Rothbard estava certo

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Se você quiser entender Murray Rothbard, você precisa ter em mente um único princípio. Se você se lembrar disso, terá a chave para compreender seu pensamento. E você deveria querer entender Murray Rothbard, porque ele foi o maior defensor da liberdade nos EUA do século XX.

O princípio em questão é que Murray Rothbard teve uma visão consistente de uma boa sociedade que ele defendeu ao longo de sua carreira. Ele descreveu essa visão em um vasto número de livros e artigos, incluindo Man, Economy, and State, Governo e Mercado, A ética da liberdade e Egalitarianism as a Revolt Against Nature. Esta visão sempre foi a mesma.

Algumas pessoas, mesmo entre aquelas que conheciam e admiravam Murray, não conseguem entender isso porque elas o veem através de uma ótica política. Elas apontam para as alternâncias de suas alianças políticas, vendo suas mudanças da Velha Direita para a Esquerda e finalmente para o Paleolibertarianismo. Escapa a elas o ponto essencial.

É claro que Murray queria colocar sua visão em prática. Mas para ele a visão era primordial. Se você se concentrar nas táticas políticas de Murray, você vai perder o verdadeiro Murray.

Qual era esta visão? Como todo mundo sabe, Murray acreditava em um mercado completamente livre. O estado, que Nietzsche chamou de “o mais frio dos monstros” era o inimigo.

Para que uma sociedade livre pudesse se manter, as pessoas precisavam possuir certos valores. Murray era um tradicionalista que acreditava no Direito Natural e na Família. Ele deplorava ataques contra a tradição como os do movimento feminista moderno. Sobre temas de cultura, Murray começou na Direita, e permaneceu sempre ali.

Aqui vão alguns exemplo do que ele dizia: “No nosso século, fomos soterrados por uma avalanche do mal, em forma de coletivismo, socialismo, igualitarismo e niilismo. Para mim sempre foi totalmente claro que temos uma imperiosa obrigação moral, para o nosso bem, de nossos familiares, nossos descendentes, nossos amigos, nossos vizinhos, de lutar contra este mal.”

Para fazer isso, devemos ficar com a sabedoria da filosofia perene: “Em contraste com outras ciências específicas ou com a história, pode haver pouca inovação genuína na filosofia de uma década, ou mesmo de um século, para outro. A filosofia lida com problemas eternos através do discurso racional. Além disso, a filosofia genuína é apenas o senso comum refinado, o qual não possui uma oferta maior hoje do que na Grécia antiga. Então não há nada muito novo que filósofos podem legitimamente dizer.”

Ele não via utilidade no feminismo moderno: “Na raiz do movimento de libertação das mulheres está o ressentimento contra a própria existência das mulheres como uma entidade distinta.”

Murray via as elites esquerdistas como inimigas dos valores que ele defendia: Ele disse que “Vivemos em um país estatista e um mundo estatista comandado por uma elite dominante, formada por uma coalizão do Grande Governo com o Grande Empresariado e diversos grupos de interesses influentes. Mais especificamente, o antigo EUA de liberdade individual, propriedade privada e governo mínimo havia sido substituído por uma coalizão de políticos e burocratas aliados com, e até dominados por, poderosas elites financeiras monetárias e corporativistas.” Como ele resumiu, “O maior perigo são as elites, não as massas.”

Durante a década de 1960, ficou evidente para Murray que o agente da CIA Bill Buckley forçou a rejeição do não intervencionismo da Velha Direita. “Conservadores” daquele período como o ex-comunista Frank Meyer e o ex-trotskista James Burnham queriam uma guerra preventiva para aniquilar a união Soviética.

Para Murray, a luta contra a guerra sempre foi o objetivo político primordial. “A guerra é o alimento do estado”, na famosa frase de Randolph Bourne, e a batalha contra o estado é uma batalha contra a guerra. A Esquerda durante os anos de 1960 e 70 se opunha a Guerra do Vietnam e a Guerra Fria em geral. Por causa disso, ele formou uma aliança política temporária com ela.

Um fato deve ser sempre levado em conta sobre essa aliança. Ela era estritamente limitada a política externa. Murray nunca mudou de ideia sobre os valores sociais conservadores ou, logicamente, o livre mercado.

Quando Murray viu como os valores esquerdistas haviam praticamente tomado conta do Partido Libertário, ele ajudou a formar a famosa “Aliança Paleo”. Ele juntou forças com tradicionalistas que também se opunham à guerra. Ao fazer isso, ele permaneceu fiel a sua visão consistente. Ele jamais titubeou nesta visão.

Se você quiser saber como seria na prática a visão de Rothbard aplicada aos EUA contemporâneo, você deveria olhar para o Ron Paul. A carreira do dr. Paul no congresso, marcada por sua oposição a guerra e ao Fed, é o melhor exemplo dos valores de livre mercado anti-elitista que Murray apoiava.

Aqueles muito focados no “troca troca da política” não enxergam o que é mais verdadeiro e mais vital na obra de Murray Rothbard.

 

Tradução de Fernando Chiocca.

Artigo original aqui.

3 COMENTÁRIOS

  1. “Em contraste com outras ciências específicas ou com a história, pode haver pouca inovação genuína na filosofia de uma década, ou mesmo de um século, para outro. A filosofia lida com problemas eternos através do discurso racional. Além disso, a filosofia genuína é apenas o senso comum refinado, o qual não possui uma oferta maior hoje do que na Grécia antiga. Então não há nada muito novo que filósofos podem legitimamente dizer.”

    Genial!!!

  2. Conheci esse site através do Paulo Kogos…. É me identifiquei com o anarcocapitalismo, eu antes era um esquerdistas revoltado com o estado….

  3. Conheci esse site através do Paulo Kogos…. É me identifiquei com o anarcocarpitalismo, eu antes era um esquerdistas revoltado com o estado….

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