VI ― Conhecimento, Expectativas, Ordem e Caos

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Um tolo acredita que a incerteza infecte a vida humana com a miséria do medo. Uma pessoa de razão sabe que ela impregna a vida humana com o benefício da escolha.

 

 

Um pouco de conhecimento faz com que a pessoa creia saber tudo. Algum conhecimento faz com que a pessoa tenha medo do pouco que sabe. Muito conhecimento faz com que a pessoa aceite que nada sabe.

 

 

Um cientista acredita que a ciência é uma fonte de conhecimento. Um pseudocientista acredita que a ciência seja a fonte do conhecimento.

 

 

Um aparente niilista ontológico acredita que nada realmente exista. Um verdadeiro niilista ontológico acredita que nada apenas pareça existir.

 

 

Uma previsão bem-sucedida é uma viagem mental para o menos impossível dos mundos futuros.

 

 

Um tecnocrata é alguém demasiado acanhado para ser um inventor, demasiado inepto tecnicamente para ser um cientista, demasiado avesso à realidade para ser um empreendedor e demasiado sedento de poder para ser um consultor.

 

 

Um utopista acredita na mudança da natureza humana. Um realista acredita na libertação do seu potencial.

 

 

Um indivíduo sábio é alguém que é grato por ser chamado de tolo quando está errado, indiferente a ser chamado de tolo quando está certo, envergonhado por ser chamado de sábio quando está certo e incomodado por ser chamado de sábio quando está errado.

 

 

Deixando de lado todas as ilusões, o desenvolvimento pessoal consiste em pouco mais que limpar-se de camadas infinitas de tolice.

 

 

Um otimista otimista espera que o mundo não acabe amanhã. Um otimista pessimista teme que isso possa acontecer. Um pessimista otimista espera que sim. Um pessimista pessimista teme que não.

 

 

À medida que o mundo está cada vez mais cheio de intelectuais, a inteligência se torna cada vez menos importante que o bom senso.

 

 

Competência é o uso inteligente do conhecimento. Sabedoria é o uso inteligente da inteligência.

 

 

Desenvolver sabedoria prática é o processo de extrair o atemporal do oportuno.

 

 

A educação permite lidar com a superstição ignorante. O bom senso permite lidar com a superstição educada.

 

 

Alimentar a mente com a dieta das notícias é o caminho mais seguro para a indigestão mental.

 

 

A ignorância honesta é sabedoria comparada ao conhecimento falso.

 

 

A ignorância é a ausência de conhecimento autêntico. A estupidez é a presença de conhecimento fingido.

 

 

Ignorância: o amortecedor contra o tormento da onisciência sem onipotência.

 

 

A imaginação pode ser mais importante que o conhecimento, mas imaginação sem conhecimento é pior que conhecimento sem imaginação.

 

 

Na terra dos idiotas educados, quem é racionalmente ignorante é rei.

 

 

Na era da pré-informação, erudição era saber tudo que há para saber. Na era da informação, erudição é saber o que há para saber.

 

 

Na era da pré-informação, a criação de conhecimento consistia em quebrar o silêncio. Na era da informação, consiste em cortar o ruído.

 

 

Na era da pré-informação, o desenvolvimento pessoal consistia num acúmulo constante de raro bom senso. Na era da informação, consiste numa resistência constante ao absurdo onipresente.

 

 

Informação é dado entendido. Conhecimento é informação entendida. Sabedoria é conhecimento entendido.

 

 

Inovar é o processo de tornar abundantes os bens escassos. Direitos autorais são o processo de tornar escassos os bens abundantes.

 

 

Insight: uma ruptura súbita no véu da própria ignorância.

 

 

A inteligência permite prever o desconhecido. A sabedoria permite prever o incognoscível.

 

 

É perigoso subestimar a estupidez das massas, mas é fatal subestimar a estupidez dos intelectuais.

 

 

É possível

obter os direitos autoriais para um haicai.

  1. I. é uma farsa.

 

 

É necessário um simplório para fazer algo claramente estúpido, mas é necessário um intelectual para fazer algo incompreensivelmente estúpido.

 

 

O conhecimento está para a sabedoria assim como a confiança está para a serenidade.

 

 

Modernidade: ordem artificial.

Pós-modernidade: caos artificial.

Pós-pós-modernidade: caos espontâneo.

Normalidade: ordem espontânea.

 

 

Modernidade: a qualidade de ainda não ter passado no teste do tempo.

 

 

A sabedoria moral reconhece o fato de que alguns males podem ser inevitáveis. A estupidez moral conclui que eles, portanto, sejam necessários.

 

 

O otimismo cura os sintomas da decepção. O pessimismo cura a sua causa.

 

 

A filosofia começa com o impulso de perseguir o infinito e termina com a percepção de que um perseguidor finito realmente não está à altura da tarefa.

 

 

A filosofia é o caminho mais tortuoso da curiosidade à confusão.

 

 

Positivismo: o refúgio intelectual daqueles distraídos demais para se tornarem cientistas naturais sérios e tacanhos demais para se tornarem filósofos sérios.

 

 

“Pós-modernismo” é para a erudição o que a decadência é para a arte.

 

 

“Pós-modernismo”: a noção de que a habilidade intelectual suprema seja a capacidade de produzir estupidez arcana.

 

 

Propaganda: educação transformada em direito.

 

 

A “educação pública” é o alicerce institucional do totalitarismo mental.

 

 

A “educação pública” é para a mente o que o açoitamento público é para o corpo.

 

 

Dizer “é uma boa teoria, mas não funcionaria na prática” é o sinal mais comum de que não se tem ideia do que seja uma boa teoria.

 

 

A ciência não pode eliminar a metafísica, mas pode forçá-la a subir de nível.

 

 

O cientificismo é a única religião que vê a arrogância como uma virtude.

 

 

O cientificismo é a única superstição que não apenas assegura aos seus seguidores que eles estejam livres de superstições, mas também que estejam imunes a elas.

 

 

O cientificismo é o romantismo dos nerds.

 

 

Cientificismo: metafísica em negação da metafísica.

 

 

Estupidez é sentir-se confortável com a própria ignorância. Sabedoria é não se sentir desconfortável com isso.

 

 

Estupidez é ignorância da própria ignorância. Sabedoria é conhecimento da própria falta de conhecimento.

 

 

Estupidez é a crença de que você possa saber antes de pensar. Sabedoria é a crença de que você pode não saber depois de pensar.

 

 

Estupidez é a recusa em lutar contra a própria ignorância. Sabedoria é a capacidade de perder essa batalha com elegância.

 

 

Os benfeitores tecnocráticos são a prova definitiva de que não existe contradição entre inteligência e estupidez.

 

 

O adjetivo “social” somado a uma palavra a transforma no seu oposto, como em “serviço”, “segurança”, “trabalho”, “bem-estar” e “justiça”.

 

 

A diferença entre um homem confiante e um homem de confiança é que o primeiro age conforme as suas previsões, ao passo em que o segundo apenas as vende.

 

The difference between a confident man and a confidence man is that the former buys into his predictions, while the latter sells them out.

 

 

A diferença entre um intelectual e uma pessoa da razão: ambos duvidam da sabedoria das massas, mas a segunda duvida também da sabedoria dos intelectuais.

 

 

O foco exclusivo nas “grandes notícias” é a província exclusiva das mentes pequenas.

 

 

A linha tênue entre sabedoria moral e estupidez moral é a diferença entre perceber que o mal às vezes é indistinguível do bem e acreditar que isso torne os dois idênticos.

 

 

O objetivo da tecnologia é determinar o que torna a realidade confortável. O objetivo da filosofia é determinar o que torna o conforto real.

 

 

O maior triunfo do mal é convencer as vítimas da sua própria necessidade.

 

 

O maior valor da experiência não é que ela nos ofereça conhecimento, mas que ela nos liberte de expectativas.

 

 

O principal benefício da interação com os intelectuais não consiste em tomar apreço pelo poder do intelecto humano, mas sim em tomar consciência da sua fraqueza.

 

 

A principal virtude epistêmica na era da informação é a ignorância seletiva.

 

 

A maneira mais eficaz de fazer as humanidades degenerarem em charlatanismo é tentar torná-las “científicas”.

 

 

O sintoma mais flagrante de decadência intelectual é a tendência à rejeição do “dogmatismo” da lógica.

 

 

A lição mais importante da era da informação é que a sabedoria consiste tanto no conhecimento geral quanto na ignorância específica.

 

 

O testemunho mais impactante da raridade da inteligência genuína não é um encontro com um caipira típico, mas sim um encontro com um intelectual típico.

 

 

O conhecimento mais útil provém da compreensão da extensão da sua ignorância.

A ignorância mais nociva provém da avaliação errônea da extensão do seu conhecimento.

 

 

A única coisa boa sobre os tecnocratas é que eles são tacanhos demais para aspirarem a ser “reis filósofos”.

 

 

A ontologia da lógica numa frase: uma tautologia é o que é, um paradoxo é o que não é, e todo o resto é outra coisa.

 

 

Acreditar na apropriação das ideias é acreditar na escravização das mentes.

 

 

Tentar trocar argumentos com um “pós-modernista” é como tentar reformar um prédio com um vândalo.

 

 

A incerteza é o preço que pagamos pela existência.

 

 

Quando a sua mente está no lugar errado, simplesmente não importa onde o seu coração esteja.

 

 

A sabedoria é uma admissão de estupidez na qual culmina uma vida inteira de busca por sabedoria.

 

 

A sabedoria é a capacidade de perdoar a estupidez enquanto se age implacavelmente no combate contra ela.

 

 

A sabedoria é a capacidade de tornar inofensiva a própria ignorância.

 

 

A sabedoria é a capacidade de simplificar o complexo sem reduzi-lo.

 

 

A sabedoria é a habilidade de ser apaixonado na compreensão da realidade, mas desapaixonado no julgamento dela.

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Jakub Bozydar Wisniewski
é membro do Mises Institute, professor assistente na Faculdade de Direito, Administração e Economia da Universidade de Wroclaw e um acadêmico afiliado e membro do Conselho de Administração do Ludwig von Mises Institute na Polônia. Ele possui mestrado em filosofia pela Universidade de Cambridge e doutorado em economia política pelo King's College London. Ele é o autor de The Economics of Law, Order, and Action: The Logic of Public Goods, Libertarian Quandaries e The Pith of Life: Aphorisms in Honor of Liberty. Ele é o ganhador do prêmio Douglas E. French do Mises Institute e o prêmio George and Joele Eddy. Seus principais interesses de pesquisa incluem a teoria do empreendedorismo, a teoria dos bens públicos, a metodologia da economia e a ética nos negócios.

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