Argumento didático pelo liberalismo

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handshakeAo amigo leigo,

Você já deve ter ouvido falar nesses monstros indefinidos, a classe média, a burguesia, o proletário, a sociedade, o mercado, o estado.  Já deve ter ouvido falar que eles têm vida própria, que ser a favor de uns é bom, ser a favor de outros é sinal de ganância…

Você já ouviu falar que eu defendo o mercado em detrimento da sociedade.

Deixa-me ser claro e definir o que os outros preferem deixar indefinido: a sociedade, toda sociedade, cada homem quando lida com outro homem, é o mercado.

Sociedade = Mercado

Você conseguiria negar que a nossa amizade é uma troca?  As idéias e experiências que trocamos são vazias, sem repercussão na nossa vida, ou enriquecem a gente e melhoram nossas decisões?  E você acha que há algum produto material que não seja feito com idéias e experiências?

Todo homem está em uma troca espiritual e física com a sua namorada.  Trocamos beijos, trocamos carinho e conselhos… Quando nos casamos trocamos serviços: a mulher cozinha, o homem cuida do carro, a mulher ajeita a cama, o homem cuida do encanamento.  E ambos estão sempre pedindo que o outro dê de si o proporcional, que pague com o preço justo o que recebe.

Já os pais trocam apoio e produtos por notas escolares e sinais de maturidade.  Isto é tão costumeiro que já se tornou uma lei não escrita, se tornou tácito.  Ninguém fala porque é óbvio.

Quando viajamos juntos ou vamos pra uma balada servimos um ao outro de seguro.  Quando sentimos que algo na vida vai nos enlouquecer, temos o amigo para nos servir de psicólogo etc.  Isso cria um débito e um crédito.  Ele sabe quem um dia iremos pagá-lo com um serviço semelhante.

Namoradas, pais e amigos são credores e devedores.  Esforçamo-nos para “ficar quites” o tempo todo, e quem é preguiçoso nisso, quem não dá o amor e a amizade que recebeu, vai ficando sozinho.  Ninguém quer mais trocar com ele.

Quer saber como ficamos amigos de alguém bem rápido?  Quando essa pessoa tem algo muito grande para nos dar, seja uma idéia, um serviço ou um bem material, e quando temos também algo bem grande para dar em troca.  Se ambos percebem que a troca é boa, e permanecem trocando com exatidão.  Com esses sinais periódicos de respeito daqui a pouco estarão trocando e emprestando a prazos de crédito tão largos, indeterminados, que mais parecerá que estão dando!

Esse é o lugar onde todos queremos chegar.  Quando todos trocarem como “amigos e irmãos”.

Mas ninguém chega aí à toa.  Leva tempo e perseverança nesse comércio.  Ainda não tratamos o desconhecido que passa na rua como o amigo ou o irmão, porque há muita gente que dá moratória, que não quita, que toma o que recebeu e nunca dá o proporcional, que pega emprestado e não devolve.  Não adianta fechar os olhos para essa realidade.

Essa justiça comercial, que um bem vale um bem proporcional e nada vale nada, te acompanha desde a infância e quando você for trabalhar permanecerá a mesma, somente aumentará em magnitude.

É disso que eu sou a favor: do Mercado!

Eu sou a favor que todo homem possa trocar com outros homens. Sejam idéias, serviços, bens ou sentimentos.  Eu acredito tanto nos meus amigos e nos desconhecidos, eu acredito tanto em cada um e todos em comunhão, que acho que ninguém deveria impedi-los de trocar entre si.

O dia em que cada um puder trocar tudo que pensou, desenvolveu, serviu, produziu e sentiu com todos, é o dia em que a humanidade estará direcionada à amizade.

Tendo dito isso, eu vou finalizar contando que existe gente que é contra a amizade, o amor e a troca.

São pessoas que tomam parte do que é seu, do que você criou, contra sua vontade.  Toda troca é voluntária.  A pessoa que toma o que é seu impede assim que você troque com aquilo, impede que aquilo seja um veículo de amizade com os outros.  É um saqueador.

Imagine um país onde você é impedido de conversar idéias, de servir, de dar um bem e de expressar sentimentos em torno dos outros.  Esse é um país no qual alguém bloqueia a irmandade natural entre os homens.

Eu não vou te mentir que esse país existiu no passado.  Esse país existe agora, e você está nele.

O saqueador, no entanto, sempre age com o argumento mais sujo e mais contraditório.  Ele pilha nossa amizade, pilha nossa troca natural, dizendo que tomou o que é nosso pelo “bem de todos, da sociedade, do coletivo, ou de uma classe indefinida”.

Ora, não trocamos com classes!  Não somos classes!  Somos pessoas.  Como podem meus bens gerar respeito mútuo se vão para alguém que nunca vi na minha frente!

Agora, há um lugar onde muitos saqueadores estão reunidos.  Como a causa deles é injusta eles se munem da força.  Como eles são muitos, estão o tempo todo ao seu redor tomando o que é seu.  Diria que 4 a cada 10 coisas que você faz vai para eles.  O nome deles reunidos é estado.

E por isso eu sou a favor da Sociedade e contra o estado.

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