A educação formal é, na prática, doutrinação estatal

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A educação que recebemos desde o princípio das nossas vidas, na infância, é o erro fundamental que contribui ativamente para a manutenção de uma sociedade disfuncional e pouco (ou nada) inovadora. É a educação que recebemos que está condenando a sociedade a um processo degradante de estagnação e retrocesso permanente. Embora não seja o único problema que enfrentamos como sociedade, a educação formal que os cidadãos recebem desde a infância é parcialmente responsável para que a civilização atual seja tão ostensivamente disfuncional.

Os problemas da educação escolar são patentes, logo em uma primeira análise. Veja que ninguém aprende absolutamente nada de útil na escola. Os alunos não aprendem economia, educação financeira, empreendedorismo, estratégias de sobrevivência, ou como se tornar um indivíduo totalmente independente e autossuficiente, de maneira a jamais passar necessidades. Muito pelo contrário. O que temos na verdade é um deplorável esquema de doutrinação em massa, onde os alunos são recompensados por quão obedientes eles são, ao invés de serem estimulados a pensar, questionar e raciocinar por conta própria.

Como um indisciplinado rebelde e intransigente que nunca estudava — apesar de ser um assíduo frequentador da biblioteca da escola (em determinadas séries sendo o único em toda a sala de aula) — que contestava os professores frequentemente e fazia perguntas inconvenientes, sendo constantemente reprovado, posso afirmar seguramente que um ambiente tão formal, severo e inflexível não fez benefício algum à minha formação. Muito pelo contrário. A educação formal tirou de mim habilidades que, se tivessem sido estimuladas e bem aproveitadas, poderiam ter me levado a uma série de conquistas ainda na juventude. Mas aprendi da pior maneira possível que a educação formal não agrega absolutamente nada aos indivíduos, muito pelo contrário — ela subtrai.

Sendo assim, podemos constatar — sem medo nenhum de errar — que a educação formal é na verdade um grande programa de emburrecimento em massa. Hoje percebo quão verdadeiras são as palavras do famoso escritor americano H. L. Mencken sobre a educação estatal: “O objetivo da educação pública não é, de maneira alguma, levar ao esclarecimento, mas simplesmente reduzir o maior número possível de indivíduos ao mesmo nível, possibilitando a criação de uma cidadania padronizada, para eliminar a dissidência e a originalidade.”

Isso é realizado deliberadamente para que aqueles que estão no poder jamais venham a ser derrubados. Assim, as grandes corporações (que pertencem às famílias mais ricas do mundo) jamais terão que se preocupar com empresários aguerridos e inovadores que acabarão com os seus monopólios onipotentes, e a fábrica de fazer escravos — popularmente conhecida como sala de aula — continuará fornecendo à sociedade mão-de-obra barata e produtiva, com cidadãos que se contentarão com o mínimo possível para sobreviver, votando em políticos carismáticos que — sendo apenas fantoches — vão se esforçar em manter tudo exatamente como está.

É incontestável o fato de que aprendemos uma série de coisas erradas na escola. Somos condicionados a cantar o hino nacional, sendo adestrados como boas marionetes no nacionalismo desde pequenos. Aprendemos que dinheiro tem valor, quando na verdade ativos como ouro, prata e pedras preciosas é que possuem valor real. Dinheiro é apenas papel colorido, e não possui qualquer valor, não podendo nem mesmo ser classificado como riqueza real. Mas — perfeitamente doutrinados pelo sistema — somos levados a acreditar que é prudente trabalhar arduamente, para acumular papel colorido ao longo de nossas vidas, enquanto todas as reservas de ouro, prata e pedras preciosas do mundo ficam na mão de governos e das dinastias mais ricas e poderosas do mundo. Papel colorido para vocês, ouro, prata e pedras preciosas para mim e para minha família.

A quantidade de coisas erradas que aprendemos é simplesmente numerosa demais para ser devidamente catalogada. Mas vou dar mais um exemplo. Nós aprendemos que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil. Mas quando ele chegou aqui, já existiam aproximadamente duas mil tribos e civilizações indígenas espalhadas por todo o território que viria a ser a nação brasileira. Logicamente, você não descobre um território que já é habitado. A chamada Era das Navegações e dos Descobrimentos na verdade deveria ser renomeada como uma época de percepção e eventual exploração da Europa sobre o continente americano — que já era inteiramente habitado por uma grande variedade de tribos, impérios e povos autóctones, de norte a sul.

E o princípio da navegação, do reconhecimento e do estabelecimento de colônias europeias no continente americano provavelmente aconteceu muito antes do que as pessoas pensam. Atualmente, existem fortes indícios históricos de que o explorador viking Leif Erikson tenha estabelecido colônias em territórios onde hoje é o Canadá, por volta do ano 1.000, séculos antes de Cristóvão Colombo ter chegado ao continente.

O diagnóstico para uma educação de qualidade

Invariavelmente, você irá perguntar: ora, então qual é a solução para o problema da educação? E a resposta é simples — eu não sei, e nem preciso saber.

Em primeiro lugar, sou libertário. Não sou socialista para ter a solução mágica e milagrosa para todos os problemas da humanidade. Eu apontei a existência de um problema que afeta toda a sociedade. A solução virá, naturalmente, de todos os indivíduos que desejam resolver este problema. Com liberdade, um amplo mercado iria disponibilizar uma grande e numerosa variedade de soluções para este problema; eventualmente, as melhores soluções ganhariam mais adesão de pessoas interessadas, bem como as maiores fatias do mercado da educação.

Obviamente, como libertário, entendo que a solução mais viável e natural para uma educação de qualidade seria totalmente descentralizada, de maneira que os pais viessem a ter total autonomia para decidir a forma mais apropriada de educar os seus filhos. Alguns pais iriam optar pelo homeschooling, enquanto outros talvez iriam querer matricular os filhos em uma escola mais convencional. Não obstante, sou totalmente favorável a programas de estudo e de educação personalizados e individualizados, onde os educadores pudessem se concentrar em um pequeno e reduzido número de crianças, de maneira a compreender quais são os talentos e as habilidades de cada aluno. Assim que essas habilidades individuais fossem identificadas, a criança seria treinada de maneira a potencializar suas aptidões.

Uma educação padronizada não apenas é totalmente desnecessária, como é destrutiva. Ela inibe o desenvolvimento pessoal das crianças e não estimula de forma eficiente o intelecto. Definitivamente, não é necessário que todas as crianças aprendam geografia, história, filosofia ou álgebra (até hoje não sei o que fazer com a fórmula de Bhaskara ou com o plano cartesiano).

A verdade é que cada criança deveria receber uma educação capaz de potencializar suas aptidões particulares, quer sejam elas intelectuais, quer sejam manuais. Desta forma, a criança iria se desenvolver de forma muito mais adequada, dispondo de um acompanhamento profissional responsável por sua evolução pessoal. Com suas aptidões particulares sendo cada vez mais refinadas na infância — e posteriormente na adolescência —, quando o indivíduo atingisse a idade adulta, ele estaria apto a escolher uma carreira ou profissão que fosse devidamente compatível com as suas habilidades. Obviamente, a educação não seria perfeita. Mas seria muito superior ao modelo atual.

O mais importante, no entanto, seria educar os indivíduos de maneira que eles pudessem pensar e desenvolver de forma apropriada as suas faculdades de raciocínio. Atualmente, treinamos as pessoas para que elas trabalhem oito horas ou mais por dia, se especializem em uma única profissão e não pensem em absolutamente nada além disso. É a famosa corrida dos ratos, onde o hamster fica o dia inteiro correndo em uma roda de metal preso em uma gaiola. Ele se movimenta o dia inteiro, mas não sai do lugar. Ou seja, o indivíduo trabalha até o limite da total extenuação, de maneira que fica cansado demais para tomar qualquer atitude para se libertar da situação em que se encontra, que é análoga a uma prisão. É o paradoxo da escravidão permanente, que exaure o corpo, mas preserva o condicionamento mental de servidão e limitação intelectual.

O que precisamos é de algo diametralmente oposto e verdadeiramente revolucionário. Precisamos de uma educação que promova uma sólida emancipação intelectual, de maneira a libertar as pessoas do sistema. Precisamos de pessoas que pensem, que não sejam oprimidas por formalidades imbecis, que não recebam doutrinação que as condene a uma estagnação permanente, que pensem tanto em termos de renda ativa quanto de renda passiva, que não pensem em dinheiro de papel, mas em ouro, prata, pedras preciosas e ativos reais, e acima de tudo, que não sejam escravas de diplomas, mestrados e doutorados — pedaços de papel que nos foram vendidos como garantias de sucesso profissional, mas que atualmente não representam um ganho real no mercado de trabalho. Precisamos de pessoas que pensem em termos de mercado, de inovações, de soluções de problemas, de entrega real de valores para a sociedade e do atendimento real das necessidades de terceiros.

Precisamos entender que a educação real não existe. O que existe é um grande esquema de doutrinação em massa, que vende miríades de ilusões e posteriormente produz inúmeras frustrações nos indivíduos, que não viram cumpridas ou executadas as promessas de sucesso prometidas pela educação formal.

Atualmente, ninguém é realmente estimulado a se desenvolver no atual sistema educacional de ensino. O que temos é uma fábrica industrial de escravos, que não pensa, não raciocina, não questiona e não contesta. O que temos é a produção de uma “cidadania padronizada”, para citar novamente H. L. Mencken, que também disse: “O fato é que a educação é em si uma forma de propaganda – um esquema deliberado para dotar o aluno, não com a capacidade de ponderar ideias, mas com um simples apetite por ideias prontas para engolir. O objetivo é formar ‘bons’ cidadãos, ou seja, cidadãos dóceis e desinteressados.” Uma educação real promoveria a verdadeira emancipação dos indivíduos. Para que essa educação real venha a existir, no entanto, o atual sistema de educação deve ser exposto por aquilo que ele realmente é — um sistema compulsório de escravidão e doutrinação em massa, cujo grande objetivo é promover e institucionalizar a mediocridade coletiva.

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