Trono e Altar: expectativas messiânicas delirantes

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Quando expectativas infundadas são criadas, pode-se ter certeza que elas se transformarão em ressentimentos.

Essa sabedoria me ocorreu recentemente enquanto eu refletia sobre o início do sexto capítulo do Evangelho de João. Nosso Senhor realiza o milagre da multiplicação dos pães e peixes como um sinal para o povo de que eles podem acreditar nele. O povo, no entanto, tinha expectativas muito claras em relação a Jesus: eles iriam fazer dele um rei para ter um suprimento constante de pão e peixe milagrosos.

Isto faz com que Jesus se retire: “Sabendo Jesus que pretendiam proclamá-lo rei à força, retirou-se novamente sozinho para o monte.” (João 6, 15). A multidão o perseguirá, mas acabará saindo com ressentimento porque ele está oferecendo o Pão da Vida e não comida de graça.

O que a multidão queria, o Cristo não estava disposto a dar. Em vez disso, eles teriam lutado de bom grado uma revolução política por qualquer falso messias que lhes prometesse mais almoços grátis.

Isso, é claro, soa como o Anticristo, que é descrito pelo Catecismo da Igreja Católica como o culminar de uma “impostura religiosa, que trará aos homens uma solução aparente para os seus problemas, à custa da apostasia da verdade.” (675).

Nas últimas décadas, a Igreja alertou contra a avidez com que os países buscaram tais falsos messias. Por exemplo, temos a advertência do Papa Pio XI contra o comunismo de 1937, Divini Redemptoris:

                     “(8) A doutrina comunista que em nossos dias se apregoa, de modo muito mais acentuado que outros sistemas semelhantes do passado, apresenta-se sob a máscara de redenção dos humildes. E um pseudo-ideal de justiça, de igualdade e de fraternidade universal no trabalho de tal modo impregna toda a sua doutrina e toda a sua atividade dum misticismo hipócrita, que as multidões seduzidas por promessas falazes e como que estimuladas por um contágio violentíssimo lhes comunica um ardor e entusiasmo irreprimível, o que é muito mais fácil em nossos dias, em que a pouco eqüitativa repartição dos bens deste mundo dá como conseqüência a miséria anormal de muitos. Proclamam com orgulho e exaltam até esse pseudo-ideal, como se dele se tivesse originado o progresso econômico, o qual, quando em alguma parte é real, tem explicação em causas muito diversas, como, por exemplo, a intensificação da produção industrial, introduzida em regiões que antes nada disso possuíam, a valorização de enormes riquezas naturais, exploradas com imensos lucros, sem o menor respeito dos direitos humanos, o emprego enfim da coação brutal que dura e cruelmente força os operários a pesadíssimos trabalhos com um salário de miséria.”

Eu gostaria de sugerir que falsas expectativas messiânicas estiveram no centro das mudanças radicais deletérias que os Estados Unidos experimentaram nos últimos anos:

  • Em 2008 e 2012, Barack Obama venceu as eleições presidenciais usando promessas messiânicas de “esperança” e “mudança”.
  • Em 2016, Donald Trump venceu a eleição com a promessa igualmente messiânica de “tornar a América grande novamente”.
  • Em 2020, o povo clamou irracionalmente por seus líderes para salvá-los da temporada de gripes e resfriados. Os líderes, convencidos de suas habilidades messiânicas, tornaram ilegal para a maioria das pessoas trabalhar ou mesmo sair de casa, seguido por uso obrigatório de máscara e a injeção forçada de poções não testadas.

Como a economia foi neste momento intencionalmente quebrada, o povo clamava por algo ainda melhor do que a multiplicação de pães e peixes; eles queriam a impressão de enormes quantidades de dinheiro grátis pelo governo. Quase todos os políticos concordaram em fingir ser um messias, e um homem corajoso sentiu a ira de Trump por se recusar a concordar com isso:

  • Isso não foi suficiente, no entanto, pois a temporada de gripes e resfriados ainda existia e o dinheiro grátis provou não ser suficiente. Os eleitores decidiram tentar um novo messias, que prometeu acabar com as infecções respiratórias e imprimir ainda mais dinheiro! Joe Biden foi eleito apesar de seu óbvio declínio cognitivo.
  • Finalmente, à medida que a dívida pública e a inflação explodem, surge o clamor por taxas de juros mais baixas e pelo fim da inflação, uma impossibilidade lógica absoluta. Nem Haris nem Trump falam sobre a dívida nacional, deixando apenas Kennedy como a voz da responsabilidade fiscal. Que candidato o povo tentará instalar como messias em seguida? De quem é a promessa de almoços grátis que conquistará mais votos eleitorais?

Isso nos leva à conclusão muito desconfortável de que o princípio subjacente à razão de onde estamos em 2024 é que uma parcela substancial da população tem desejos e expectativas que são, para ser franco, estúpidos e malignos. A expectativa de ser salvo é uma expectativa religiosa, não cívica. Ter essas expectativas infundadas significa que apenas mentirosos que sabem que não as pode cumprir serão elegíveis e o ressentimento só crescerá entre a população.

A menos que nós, como povo, restrinjamos nossas expectativas em relação às autoridades políticas, estamos condenados a ser governados apenas por mentirosos excepcionais que prometem mais esperança, mudanças mais rápidas e grandeza absoluta.

Em suma, o candidato desejado ideal se parecerá cada vez mais com o Anticristo.

 

 

 

 

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