Um consórcio de analistas de dados da África do Sul, afirmou que as consequências das arbitrariedades dos governantes levarão, no longo prazo, a pelo menos 29 vezes mais mortes do que o vírus em si. Para chegar a essa conclusão, eles usaram um modelo elaborado por quatro atuários, um economista e um médico, conferido ainda por advogados e matemáticos.
O projeto foi liderado por dois parceiros da Sociedade Atuária da África do Sul, Peter Castleden e Nick Hudson. De acordo com a pesquisa, a estimativa de 29 vezes mais mortes ainda é bem conservadora, considerando o impacto devastador da pobreza causada pelas adversidades econômicas ao longo dos próximos meses. Vejamos como eles chegaram a essa conclusão:
Para comparar o impacto do vírus e da pobreza, eles usaram como métrica o “número de anos de vida perdidos”, isto é, quantos anos de vida uma pessoa perdeu por ter morrido do vírus ou de problemas decorrentes da pobreza. Vamos tentar entender isso. A expectativa de vida no país é de aproximadamente 63 anos. Se alguém de 60 anos morreu pelo vírus, então ele teve “três anos de vida perdidos”. Com isso em mente, vamos entender o que eles fizeram.
Primeiro, eles calcularam o impacto do vírus. Eles estimaram que, em média, 5,4 anos de vida foram perdidos para cada morte provocada pelo vírus. Eles multiplicaram esse valor pelo número de mortes previstas por eles mesmos (20 mil) e pela Sociedade Atuária (88 mil). Eles consideraram que o confinamento iria prevenir algumas mortes, mas não todas. No final, o modelo previu um mínimo de 27 mil e um máximo de 473 mil anos de vida perdidos.
Em seguida, eles calcularam o impacto da pobreza. Eles estimaram que de três a sete milhões de pessoas vão perder seus empregos por causa das medidas draconianas impostas pela máfia estatal do país. De modo bem conservador, eles assumiram que 10% dos sul-africanos vão ficar mais pobres e perder alguns meses de vida. Segundo o modelo, o número de anos de vida perdidos por causa do colapso econômico ficará entre 14 e 24 milhões.
Pois bem, dividindo-se o melhor cenário para o colapso econômico (14 milhões) pelo pior cenário para o vírus (473 mil), eles chegaram ao valor de 29. Isto é, na melhor das hipóteses, vai morrer 29 vezes mais gente pela pobreza do que pelo vírus. E na pior das hipóteses? Se dividirmos o pior cenário para o colapso econômico (24 milhões) pelo melhor cenário para o vírus (27 mil), chegamos a um valor de quase 900! Ou seja, na pior das hipóteses, podem morrer 900 vezes mais pessoas pela pobreza do que pelo vírus!
No Brasil as estimativas atuais apresentam que o desemprego será de 17,8% em 2020, um aumento de 6% comparado com 2019, um aumento bem conservador, a aparentemente será maior. De acordo com um estudo publicado em parceria por médicos brasileiros e ingleses atribui 31 mil mortes ao aumento do desemprego no país entre 2012 e 2017. Ou seja, segundo este estudo, aumento da mortalidade é de 0,5% por 100.000 habitantes, para cada aumento de 1% de desemprego.
Um outro estudo aponta um aumento de 1,8% de homicídios, para cada 1% de aumento de desemprego, este estudo foi apresentado pela IPEA (Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada). Isso quer dizer que segundo a estimativa do aumento de 6% do desemprego, geraria um aumento de 10,8% no número de homicídios no país.
E para finalizarmos há estudos sobre a relação do desemprego com o suicídio entre homens, segundo a UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) entre 2006 e 2015, nas cidades de Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo mostraram que os níveis mais altos de desemprego estão associados a maiores taxas de suicídio entre os jovens.