O que explica o Bitcoin? Por que existe e por que “nada” vale agora US$ 90.000 a unidade? Além disso, existem milhões de proprietários de Bitcoin e outras criptomoedas e, no entanto, poucas transações reais ocorrem relativamente falando. Como isso se relaciona com a chegada de uma moeda BRIC, o status de reserva do petrodólar e a Guerra contra o Dinheiro Vivo?
Meu verdadeiro propósito aqui é falar sobre a Lei de Gresham, um dos princípios mais antigos e impactantes da sociedade humana moderna. Ela não é ensinada nas salas de aula das faculdades desde que as ideias socialistas dominaram a educação e os governos há cerca de um século, mas é o determinante mais impactante dos eventos socioeconômicos, da geopolítica global e do livro da história.
Vou abordar a antiguidade da lei e como ela se aplica ao Bitcoin e resolver alguns dos quebra-cabeças, mas primeiro a lei em si.
A Lei de Gresham segue o ditado “moeda ruim expulsa moeda boa” com o toque anticapitalista de que a competição expulsa “moeda boa” e promove o uso de “moeda ruim”, implicando que uma corrida para o fundo do poço é resultado do capitalismo.
Nada poderia estar mais longe da verdade. Ela aplica-se apenas ao controle governamental de nossa moeda. Normalmente se aplica quando a moeda boa, como o ouro, tem que competir com a moeda ruim, como o papel, e um campo de jogo “nivelado” onde os comerciantes são obrigados a aceitar ambas pelo mesmo preço por seus produtos. Aqui estão exemplos em ordem histórica ascendente de incompetência e maldade do governo:
- Dólares de prata desgastados expulsam novos dólares de prata, então acabamos com apenas moeda abaixo do peso em circulação.
- Os governos nos tributam em termos de cunhagem de peso total, mas depois raspam as bordas das moedas para fazer moedas extras, mas mais leves, para gastar; esse era um truque favorito do governo antes da impressora, o que resultou em moedas menores e mais leves. O rufo ou bordas estriadas nas moedas foi a tentativa moderna por parte dos governos de demonstrar a qualidade das moedas de um governo – mostrando que elas não foram raspadas.
- Os governos ao longo da história degradaram a cunhagem e levaram à queda de grandes impérios, como Roma. Aqui eles adicionam metais básicos baratos às moedas de ouro e prata e expulsam as boas, deixando apenas as moedas “ruins” e “diluídas” em circulação. Os EUA fizeram isso em 1965, tirando todas as moedas de prata de circulação.
- O presidente Franklin Roosevelt tirou as moedas de ouro de circulação em 1933, aumentando o preço do ouro de US$ 20 para US$ 35 por onça e tornando ilegal a propriedade de ouro!
- Com nada além de papel-moeda inflacionário para usar, os americanos tiraram todos os centavos de cobre de circulação. Eles estavam com três centavos de cobre e foram retirados de circulação, até mesmo os atuais centavos de zinco revestidos de cobre e níquel de cobre-níquel também estão saindo de circulação porque o metal vale mais do que as moedas.
- Também se aplica a moedas fiduciárias boas versus ruins. Antes do euro, gregos e italianos preferiam manter marcos alemães e gastar suas moedas locais altamente inflacionárias, o dracma e a lira. As pessoas nos países do Terceiro Mundo preferem manter dólares americanos, até hoje, e gastar suas moedas locais.
Bitcoin e a Lei de Gresham
Em um mundo de moedas fiduciárias inflacionárias, as pessoas gravitaram em torno do dólar americano e do euro. As pessoas economizam qualquer moeda regional que seja mais estável e gastam as depreciadas de acordo com a Lei de Gresham.
É aqui que entram o Bitcoin e outras criptomoedas. Não apenas o mundo estava inundado de papel-moeda do governo, mas até mesmo o melhor dos lixos – o dólar americano – tem uma depreciação garantida por seu banco central, o Federal Reserve, de pelo menos a meta de 2%! Então, quando a crise financeira e os resgates bancários maciços se seguiram durante a Grande Crise Financeira do Fed que se seguiu à sua bolha imobiliária, o Bitcoin e a moeda criptográfica foram inventadas e introduzidas.
O Bitcoin tem sido um enorme sucesso que varreu a economia mundial e vale trilhões de dólares. Seu sucesso como um novo dinheiro concorrente é baseado no fato de que ele é produzido no mercado livre, semelhante ao ouro e à prata. É caro minerar e a mineração fica mais difícil com o tempo, assim como no padrão-ouro. Isso tornou essa moeda mais valiosa ao longo do tempo e atraiu um mercado mundial cada vez maior para o Bitcoin.
As pessoas reclamam que o Bitcoin não é moeda “real”, mas, novamente, o dólar americano e o euro também não são moeda reais – eles são um substituto falacioso da moeda, coagido pelo governo, e que pode ser produzido sem limites, não algo produzido pelo mercado.
As pessoas reclamam que o Bitcoin não é usado como dinheiro nas transações do dia-a-dia, mas é usado mais como um investimento e usado em transferências de dinheiro. No entanto, isso ignora a lei de Gresham! Naturalmente, as pessoas não estão gastando muito criptomoedas. Elas preferem segurá-las em vez de gastá-las. Elas gastam a moeda inflacionária primeiro. Essa é a Lei de Gresham!
A longo prazo, o Bitcoin está em uma batalha com o dólar americano. Os países travaram guerras por batalhas monetárias para manter o que o economista Barry Eichengreen chamou de “privilégio exorbitante” dos Estados Unidos de imprimir dinheiro que outros precisam manter e usar. No momento, o ouro está na vanguarda da batalha com o dólar americano, mas no futuro, a criptomoeda – provavelmente denominada em ouro ou prata – travará uma batalha épica contra os governos e seu papel-moeda e pelo bem da humanidade. Vamos todos esperar que a moeda ruim perca e que o governo leviatã seja destruído para sempre.
O próprio Gresham viveu no início dos anos 1500, mas essa lei monetária foi reconhecida desde os gregos e romanos, e o próprio grande polímata polonês Copérnico reconheceu e explicou a lei antes do próprio Gresham. A atemporalidade e o poder dessa lei me dizem que uma boa moeda é uma boa aposta em nosso futuro.
Artigo original aqui
Existem algumas pessoas, até bitconheiros como o Renato Amoedo, que não compreenderam e lei de Gresham, e apartir dessa má compreensão da Lei, acham que está tudo bem o Bitcoin não ser usado como moeda corrente, pois a lei de Gresham diz que “a moeda ruim expulsa a moeda boa de circulação”, logo não precisamos nos preocupar com o uso em transações correntes, isso não traz valor para o ativo, aí ele vem com aquela série de especulações criativas sobre o Bitcoin consertar uma série de mazelas na sociedade, sem ser necessariamente um meio de troca em última instância.
Mas como explica muito bem Mark Thornton, e antes o próprio Rothbard, a formulação correta da lei de Gresham é que “a moeda imposta pelo governo (neste sentido moeda ruim) expulsa a moeda boa (isto é, a moeda escolhida pelo mercado). O Bitcoin é retido como reserva de valor e geralmente não é usado em trocas (ignorando aqui a questão da popularização e do custo e lentidão das transações na primeira camada), na medida em que as pessoas são obrigadas a usar papel moeda nas suas transações cotidianas e em acordos comerciais grandes de importação e exportação e de investimento, por conta de leis de cursos forçado, controles cambiais dos mais diversos e impostos sobre a conversão de moedas. Tão logo os controles e imposições monetárias sejam removidas, a moeda boa vai voltar a circular em transações comerciais, e as moedas ruins (como as fiduciárias) vão a zero, pois diferente do que Renato Amoedo pensa, moeda/meio de troca (que é o caso do Bitcoin, assim como moedas fiduciárias e o ouro, etc…) se não tiver demanda para transações, perde valor, assim como vassouras, q se não forem demandadas para algum propósito (como varrer), perdem valor. Oferta e demanda tbm se aplicam a moedas, e o valor q as moedas fiduciárias tem hoje em dia, vem da demanda delas como meio de troca, q é artificialmente gerada a partir dos controles cambiais e obrigações de uso em transações que os estados impõe. Se assim não fosse, acordos como Bretton Woods e dos petrodolares não seriam perseguidos pelos EUA, para tornar o seu papel moeda (dólar) hegemônico e usá-lo como arma de guerra imperialista.
Se o Bitcoin quiser se manter como um ativo de valor, ele precisa mostrar a sua utilidade como meio de troca ao longo do tempo – o Bitcoin, embora os Bitconheiros tenham dificuldade pra reconhecer, é simplesmente uma mera moeda, onde a sua função última é facilitar trocas comerciais -, pois caso o contrário, as demais característica atreladas a ele, como reserva de valor, unidade de conta e proteção patrimonial contra criminosos (em especial o governo), assim como as várias elucubrações q o Renato faz sobre sua utilidade, viram “poeira no ar”, e o valor do Bitcoin vai a zero, assim como qualquer ativo onde sua única função primordial é proporcionar trocas. Hoje existe uma alta especulação em torno do Bitcoin justamente levando em conta esse potencial como meio de troca, além de servir como uma ferramente de proteção de patrimônio contra governos e ladrões dos mais diversos, isso faz com q o valor dele aumente, mas se lá na frente ele não servir como meio de troca, ele vai a zero, pois ele não tem outra função além de meio de troca, ele não funciona como bem de consumo (na melhor das hipóteses como colecionável) ou bem de produção, como é o caso do ouro.
Dito isso, eu particularmente acredito na utilidade do Bitcoin como meio de troca, acho q o principal problema que é o custo de transação na primeira camada, está sendo resolvido com a adição de outras camadas, funcionando como uma “atualização” para facilitar trocas, da mesma forma que os substitutos do ouro (papéis/títulos) foram introduzidos lá atrás pra facilitar trocas envolvendo frações de ouro, até que infelizmente foi corrompido pelo governo com o fim do lastro em ouro. Na primeira camada (q é mais segura) as pessoas deixam a maior parte de seu patrimônio, e na segunda camada as pessoas adicionam o valor que elas vão usar no seu dia a dia, sem o problema do custo e lentidão das transações da primeira camada.
Não há necessidade de lastrear Bitcoin em ouro, como Thornton sugeriu no artigo, só vai aumentar a complexidade do sistema sem acrescentar nada de utilidade significativa, embora claro, alguém possa propor uma moeda dessa para competir no livre mercado, caso o monopólio governamental caia com as crises inflacionárias q estão por vir.