III — Dinheiro, Ganância, Igualdade, Inveja e Caridade

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Uma pessoa civilizada acredita que o mais importante não é se a riqueza é igualmente distribuída, mas sim se ela é adquirida com justiça. Um bárbaro acredita que a segunda proposição dependa da primeira.

 

 

Um tolo acredita que as pessoas sejam livres quando todas são iguais. Uma pessoa de razão acredita que as pessoas são iguais quando todas são livres.

 

 

Um tolo acredita que os impostos sejam o preço que pagamos por uma sociedade civilizada. Uma pessoa de razão sabe que uma sociedade civilizada é o preço que pagamos pelos impostos.

 

 

Um tolo reclama da falta de igualdade de oportunidades. Uma pessoa de razão aprecia a abundância de diversidade de oportunidades.

 

 

Um tolo lamenta o fato de que, sem o estado, os pobres estariam à mercê da caridade individual. Uma pessoa de razão se deleita com o fato de que, sem o estado, os pobres não estariam à mercê da violência institucional.

 

 

Um tolo considera intolerável a desigualdade de riqueza entre o capitalista e o trabalhador. Uma pessoa de razão considera intolerável a desigualdade de direitos entre o estado e o indivíduo.

 

 

Um igualitarista tolo deseja empoderar o estado para impedir que o mercado torne os ricos mais ricos. Um igualitarista inteligente deseja empoderar o mercado para impedir que o estado mantenha pobres os pobres.

 

 

Um ambientalista tolo quer salvar a natureza da ganância do mercado ao expô-la à tragédia dos comuns. Um ambientalista inteligente quer salvar a natureza da tragédia dos comuns ao expô-la à ganância do mercado.

 

 

Um “imposto justo” é algo semelhante a um “estupro afetuoso”.

 

 

Um libertário não se opõe ao estado assistencialista por não se importar com os pobres, mas sim por se importar demais com eles para acreditar que mereçam ser aprisionados na teia de mentiras, promessas vazias, dependência perpétua, fomento de ódios e degradação cultural criada por bandidos interesseiros e sedentos de poder.

 

 

Um pequeno ladrão obtém ganhos roubando dinheiro. Um grande ladrão obtém ganhos criando dinheiro.

 

 

Um pequeno ladrão rouba em meio ao silêncio da noite. Um grande ladrão rouba em meio aos aplausos da multidão.

 

 

A desculpa de um pequeno ladrão é que ele precisa do seu dinheiro para se ajudar. A desculpa de um grande ladrão é que ele precisa do seu dinheiro para ajudar você.

 

 

Um batedor de carteiras é para um banqueiro central o que um amador é para um profissional.

 

 

Um escravo acredita que a escolha seja entre o egoísmo individualista e a solidariedade coletivista. Uma pessoa livre sabe que a escolha é entre a caridade individual e o parasitismo coletivo.

 

 

Um estado assistencialista é um estado falido em formação.

 

 

Caridade ativa: doar dinheiro para organizações filantrópicas.

Caridade passiva: manter dinheiro fora das mãos do estado.

 

 

Um empreendedor é ganancioso pelo dinheiro que você está disposto a lhe dar. Um político é ganancioso pelo dinheiro que você deseja guardar para si mesmo.

 

 

A benevolência baseia-se na crença de que a caridade é algo correto. O parasitismo baseia-se na crença de que a caridade seja um direito.

 

 

Burocrata: um benfeitor altruísta tão consciencioso e abnegado a ponto de fazer com que os seus aflitos beneficiários lhe paguem secretamente para desfrutar de um momento ocasional de descanso.

 

 

Os negócios empresariais configuram o uso da ganância individual a serviço da riqueza coletiva. A política configura o uso da riqueza individual a serviço da ganância coletiva.

 

 

A virtude coagida é algo parecido com o amor induzido pelo estupro.

 

 

Os críticos do consumismo são pessoas que demonstram falar sério assim que continuam permanecendo nos seus recintos monásticos.

 

 

Democracia: um sistema que une as pessoas colocando as mãos delas nos bolsos umas das outras.

 

 

Denunciar a suposta ganância dos ricos é o sinal mais seguro de ganância por riquezas.

 

 

O igualitarismo é o sex appeal da inveja.

 

 

Igualitarismo: a meritocracia dos perdedores.

 

 

Egoísta: alguém que não me deixa parasitar nele.

 

 

Inveja: a ganância de um homem pobre.

 

 

A equidade é a crença na igualdade da justiça. A inveja é a crença na justiça da igualdade.

 

 

“Grátis”: caro de forma pouco óbvia.

 

 

Gratidão: a percepção de que a caridade não é um direito.

 

 

A ganância é a inveja do vencedor. A inveja é a ganância do perdedor.

 

 

Ganância é quando o próximo satisfaz a sua necessidade. Necessidade é quando você satisfaz a sua ganância.

 

 

Ganância: a ambição dos invejados.

 

 

Se as pessoas estão se importando, então o estado assistencialista é um obstáculo. Se elas não estão se importando, então o estado assistencialista é uma farsa.

 

 

Se os políticos fossem inteligentes e benevolentes, seriam filantropos ou trabalhadores de caridade de alto nível. Se fossem limitados e benevolentes, seriam trabalhadores de caridade de baixo nível. Se fossem inteligentes e malévolos, seriam titereiros oligárquicos. Se fossem limitados e malévolos, não preciso lhe dizer quem seriam.

 

 

Se você diz que dinheiro não traz felicidade, não se envergonhe dizendo que a infelicidade justifica tirar dinheiro dos outros.

 

 

Em um mercado livre, a melhor maneira de ajudar os pobres é se tornar rico. Em um mercado politizado, a melhor maneira de ajudar os ricos é se tornar pobre.

 

 

A desigualdade de renda é uma consequência óbvia da desigualdade de resultados.

 

 

É necessário pensar abstratamente para ver como a ganância pode promover a prosperidade, mas é necessário pensar ilusoriamente para afirmar que a violência possa promover a caridade.

 

 

É necessária indiferença casual para não ser caridoso com os próprios bens, mas é necessária malícia deliberada para alegar ser caridoso com a própria pilhagem.

 

 

É necessária a estupidez de um simplório para acreditar em renda incondicional, mas é necessária a estupidez de um intelectual para promovê-la como um direito humano.

 

 

O libertarismo não pode prometer salvar os pobres, mas o estatismo pode prometer corrompê-los.

 

 

Os amantes da humanidade raramente são amantes dos humanos.

 

 

O marxismo numa frase: de cada um conforme a sua riqueza, para cada um conforme a sua inveja.

 

 

Marxismo: a noção de que a inveja política seja um substituto para o conhecimento de economia.

 

 

A desigualdade meritocrática de riqueza é um sinal de progresso civilizacional, bastando para essa constatação o fato de que o ponto de partida pré-civilizacional é sempre a igualdade de pobreza.

 

 

Saqueie uma sociedade — e você a tornou temporariamente pobre. Convença os membros dela de que eles tenham o direito de saquearem uns aos outros — e você a tornou permanentemente pobre.

 

 

Protecionismo: a noção de que a cooperação global deva ser sacrificada pelo oportunismo tribal.

 

 

“Dívida pública”: aquilo que os parasitas declaram que a sociedade produtiva lhes deva.

 

 

A redistribuição é um autoperpetuador ciclo vicioso de roubar os ricos da sua riqueza para roubar os pobres da sua dignidade.

 

 

Dizer “as pessoas antes dos lucros” faz tanto sentido quanto dizer “a vida antes da respiração”.

 

 

Dizer que a justiça exija igualdade material é uma forma eufemística de dizer que a inveja exija satisfação material.

 

 

Dizer “os super-ricos podem comprar políticos, portanto devemos nos livrar dos super-ricos” é como dizer “as pessoas podem pegar sífilis, portanto devemos nos livrar das pessoas”.

 

 

A sociedade é um dispositivo para substituir a pilhagem pela caridade. O estado é um dispositivo para disfarçar a pilhagem como caridade.

 

 

Estatismo: a brilhante noção de que a maneira de reduzir o poder do dinheiro seja dar mais dinheiro ao poder.

 

 

Sonegação fiscal: o processo pelo qual a ganância de um empresário protege recursos escassos da ganância de um burocrata.

 

 

A tributação está para o roubo assim como a guerra está para o assassinato.

 

 

A conquista do estado de bem-estar é o bem-estar do estado. O custo do estado de bem-estar é o bem-estar de todos os outros.

 

 

A crença de que exista incompatibilidade entre liberdade e caridade só pode ter origem numa mente que é tão servil quanto sovina.

 

 

A escolha nunca é entre bens básicos como direitos e bens básicos como mercadorias, mas sim entre bens básicos como objetos de troca e bens básicos como objetos de pilhagem.

 

 

A afirmação de que o dinheiro não compra felicidade raramente é feita pelos ricos e felizes.

 

 

A diferença entre uma pessoa civilizada e um bárbaro é que a primeira aprecia a desigualdade como um lembrete da diversidade humana, ao passo em que o segundo a odeia como um lembrete da sua inferioridade.

 

 

A diferença entre uma sociedade saudável e uma sociedade tóxica é que os membros da primeira se sentem gratos pela ajuda recebida, ao passo em que os membros da segunda se sentem no direito de recebê-la.

 

 

A diferença entre um assaltante e um igualitarista é que o primeiro é vil o suficiente para destituir as suas vítimas da propriedade delas, mas não é maluco o suficiente para acreditar honestamente que ele, dessa forma, esteja recuperando o que seja seu por direito.

 

 

A diferença entre um filantropo e um político é que o primeiro ajuda os outros com o seu próprio dinheiro, ao passo em que o segundo ajuda a si mesmo com o dinheiro dos outros.

 

 

A diferença entre um filantropo e um político é que o primeiro utiliza a sua riqueza para beneficiar os necessitados, ao passo em que o segundo utiliza os necessitados para beneficiar a sua riqueza.

 

 

A diferença entre necessidades e desejos: elas são minhas, e eles, seus.

 

 

A diferença entre o estado e o estado assistencialista é que o primeiro se contenta em roubar a liberdade das suas vítimas, ao passo em que o segundo não cede até que as destitua também da sua dignidade.

 

 

A maneira mais fácil de refutar a noção de que os negócios empresariais sejam apenas ganância e corrupção é ressaltar o fato de que podemos distingui-los da política.

 

 

O primeiro passo para obter a ajuda de um estranho é reconhecer que você não tem direito a ela.

 

 

O mercado é um dispositivo para converter a ganância individual em prosperidade coletiva. O estado é um dispositivo para converter a inveja coletiva em miséria individual.

 

 

Quanto maior a quantidade de bens “gratuitos”, menor a quantidade de pessoas livres.

 

The more “free” goods, the fewer free people.

 

 

A maneira mais eficaz de destruir a solidariedade entre as pessoas é convencê-las de que isso consista em sentirem-se no direito de viverem às custas umas das outras.

 

 

A fonte mais potente de ódio espontâneo é a benevolência compulsória.

 

 

Os que condenam o “culto ao dinheiro” são sempre os mais ávidos por abocanhar o dinheiro dos outros.

 

 

O estado é um dispositivo para disfarçar ganâncias individuais como necessidades coletivas. O mercado é um dispositivo para coordenar ganâncias individuais com necessidades coletivas.

 

 

A maneira mais segura de perpetuar a pobreza é torná-la acessível.

 

 

A maneira de fazer a virtude florescer é praticá-la. A maneira de fazer a virtude murchar é legislá-la.

 

 

A maneira suprema de deixar uma pessoa sem ajuda é ensiná-la a sempre esperar por isso.

 

 

O estado assistencialista é um dispositivo para substituir a caridade pela pilhagem, a compaixão pelo desprezo, a gratidão pela mentalidade de achar-se no direito a alguma coisa, a dignidade pelo desamparo, a admiração pela inveja e a solidariedade pelo ressentimento.

 

 

O mundo conhecerá a paz quando o último prédio governamental for transformado num shopping center.

 

 

Legislar contra o poder da ganância é legislar a favor da ganância do poder.

 

 

Buscar a caridade é ficar temporariamente desamparado. Sentir-se no direito de receber caridade é estar permanentemente desamparado.

 

 

Eleitor: alguém inteligente o suficiente para administrar o próprio país, mas não inteligente o suficiente para gerenciar a própria carteira.

 

 

Estatismo assistencialista: a noção de que a melhor maneira de obter o apoio político daqueles destituídos de renda seja também destituí-los de dignidade.

 

 

Sempre quando alguém sente vontade de dizer “o dinheiro que o bilionário gastou na sua frota de iates poderia ter sido mais bem usado pelo ‘setor público’”, deve-se perguntar quando foi a última vez em que se ouviu falar de um bilionário adquirindo um exército de tanques e um conjunto de armas nucleares.

 

 

Onde há desigualdade espontânea de riqueza, existe pobreza relativa. Onde há igualdade espontânea ou imposta de riqueza, existe pobreza absoluta. Portanto, não pode haver sociedade sem pobreza, mas apenas uma sociedade espontaneamente desigual pode ser bem-sucedida em lidar com a pior espécie de pobreza.

 

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Jakub Bozydar Wisniewski
é membro do Mises Institute, professor assistente na Faculdade de Direito, Administração e Economia da Universidade de Wroclaw e um acadêmico afiliado e membro do Conselho de Administração do Ludwig von Mises Institute na Polônia. Ele possui mestrado em filosofia pela Universidade de Cambridge e doutorado em economia política pelo King's College London. Ele é o autor de The Economics of Law, Order, and Action: The Logic of Public Goods, Libertarian Quandaries e The Pith of Life: Aphorisms in Honor of Liberty. Ele é o ganhador do prêmio Douglas E. French do Mises Institute e o prêmio George and Joele Eddy. Seus principais interesses de pesquisa incluem a teoria do empreendedorismo, a teoria dos bens públicos, a metodologia da economia e a ética nos negócios.

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