Malditos consumidores!

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O livre comércio global é sobre liberdade individual, não nacional – para consumidores e produtores que importam matérias-primas, ferramentas e produtos semiacabados.

Além de seu papel como um aspecto da liberdade pessoal, os benefícios de eficiência do livre comércio estão bem estabelecidos desde o início do século XIX. A este respeito, o comércio doméstico e o comércio global são iguais. As restrições comerciais interrompem o processo produtivo, tornando-o menos eficiente e, portanto, menos benéfico para os consumidores. “Tudo o que se pode conseguir com uma proteção aduaneira “, escreveu Ludwig von Mises em Ação Humana, ” é desviar a produção dos locais onde ela é maior, por unidade de aporte, para locais onde é menor. Não aumenta a produção; restringe-a.” Mas as pessoas se beneficiam com a produção expandida, não com a produção reduzida.

Infelizmente, o livre comércio não goza hoje de um amplo apoio. Os principais partidos políticos se opõem a ele. Eles nem falam da boca para fora. Eles acham que os compradores, especialmente os consumidores, compram as coisas erradas das pessoas erradas. Os consumidores são um grupo indisciplinado e imprevisível. Eles preferem produtos estrangeiros mais baratos e de alta qualidade a produtos nacionais mais caros e de qualidade inferior. O que se esquecem é que eles também incomodam empresas e trabalhadores nacionais por outras razões que não a concorrência estrangeira, como inovação e mudança de gostos. Também se esquece que, se conseguirmos um acordo melhor no exterior, a mão de obra e os recursos nacionais serão liberados para outras coisas.

A política do governo favorece os produtores (incluindo os trabalhadores) em detrimento dos consumidores e compradores intermediários. Isso é idiotice, pois, como Adam Smith apontou: “O consumo é o único fim e propósito de toda a produção”. Isso não significa que o governo deva favorecer os consumidores. Significa laissez faire.

Ninguém defendeu melhor a sabedoria do intercâmbio internacional irrestrito do que Henry George. Em seu livro de 1886, Proteção ou Livre Comércio, George escreveu: “O livre comércio consiste simplesmente em permitir que as pessoas comprem e vendam como quiserem. É a proteção que requer força, pois consiste em impedir que as pessoas façam o que querem fazer.”

Isso é contrário à visão dos principais partidos, que acreditam que a liberdade individual deve ser tolerada apenas se estiver em conformidade com o “interesse nacional” como eles o definem.

George acrescentou:

“Se os americanos não quisessem comprar produtos estrangeiros, os produtos estrangeiros não poderiam ser vendidos aqui, mesmo que não houvesse tarifas. A causa eficiente do comércio que nossa tarifa visa impedir é o desejo dos americanos de comprar produtos estrangeiros, não o desejo dos produtores estrangeiros de vendê-los. Não é dos estrangeiros que a proteção nos preserva e defende; é de nós mesmos.” [Ênfase adicionada.]

Em seguida, vem a linha matadora: “O que a proteção nos ensina é fazer a nós mesmos em tempos de paz o que os inimigos procuram fazer conosco em tempos de guerra”.

Como o protecionista responde a isso? Qualquer resposta repudiaria a sabedoria de Adam Smith. O ponto principal de A Riqueza das Nações é que o bem-estar não consiste em pilhas de ouro em cofres do governo, mas sim no acesso a bens. Biden, Trump, Lula, Bolsonaro e os antieconomistas em que confiam querem que você esqueça isso.

Uma tarifa é um imposto. Mas, ao contrário de outros impostos, o objetivo não é aumentar a receita. O objetivo de uma tarifa protecionista é aumentar os preços e limitar a escolha no mercado interno. Isso deveria punir o estrangeiro e ajudar os concorrentes domésticos, mas é uma maneira estranha de fazer isso porque muitos outros cidadãos são prejudicados. Mesmo os beneficiários pretendidos são prejudicados. Muitas importações não são produtos de consumo. São insumos que os fabricantes nacionais precisam para fabricar produtos de consumo. A tarifa aumenta os custos dos produtores, leva as empresas marginais à falência, desemprega trabalhadores e degrada a competitividade das empresas sobreviventes internacionalmente. Mesmo os trabalhadores das indústrias protegidas enfrentam preços mais altos ao consumidor, compensando os benefícios que esperavam da tarifa.

Como costumavam dizer os defensores do livre-comércio britânicos: os salários compram mais sob o livre comércio. Isso significa que o salário compra menos sob o protecionismo.

O protecionismo desperdiça recursos escassos, restringe a liberdade individual e dificulta a busca da felicidade. “Esse é o ponto crucial da questão”, escreveu Mises. “Todas as sutilezas e bizantinices desperdiçadas na tentativa de invalidar essa tese fundamental são inúteis.”

 

 

 

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