3. O que é Dinheiro?

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Ao contrário do que nos costuma ser dito, o dinheiro não é a raiz de todos os males. Ao contrário, é uma das maiores invenções humanas. Mas, afinal, o que é o dinheiro?

É comum ouvirmos que “o dinheiro é a raiz de todos os males”.

É nos dito que dinheiro é sinônimo de ganância, e que desejá-lo é algo intrinsicamente mau.

Isso não é verdade. O dinheiro é talvez a mais importante criação na história da humanidade. Pense um pouco em como seria um mundo sem ele.

Pense em todas as coisas de que desfruta em sua vida: uma casa, um telefone celular, um livro, um novo joguinho de computador, roupas novas, um carro, uma refeição em seu restaurante favorito. Quantas dessas coisas você poderia prover para si mesmo?

Felizmente, graças ao dinheiro, não precisamos. Ao contrário, você pode se especializar em algo – talvez tocando um instrumento, ou construindo pranchas de surfe, ou consertando carros – e, depois, pode usar o dinheiro que ganhou para comprar produtos ou serviços de outros.

Nem sempre isso foi assim.

Antes do dinheiro, sociedades pacíficas usavam um sistema chamado de escambo, trocando um objeto por outro.

Imagine que Roberto tenha um peixe e Paulo tenha água limpa. Os dois poderiam negociar entre si. Mas e se Paulo não gostasse de peixe? Para adquirir a água de que precisa, Roberto poderia negociar com alguma outra pessoa aquilo que Paulo quer.

Isso é chamado de troca indireta.

Em diferentes sociedades, havia certos itens que todos queriam. Esses itens constituíram as primeiras formas de dinheiro.

Ao longo da nossa história, vários tipos de itens foram usados como dinheiro, tais como sal, tabaco, grãos, conchas, gado ou pele. Com o tempo, sociedades acabaram adotando algum tipo de metal, especialmente ouro e prata, como sua forma preferida de dinheiro.

E por que isso? Muitas sociedades valorizavam esses metais brilhantes como jóias, adornos e para uso industrial, mas eles tinham também outras vantagens. Metais são difíceis de serem destruídos, são uniformes e divisíveis – quaisquer dois gramas de ouro puro são iguais – e são fáceis de serem carregados para lá e para cá se transformados em moedas. Também são escassos e difíceis de serem minerados, de modo que não é possível produzir mais deles como se crescessem em árvores.

Foi a invenção do dinheiro que de fato permitiu o avanço da civilização humana, porque você podia comprar coisas novas sem ter de produzi-las você mesmo. Isso trouxe liberdade e escolha às pessoas, uma possibilidade de aproveitar a vida em vez de simplesmente subsistir. Você podia agora ser um fazendeiro, um alfaiate, um capitão, um pirata ou um comerciante. Essa especialização, chamada de divisão de trabalho, permitiu que as pessoas se tornassem mais letradas e hábeis, capazes de produzir coisas mais complexas e úteis, aumentando a qualidade de vida de todos.

O dinheiro também tornou mais fácil poupar para o futuro. Guardando um pouco do dinheiro que ganhavam, as pessoas podiam adquirir itens maiores e mais complexos – como uma nova casa.

Obviamente, quando elas começaram a poupar, passaram a procurar novas maneiras de proteger suas economias. Isso deu origem aos bancos, onde você podia depositar suas moedas com alguém que as protegeria, em troca de notas promissórias de papel que lhe davam o direito de resgatá-las quando as quisesse de volta.

Essas notas de papel se tornaram uma nova forma de dinheiro, já que você podia trocá-las com outras pessoas, que, por sua vez, podiam ir aos bancos e resgatar o metal prometido. De fato, muitos dos nomes das moedas de hoje são derivados desse sistema.

A palavra “dólar”, por exemplo, vem do alemão “daler“, uma moeda de prata usada na Europa, no século 17. A primeira nota europeia foi emitida pelo Banco de Estocolmo, em 1666, e era denominada em daler.

Veja, Roberto ganha dinheiro produzindo bens ou serviços que podem ser trocados com outros. Mas e se, ao invés de ganhá-lo, Roberto simplesmente imprimisse mais dinheiro? Agora ele está rico sem ter produzido nada de valor.

Assim que as sociedades passaram a usar papéis, ficou fácil para os governos imprimirem mais dinheiro, mesmo se eles não tivessem toda a prata e todo o ouro que podiam ser resgatados com as notas de papel.

Ao longo da história, essa foi uma maneira comum de os governos criarem mais dinheiro, porque era mais fácil do que as outras opções, como coletar impostos. Embora isso fosse bom para os políticos, era ruim para o resto da população, já que o seu dinheiro perdia valor – isso é chamado de “inflação”.

Com o tempo, os governos foram tomando para si completamente o controle do dinheiro. Até o início do século 20, nos Estados Unidos, você podia trocar dólares por ouro – um sistema chamado de padrão ouro.

Em 1913, os Estados Unidos criaram um banco central, a Reserva Federal, ou Federal Reserve em inglês, ou simplesmente FED. Esse banco central começou a criar dólares sem ter o ouro correspondente. Em 1933, o presidente Franklin Roosevelt tornou ilegal a posse de ouro pela população. Em 1971, o presidente Richard Nixon acabou com qualquer paridade que ainda restava entre o dólar e o ouro.

Depois disso, não havia mais nada de valor dando lastro ao dólar.

O resultado?

Cem anos anos antes da fundação do FED, o preço do ouro era de 19 dólares.

Cem anos depois de sua fundação, o preço do ouro era de 1,204 dólares.

Por que isso aconteceu? Sem nada lastreando a moeda, o governo pode criar dinheiro do nada, usando-o para financiar o que for do seu interesse: o inchaço da máquina pública, programas assistências populistas e guerras em larga escala. E tudo isso à custa do nosso poder de compra e do valor de nossas economias.

 

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Este vídeo é uma adaptação do artigo “What Is Money?”, publicado pelo Mises Institute série “Economics for Beginners“.

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Produzido e narrado por Marco Batalha.

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