A falácia da educação “pública”

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Muitas pessoas hoje estão incomodadas, e com razão, com programas que promovem valores “woke” e “tolerância” à degeneração. Para combater isso, algumas pessoas apoiam esforços para eliminar esses programas e substituí-los por ideias melhores.  É fácil entender por que as pessoas apoiam essas iniciativas, mas essa abordagem ignora a causa raiz do problema,

Enquanto o governo controlar as escolas “públicas”, é natural haver conflitos sobre o que deve ser ensinado nelas. Somente se toda a educação for fornecida pelo livre mercado o problema acabará. Em um mercado livre, os pais podem encontrar escolas que lhes ofereçam o tipo de educação que desejam para seus filhos. Como apontou o grande Ludwig von Mises, os votos em dólar dos consumidores orientam a produção. Enquanto muitos pais desejarem um tipo específico de escola, empreendedores de livre mercado a fornecerão. Eis o que Mises diz:

           ” A direção de todos os assuntos econômicos, na sociedade de mercado, é uma tarefa dos empresários. deles é o controle da produção. estão no leme e pilotam o navio. um observador superficial pensaria que eles são os soberanos. mas não são. São obrigados a obedecer incondicionalmente às ordens do capitão. o capitão é o consumidor. não são os empresários, nem os agricultores, nem os capitalistas que determinam o que deve ser produzido. São os consumidores. Se um empresário não obedece estritamente às ordens do público tal como lhe são transmitidas pela estrutura de preços do mercado, sofre perdas, vai à falência, e é assim removido de sua posição eminente no leme do navio. outro que melhor satisfizer os desejos dos consumidores o substituirá.

Os consumidores prestigiam as lojas nas quais podem comprar o que querem pelo menor preço. Ao comprarem e ao se absterem de comprar, os consumidores decidem sobre quem deve possuir e dirigir as fábricas e as fazendas. enriquecem um homem pobre e empobrecem um homem rico. determinam precisamente a quantidade e a qualidade do que deve ser produzido. São patrões impiedosos, cheios de caprichos e fantasias, instáveis e imprevisíveis. Para eles, a única coisa que conta é sua própria satisfação. não se sensibilizam nem um pouco com méritos passados ou com interesses estabelecidos. Se lhes for oferecido algo que considerem melhor e que seja mais barato, abandonam os seus fornecedores habituais. na sua condição de compradores e consumidores, são frios e insensíveis, sem consideração por outras pessoas.”

Mises reconheceu a solução de livre mercado para a educação e respondeu a uma objeção comum à ideia, ou seja, alguns pais poderiam não ter dinheiro suficiente para pagar as mensalidades escolares. Aqui está o que ele diz em seu grande livro Liberalismo:

              “Há, de fato, uma única solução: o estado, o governo e as leis não devem, de modo algum, preocupar-se com a escola e a educação. A criação e a instrução dos jovens devem ser inteiramente deixadas a cargo dos pais e de instituições e associações privadas. É preferível que um determinado número de meninos cresça sem educação formal do que gozar o benefício da escolarização apenas pelo risco de, uma vez crescidos, serem mortos ou mutilados. Um analfabeto saudável é sempre melhor do que um aleijado alfabetizado.”

Além da resposta de Mises, a caridade privada pode ajudar pais pobres a pagar as mensalidades escolares. E, uma vez que as crianças entram no mercado de trabalho, elas podem se matricular em cursos de educação para adultos. Mas precisamos evitar cair numa armadilha. Algumas pessoas, incluindo economistas como Milton Friedman, propuseram que o governo forneça vouchers educacionais para famílias pobres. Mas essa é uma ideia perigosa, pois permite que o governo estabeleça requisitos sobre como as famílias devem gastar seus vouchers. Quando dizemos que governo e escolas devem ser separados, queremos dizer completamente separados. Como disse em 1998,

       “Controle segue dinheiro dos impostos, então os vouchers garantem que todo o sistema de educação privada será eventualmente absorvido por uma gigantesca máquina de propaganda financiada pelo governo, com os únicos bolsões de diversidade sendo escolas que recusam qualquer subsídio, embora então frequentemente sejam superadas. Foi exatamente isso que aconteceu no nível universitário, com uma homogeneização desastrosa e simplificação. A ideia dos vouchers surgiu na direita neoconservadora com Milton Friedman, mas, cada vez mais, a esquerda percebeu que os vouchers representam seu sonho realizado: mais privilégios especiais para os pobres, expansão do estado de bem-estar social, eliminação das admissões exclusivas e destruição de anacronismos como escolas que ainda ensinam a verdade religiosa. Enfrentamos uma aliança profana de libertários de grande governo e ativistas da igualdade de todas as tendências para nos roubar o que resta da liberdade educacional, e fazer isso em nome de distribuir cada vez mais de nossos impostos para a classe inferior. Os vouchers reforçam os dois males da educação pública: financiamento involuntário e frequência obrigatória.

Como Mark Brandly, da Ball State University, apontou, as leis de frequência obrigatória não apenas violam os direitos dos pais, como permitem que o governo defina o que é uma escola e, portanto, proíba iniciativas como pequenas escolas informais de bairro, realizadas em lares, onde uma mãe ensina aritmética, outra leitura, outra doutrina cristã, e assim por diante. No entanto, hoje, essas escolas alternativas são ilegais. Os vouchers não fazem nada para acabar com essa situação opressiva e, na verdade, seguem na direção oposta: em direção a uma regulamentação mais draconiana e à tentativa de abolição da educação religiosa. Os vouchers reforçam os dois males da educação pública: financiamento involuntário e frequência obrigatória.”

O grande Murray Rothbard levantou um ponto caracteristicamente importante sobre educação, que contextualiza a preocupação de que crianças pobres possam não conseguir frequentar escolas particulares que exigem taxas de admissão;

          “Toda criança vem ao mundo em determinado ambiente.  Este ambiente consiste de coisas físicas, naturais e feitas pelo homem, e outros humanos com os quais se relaciona de várias maneiras.  É neste ambiente que ela exercita suas capacidades em desenvolvimento.  Sua razão forma julgamento sobre outras pessoas, sobre seus relacionamentos com elas e com o mundo em geral; sua razão revela seus próprios desejos e suas aptidões físicas.  Desta forma, a criança em fase de crescimento, atuando em seu ambiente, cria fins e descobre meios para alcançá-los.  Seus fins são baseados em sua própria personalidade, os princípios morais que concluiu serem os melhores, e seu gosto estético; seu conhecimento dos meios é baseado no que aprendeu ser mais apropriado.  Esta “teoria” na qual acredita foi adquirida com sua capacidade de raciocínio, quer a partir de experiências diretas ou de outros, ou através de dedução lógica realizada por si mesma ou por outros.  Quando finalmente atinge a idade adulta, ela desenvolveu suas faculdades o quanto pode, e adquiriu um conjunto de valores, princípios e conhecimento científico.

Todo este processo do crescimento, de desenvolver todas as facetas da personalidade do homem, é sua educação.  É óbvio que uma pessoa adquire sua educação em todas as atividades de sua infância; todas as horas em que está acordada são gastas no aprendizado de uma forma ou de outra.  É claramente absurdo limitar o termo “educação” para um tipo de escolaridade formal.  A criança está aprendendo a todo instante.  Aprende e forma ideias sobre outras pessoas, seus desejos, e ações para alcançá-los; sobre o mundo e as leis naturais que o governam; e sobre seus próprios fins, e como alcançá-los.  Formula ideias sobre a natureza do homem, e quais fins (seus e dos outros) devem estar em acordo com esta natureza.  Este é um processo contínuo, e é óbvio que o ensino formal constitui apenas um item neste processo.

Em um sentido fundamental, para dizer a verdade, todos são “autodidatas”.  O ambiente de uma pessoa, físico ou social, não pode “determinar” as ideias e conhecimentos que ela terá quando adulto.  É um fato fundamental da natureza humana que as ideias de uma pessoa são formadas por ela mesma; outros podem influenciá-la, mas ninguém pode absolutamente determinar as ideias e valores que o indivíduo vai adotar ou manter durante a vida.”

Mas mesmo admitindo a verdade disso, as crianças não precisam de pelo menos alguma escolaridade formal? Sim, elas precisam, mas tudo que precisam são os “três R’s”.[1] Escolas restritas ao básico, sem adornos, podem ser oferecidas a um custo muito baixo. E não devemos esquecer que os pais podem educar seus filhos em casa. Rothbard, como sempre, acerta no alvo.

            “Tornou-se moda ridicularizar a ênfase dos “três R’s”, mas é óbvio que eles são de grande importância, que o quanto antes eles forem aprendidos, mais breve a criança estará apta a absorver a vasta área do conhecimento que constitui a grande herança da civilização humana.  Eles são a chave para abrir as portas do conhecimento humano, e as portas para o florescimento e o desenvolvimento das capacidades mentais da criança.  É claro também que a única necessidade e uso para o ensino sistemático formal repousa nessas disciplinas técnicas, uma vez que o conhecimento das mesmas deva ser apresentado sistematicamente.  Obviamente não há necessidade de instrução formal sobre “como brincar”, “se relacionar com o grupo”, “selecionar um dentista”, e na multidão de “cursos” similares oferecidos pela “educação moderna”.  E, já que não é preciso ensino formal em áreas físicas ou diretamente espontâneas, não há necessidade de instrução em “educação física” ou em pintura a dedo.”

Vamos fazer tudo o que pudermos para promover escolas de mercado livre genuínas, sem concessões!

 

 

 

 

Artigo original aqui

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Notas

[1] Os Três Rs faziam parte do programa de competências básicas para as escolas.  Em inglês: Reading(leitura), wRiting (escrita) e aRithmetic (aritmética).  A definição foi atribuída a Sir William Curtis, em 1825, num discurso feito num jantar do Conselho de Educação.

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