As ideias são mais poderosas que exércitos

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MisesBrasilLogoMises sempre dizia que ideias são mais poderosas do que exércitos.  Quando se está no meio de uma guerra — e todos os governos sempre estão, de alguma forma, em guerra com seus cidadãos —, é preciso ter realmente muita fé e otimismo para se concordar com essa afirmação.  Porém, se olharmos para trás e vermos todo o progresso que as ideias da liberdade vêem fazendo, torna-se fácil acreditar que aquilo que Mises disse estava perfeitamente correto.

As ideias ignoram as fronteiras.  Elas não são inibidas por meras questões espaciais.  Elas são perfeitamente capazes de atravessar os limites do tempo.  Elas crescem e se difundem por meio de ações e decisões individuais sobre as quais absolutamente ninguém possui controle algum.  No final, o fato é que os governos são incapazes de gerir e impor as ideias.  Muitos são, inclusive, emasculados por elas.

Gostaria de compartilhar um exemplo de como isso funciona baseando-me em uma recente viagem que fiz ao Brasil.

O motivo e o histórico dessa viagem nos remetem a cinquenta anos atrás, quando Mises viajou à Argentina para proferir uma série de palestras.  Ele ajudou a cultivar as sementes da liberdade em uma região crescentemente dominada pelo jugo do controle e da intervenção governamental.  Suas palestras foram publicadas, traduzidas para vários idiomas e continuaram a exercer influência sobre as novas gerações.

Dessas sementes surgiram várias árvores, as quais hoje prosperam com vigor na América Latina.  Nesta semana que hoje se encerra, o empreendedor ideológico e financeiro Helio Beltrão convidou uma delegação de pesquisadores do Mises Institute para a inauguração formal do novo Instituto Ludwig von Mises Brasil.  A ideia era dar a essa organização um formidável impulso para se tornar uma instituição de revolucionário impacto ideológico, para que prospere na América Latina assim como o Mises Institute prosperou nos EUA.

Mises.org.br já é hoje um instituto substancial.  Estive lá em decorrência do primeiro seminário de economia austríaca da história do Brasil, patrocinado pelo próprio Instituto Mises Brasil (IMB).  Duzentos jovens se encontraram em Porto Alegre para ver e ouvir, vindos dos EUA, Joe Salerno, Mark Thornton, Tom Woods e eu, bem como Antony Mueller, Rodrigo Constantino, Fabio Barbieri e Ubiratan Iorio, todos do Brasil.  David Friedman – filho de Milton Friedman – e Patri Friedman – filho de David – também se juntaram a nós.

Os moderadores foram Helio e a jornalista da TV Globo Maria Beltrão.  Havia traduções simultâneas do inglês para o português e do português para o inglês.  Todas as palestras foram transmitidas ao vivo pela internet.  Elas futuramente estarão disponíveis no site, com legendas em inglês ou português, de acordo com as falas.

Dentre vários outros projetos, o IMB também irá relançar a excelente versão em português de Ação Humana, bem como outros livros de Mises.  Já publicada e à venda está a tradução de Economic Policy, o livro que reúne exatamente aquelas palestras proferidas por Mises na Argentina e que recebeu em português o título – muito melhor – de As Seis Lições.

Esse ano, a XXIII edição do Fórum da Liberdade, promovida pelo Instituto de Estudos Empresariais, foi realizada na Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre.  O tema foi a vida e a obra de Ludwig von Mises.  Os 4.000 estudantes, empresários e interessados em liberdade que compareceram ao evento ganharam, cada um, uma cópia de As Seis Lições.

O ponto alto da conferência foi a entrega do prestigioso prêmio Libertas – conferido a empreendedores que se destacam no trabalho pela liberdade – para Helio, cujo discurso foi um verdadeiro chamado intelectual para a batalha.  O amor pela liberdade e pelo conhecimento era palpável, assim como o desejo por ações concretas.  Como em toda história do liberalismo, isso significa encontrar uma maneira de se livrar do cabresto imposto pelo poder central.

Daí o sentimento secessionista ainda vivo no Brasil.  Os presentes ao Fórum ritualisticamente permaneceram de pé durante o hino nacional, porém cantaram emocionantemente o hino do Rio Grande do Sul, o estado mais ao sul do Brasil e cuja capital é Porto Alegre.  Um viva às associações voluntárias e organicamente formadas, e um basta a todo o coletivo coercivamente formado!

Também aprendi que o estado de São Paulo – nós norte-americanos voamos para a sua capital, um grande centro comercial – lutou uma guerra de independência contra o governo central brasileiro e o ditador Getulio Vargas, em 1932.  Infelizmente, o lado tirânico venceu, mas há um esplêndido monumento aos secessionistas na cidade de São Paulo, assim como uma permanente tradição.  E no seminário realizado por Helio, Patri Friedman também falou sobre secessão, a base de seu Seasteading Institute.  Eu por vezes fiquei emocionado ao notar como seu pai, David, possui uma enorme semelhança com Murray Rothbard.

Os impostos no Brasil – com uma gigantesca carga tributária indireta, embutida nos preços de toda a cadeia produtiva, o que gera impostos em cascata – são ainda maiores que aqueles que Obama planeja implementar.  O intervencionismo estatal no país é verdadeiramente horrendo.  As tarifas de importação são abusivas.  Porém, um povo caloroso, generoso e cortês ajuda a compensar um estado frio e cruel.  E fiquei impressionado por não ter de tirar meus sapatos no aeroporto e nem meu laptop de sua valise.  Impressionou-me também os chuveiros com livre vazão de água [nos EUA, os ambientalistas conseguiram restringir o bocal dos chuveiros, limitando o fluxo de água] e os restaurantes com menus que discriminam preços de acordo com o gênero, sendo os preços para as mulheres menores que os preços para os homens.  Apenas para mostrar algumas liberdades brasileiras que já foram proibidas nos EUA, a “Terra da Liberdade”.

Agradeço também a Graziella Beltrão por uma das maiores festas da história do hemisfério ocidental, realizada no espetacular apartamento de ambos, em homenagem a Joe, Mark e a mim (Tom ainda não havia chegado ao Brasil), com direito a cantores e banda, além de farta comida tradicional brasileira.

Notáveis também são os “talibãs” de Helio, como são jocosamente conhecidos os jovens misesianos e rothbardianos que o auxiliam com o Instituto.  Meus agradecimentos a Cristiano Chiocca, Leandro Roque, Fernando e Roberto Chiocca, dentre vários outros, por toda a sua ajuda.  Também fiquei muito contente ao ver que não existe aquele preconceito anti-religião tão comum no movimento americano.  Ao contrário, há muita tolerância.

ea_logo.jpgUma pessoa havia reclamado da apropriada e acertada inclusão de Rothbard no belo brasão do IMB, ao lado de Mises.  Espere até ela ver o brasão do novo Instituto Mises da Suécia, fundado por suecos presentes na nossa conferência em Salamanca, em outubro de 2009, após ouvirem sugestões do próprio Helio.  Nele, estão as efígies de Mises e Hans-Hermann Hoppe.

Esse tipo de movimento, resultado de vastas quantias de energia e inspiração, não pode ser improvisado por uma burocracia governamental; tampouco pode ser impedido por uma.  Ele é a pura manifestação da energia humana, aplicada com visão e empreendedorismo, propulsionada por uma técnica brilhante e por trabalho duro, e com seu propósito assegurado por uma ardente paixão pela liberdade e pela verdade.

Há muito já sabíamos que o austro-libertarianismo é o único e genuíno movimento político-econômico internacional fora do marxismo.  Quão eletrizante ver uma expansão sem fronteiras! – expansão essa que não é artificial, como as expansões econômicas estimuladas por bancos centrais, mas, sim, baseada na verdade.  Essa é uma batalha mundial e, especialmente agora, é preciso trabalharmos juntos, na tradição de Mises e Rothbard, se quisermos um dia ter mais liberdade.

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N. do T.: seguindo o espírito do artigo, compartilho a notícia mais revigorante das últimas décadas.

Uma pesquisa sobre a eleição presidencial americana de 2012, feita em nível nacional pela Rasmussen – o mais conceituado instituto de pesquisa de opinião americano -, traz o seguinte resultado:

Barack Obama – 42%

Ron Paul – 41%

Outro – 11%

Indecisos – 6%

Considerando-se apenas os eleitores independentes – aqueles que não são filiados a nenhum partido -, o placar é ainda mais animador:

Ron Paul – 47%

Barack Obama – 28%

A margem de erro é de 3 pontos percentuais.

E o mais interessante: ao passo que 58% dos americanos médios preferem Ron Paul, nada menos que 95% da classe política assume sua preferência por Obama.

A divisão entre parasitas e produtores nunca esteve tão acentuada e explícita nos EUA.  E tudo isso por causa da difusão das ideias.

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