Tradução de Luis Felipe
“extrema imprensa” melhor definição…
Artigo estarrecedor. É o que eu sempre penso a respeito da gangue de ladrões em larga escala do estado: eles matam mosquitos com tiro de canhão, não porque se preocupam com mosquitos, mas adoram os efeitos colaterais.
Mais um excelente artigo! De fato, os governos agiram erroneamente e de forma draconiana sobre o covid-19, sustentados pelo medo das pessoas. A população, simplesmente “caiu” na armadilha estatal, sem raciocinar, sem buscar dados concretos sobre os efeitos da doença. Apenas seguiram o que o Estado e a mídia (braço direito estatal) disseram. E o resultado está aí, muito mais mortes por outras doenças já existentes (fora as mortes que virão devido a fome). A grande realidade, é que o covid-19 é o vilão mais fraco de toda essa história.
A mídia não é sua amiga. Muito bom o artigo.
Muito bom o artigo cara, não conhecia o site, ótimo trabalho de tradução!