Ross está livre – nós também podemos estar!

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O Dread Pirate Roberts é um homem livre.

Como tantos que pediram a liberdade de Ross Ulbricht nos últimos onze anos, nunca acreditei totalmente que este dia chegaria. E, como muitos de nós, ouvi todos os tipos de razões (ignorantes) pelas quais eu não deveria apoiá-lo.

“Ele é um traficante de drogas!”

“Ele contratou um assassino de aluguel para matar um pai de três filhos!”

Nenhuma dessas coisas é verdade. Se você quer saber o que ele realmente fez e por que ficou preso por onze anos, aqui está um lugar para começar.

Há uma questão muito maior em jogo, porém, do que as particularidades do caso de Ross.

Sarah Thompson coloca bem:

           “Ross Ulbricht incorpora as questões e ideais mais importantes do nosso tempo. Ele é apenas um homem, humano e falível, e também um ícone: o herói silencioso, um inovador tão ameaçador para a ordem estabelecida que eles tiveram que enterrá-lo. Para um pequeno grupo de pessoas, ele foi transformado em um mártir. E, além da esperança, ele está livre, tendo enfrentado a escuridão.

Nossas escolhas são Ross ou Klaus Schwab. Não podemos ter os dois; qualquer deriva em direção a Schwab nos leva ao precipício. Ainda estamos no fio da navalha. Mas, neste momento, o sol despontou na escuridão do horizonte. Não nos esqueçamos de nossos sentimentos quando ele se põe. O mundo ainda está girando.”

O governo não colocou Ross Ulbricht na prisão porque ele era um criminoso. Ross não cometeu nenhum crime contra ninguém. Mas ele, e a plataforma que ajudou a construir, ameaçaram o monopólio do governo sobre o crime. E é por isso que eles tiveram que prendê-lo: para enviar uma mensagem inequivocamente clara a qualquer outra pessoa que pudesse pensar em fazer algo semelhante.

Quando Barack Obama mandou matar um cidadão americano e seu filho de dezesseis anos, junto com outras pessoas inocentes, ninguém o jogou em uma jaula. E eu ficaria muito surpreso ao descobrir que qualquer um daqueles que estavam torcendo pelo encarceramento de Ross também queriam que Obama fosse encarcerado por seus muitos crimes.

Muitas pessoas admiram criminosos em posições de poder. Admiram tanto que nem conseguem reconhecer o que está acontecendo. Então deixe-me explicar:

Toda vez que você faz uma troca com alguém, seja sendo pago como empregado, contratando alguém para trabalhar em sua casa ou comprando areia de gato no supermercado, o governo pega um pedaço disso.

Não há razão para isso, é só porque eles podem.

Se você acha queuma razão, se você acha que o imposto é justificado porque “precisamos dela para pagar nossas forças armadas … ou escolas públicas … ou estradas!”, então vou sugerir que você nunca considerou essas questões direito. Mesmo que você ainda acredite que precisamos que alguém roube dinheiro das pessoas para pagar pelas coisas necessárias (e se você ainda acredita nisso, recomendo esta leitura para corrigir o problema), você não pode razoavelmente acreditar que a maneira pela qual essas coisas precisam ser pagas é tomando um corte percentual de cada transação em que todos participam.

Isso não faz sentido. Nenhuma empresa legítima opera dessa maneira. Você não sai para jantar e paga uma fração de sua renda pela refeição. Também não compramos carros dessa maneira, nem roupas, nem casas, nem gasolina… nem nada. Pagamos preços por essas coisas, e esses preços fazem algum sentido, dado o que custa fazê-las e o quanto outras pessoas as valorizam.

Então… O governo tira dinheiro de nós – o máximo que conseguem – e há muito pouco que possamos fazer sobre isso. Somos então solicitados a acreditar que o governo gastará o dinheiro que recebeu de maneiras que são melhores para nós do que as maneiras que teríamos gasto.

O próximo passo é que obtemos coisas como assentos sanitários de milhões de dólares; muitas guerras em países sobre os quais nada sabemos e com os quais não temos problemas; escolas que produzem graduados que mal sabem ler, mas que acreditam fervorosamente que precisam do estado para o mundo funcionar; agências governamentais que impedem à força que as pessoas se ajudem durante desastres naturais; enquanto estados inteiros queimando até não sobrar nada.

Ah, e o governo também rouba riqueza de nós inflando a oferta de dinheiro.

O website Silk Road e o advento da criptomoeda ameaçaram tudo isso. Ao fornecer uma plataforma para as pessoas fazerem trocas anônimas, ele contornou as rotas pelas quais o estado é capaz de tomar nossas riquezas de nós.

E embora, não, o Bitcoin em si não forneça anonimato, a esperança era que ele criasse uma moeda alternativa que não pudesse ser inflacionada por ninguém. Essa esperança ainda pode dar frutos.

É por isso que Ross foi jogado em uma jaula por onze anos. Não porque ele machucou alguém, não porque ele roubou de alguém. Não porque ele cometeu qualquer tipo de crime genuíno (o tipo que requer uma vítima). Ele foi jogado em uma jaula porque ajudou a criar algo que representava uma ameaça existencial às atividades criminosas reais de outras pessoas.

É isso.

Sempre teremos criminosos entre nós. Sempre haverá algumas – espero que muito poucas – pessoas que não se importem em usar a violência para conseguir o que querem. Mas toda a nossa sociedade não precisa se basear nesse princípio.

O sistema com o qual vivemos atualmente não é aquele que nos protege de criminosos, mas um que fornece um espaço seguro para criminosos em grande escala: aqueles que roubam e matam impunemente – e que criminalizam ações para o resto de nós que não são de fato crimes.

A questão que temos diante de nós é se queremos continuar a viver num sistema que se baseia na criminalidade. O Silk Road, e todos aqueles que o usaram, responderam a essa pergunta com um retumbante “NÃO”. Nós também podemos fazer isso. Podemos rejeitar o sistema de violência estatal. Podemos buscar maneiras de viver que não envolvam o Estado e que, de fato, ajudem a subvertê-lo. Podemos, cada um de nós, procurar maneiras, não de cooptar a instituição do Estado, nem de colocar “nosso povo” lá, mas de desmantelá-lo completamente e construir em seu lugar uma sociedade fundada na lei e na ordem genuínas, em vez de sermos governados por uma elite criminosa.

Então, o que estamos esperando? Fogo na bomba!

 

 

 

 

Artigo original aqui

Leia também:

Caso Silk Road: Usando Mises de forma eficiente

1 COMENTÁRIO

  1. “Muitas pessoas admiram criminosos em posições de poder.”

    Inclusive por pessoas que exercem suas atividades no setor privado, o que recomenda a Sagrada Escritura.

    “Somos então solicitados a acreditar que o governo gastará o dinheiro que recebeu de maneiras que são melhores para nós do que as maneiras que teríamos gasto.”

    De fato, o dinheiro na mão daqueles a quem por mérito pertence, é da justiça divina. Mas isso não quer dizer que dinheiro na mão das pessoas será gasto com sabedoria. A comparação não é com a máfia estatal, mas com a vida dos santos.

    Libertem a Igreja Católica.

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