International Man: Em partes da Califórnia e em outros estados, o furto em lojas abaixo de $ 950 foi descriminalizado de fato.
A realidade prática é que os ladrões agora podem entrar em uma loja e roubar tudo o que puderem sem medo da intervenção da polícia – desde que seja menos de $ 950.
A tendência de legalização de fato do furto em lojas está se espalhando por todo o país.
Qual é a sua opinião?
Doug Casey: O aumento do crime em geral e a verdadeira legalização do furto em lojas, em particular, são apenas sintomas.
O verdadeiro problema é que a fibra moral dos Estados Unidos e de muitos outros países ocidentais está dilacerada. Não resta muita bússola moral. Não está mais claro para o cidadão médio o que é certo e o que é errado. Certo e errado agora são vistos como construções sociais arbitrárias. Os direitos de propriedade mal são considerados direitos, o que é algo perverso, já que o próprio conceito de direitos é baseado na propriedade – começando com seu próprio corpo, que é a forma mais básica de propriedade.
Essa degeneração é compreensível em um mundo onde preto é branco e errado é certo. Tornou-se confuso na mente de muitas pessoas o que é um homem, o que é uma mulher e qual é a diferença entre ambos. Se não houver reconhecimento de algo tão básico e óbvio como isso, o significado das palavras e qualquer lógica do pensamento se tornam sem sentido. Então, é claro, eles têm dificuldade em entender conceitos como certo e errado. Mas vai além disso.
Por exemplo, muitas pessoas pensam que as indenizações são devidas aos negros simplesmente porque são negros, e muitos negros foram escravos há mais de 160 anos. Aliás, não coloco essa palavra em maiúscula, algo que se tornou uma afetação generalizada. Isto serve apenas para chamar a atenção para a raça, que é parte do problema.
Vamos prosseguir com a questão absurda das reparações raciais por um momento, já que alguns canalhas disseram que todos os negros da Califórnia deveriam receber US$ 5 milhões. Mas as reparações são devidas aos negros americanos baseando-se em argumentos que contenham algum fato ou alguma lógica? A renda média dos negros nos Estados Unidos é muitas, muitas vezes superior a dos negros que ainda estão na África. Os negros nos Estados Unidos deveriam, portanto, pagar algo aos brancos por gratidão? A resposta, caso alguém esteja se perguntando: claro que não.
Quando as pessoas pensam que lhe devem reparações, o próximo passo é elas pensarem – ou melhor, sentirem, já que não há pensamento lógico envolvido – que têm o direito moral de roubar para receber as reparações que imaginam ser devidas. Isso tem alguma relação com o fato de que, embora os negros sejam apenas 13% da população, eles cometem 50% do crime?
De qualquer forma, a inobservância das leis de furto em lojas é apenas mais um sintoma de uma cultura corrupta e de uma civilização em colapso.
International Man: Vídeos de arrastões – onde grandes grupos correm para uma grande loja como o Walmart ou uma muito cara como a Louis Vuitton e pegam o máximo de mercadorias que podem carregar – estão circulando online.
Em lugares como Portland, o Walmart decidiu fechar permanentemente todas as suas lojas por causa do aumento dos roubos.
Por motivos semelhantes, a Target fechou lojas no centro de Chicago, Minneapolis e Washington, DC.
Como o aumento do crime está afetando os negócios e quais são as implicações?
Doug Casey: Do ponto de vista de um criminoso, no tipo de ambiente social em que estamos agora, os arrastões fazem muito sentido.
Se você reunir seu pelotão para invadir uma loja e cem pessoas invadirem a loja para roubar tudo o que puderem, não há nada que os funcionários possam fazer a respeito. Na verdade, provavelmente não há nada que a polícia possa fazer a respeito, só pelo fato de ocorrerem tão rápido.
É uma tática inteligente. Mas esse tipo de coisa não acontece porque eles são pobres, negros ou porque não há polícia suficiente, mas porque as pessoas não têm mais senso de certo ou errado. A polícia reluta em detê-los por medo de ser chamada de racista.
Cada vez mais, o próprio negócio não faz sentido, com a quantidade de impostos e regulamentos com os quais um empresário tem que lidar somado à falta de defesa contra criminosos comuns.
Acredito que essa tendência irá continuar. Se isso acontecer, não apenas os guetos, mas também os distritos comerciais centrais ficarão desprovidos de lojas de varejo. Muitos grandes edifícios de escritórios estarão vazios. Outros optarão por se tornar fortalezas autônomas.
International Man: Muitas cidades que decidiram “desfinanciar a polícia” viram um aumento geral de crimes violentos e roubos de carros, assaltos à mão armada e assassinatos.
O que você acha da tendência de aumento da criminalidade?
Doug Casey: Mais uma vez, é um indicador da degradação geral da própria civilização.
Se você está se perguntando para onde os EUA estão indo, pode olhar para a Venezuela, onde o padrão de vida entrou em colapso desde que foi totalmente dominado pelos valores socialistas nos últimos 20 anos. E a Argentina, que está seguindo mais vagarosamente esse mesmo caminho de forma constante nos últimos 80 anos. Os latinos parecem não ter aprendido absolutamente nada, pois todos os países da América do Sul, com exceção do Uruguai, são governados por um socialista doutrinário.
Veja a África do Sul, que ainda é o país mais avançado do continente. Os americanos raramente ouvem falar disso, mas a energia só está disponível durante metade do dia. Os negros praticamente declararam temporada de caça aos brancos em partes do país. Essa é a direção que estamos seguindo nos EUA.
Em todo o Ocidente, criminosos e beneficiários de assistência social são recompensados enquanto os produtores são punidos. A China tem alguns problemas enormes, mas esta é uma área em que eles estão se saindo muito melhor do que no resto do mundo.
A criminalidade comum não é tolerada na China – ou em qualquer lugar do Oriente. Bem-estar social quase não existe. Essa é uma das razões pelas quais a China subiu em relação aos EUA nos últimos anos. Os fundamentos sociais e morais da China são surpreendentemente melhores do que nos EUA “woke”. Na verdade, os EUA parecem estar passando por sua própria versão da Grande Revolução Cultural que quase destruiu a China nos anos 1960.
International Man: Em meio ao aumento do crime, a polícia está falhando miseravelmente em proteger a vida e a propriedade.
O mercado livre poderia fornecer esses serviços melhor do que o governo? Como isso funcionaria?
Doug Casey: Em primeiro lugar, é essencial mudar o clima moral. Isso é possível, mas é uma questão totalmente diferente.
Do ponto de vista prático de curto prazo, a polícia, os tribunais e as prisões deveriam ser privatizadas. Em vez de serem funcionários públicos aplicando leis arbitrárias e muitas vezes ridículas, os EUA deveriam voltar aos seus princípios fundadores.
Já expliquei como essa proposta chocante funcionaria com muito mais detalhes em outro lugar.
A polícia privada seria compensada com base em sua eficácia. Mais como Mike Hammer ou Mannix do que o agente pretoriano que guarda as ferramentas no final de um turno. Agências de arbitragem cuja lucratividade dependeria da velocidade, justiça e baixo custo de suas decisões seriam uma grande melhoria em relação aos tribunais altamente políticos de hoje. As sentenças seriam avaliadas como quantias em dólares para compensar as vítimas, não sentenças caras de encarceramento. A prioridade deve ser reparar a vítima, não punir o perpetrador.
Se alguém rouba mil dólares, o criminoso deve primeiro devolver à vítima – o que raramente acontece hoje – mais os custos de sua captura e os custos de arbitragem. Isso tira o lucro do crime.
Se uma pessoa é assassinada, um valor atribuído à sua vida seria pago ao seu patrimônio. Se o perpetrador não puder ou não quiser pagar, as partes de seu corpo devem ser vendidas.
Há muito mais a ser dito sobre o assunto, examinando soluções que não têm passado por muitas cabeças.
International Man: As cidades americanas estão se degenerando em lixões caros, inseguros e cheios de crimes que rivalizam – ou são ainda piores do que – suas contrapartes do Terceiro Mundo.
No entanto, o público continua a eleger políticos que promulgam as políticas que criam essas condições em primeiro lugar.
O que você acha dessa tendência? Existe alguma esperança? O que a pessoa média pode fazer?
Doug Casey: O verdadeiro problema começou com o envolvimento do governo na economia. Começou pequeno, depois deu um salto quântico com a criação do imposto de renda e do Fed em 1913, o que lhe permitiu financiar a Primeira Guerra Mundial a partir de 1917. O processo agora está completamente fora de controle.
Apesar do que acabei de dizer sobre a polícia, os tribunais e as prisões, o único envolvimento que o governo deve ter na sociedade é proteger as pessoas da força, o que significa que essas coisas, mais um exército puramente defensivo, são as únicas coisas que o governo deveria se envolver. Perversamente, essas coisas são importantes demais para o funcionamento de uma sociedade civil para permitir o monopólio do Estado.
O que o Estado mais faz hoje é interferir na economia e enriquecer os bem relacionados politicamente. Não protege de forma confiável a pessoa média do crime e da violência.
Na fundação dos EUA, o Estado representava apenas uma pequena proporção da economia. Agora é 50% e as pessoas esperam seu envolvimento em todos os lugares. As pessoas passaram a tratá-lo como uma cornucópia, não como o predador perigoso que é.
O bem-estar social está disponível em todos os lugares, de empresas a indivíduos. Espera-se que comida, moradia, assistência médica, educação e até empregos sejam da competência do governo. Essas coisas não devem ter nada a ver com o governo.
Todas as notícias que ouvimos todos os dias são sobre o que o governo está fazendo. Deveríamos ser muito mais parecidos com a Suíça. Ninguém sabe e ninguém se importa com quem é o presidente da Suíça, que é uma das razões pelas quais a Suíça é um país estável e próspero, e os EUA estão se tornando menos assim a cada dia.
O resultado final é que podemos esperar que o crime continue aumentando. E o Estado agora é mais a causa do que a cura do problema.
Artigo original aqui