Ou seja, segundo a imprensa, o país estaria melhor se Romário, ao invés de ficar jogando futevôlei na Barra, gastasse suas preciosas tardes criando projetos de lei para controlar nossas vidas, regular ainda mais a economia, e tomar dinheiro do setor produtivo para redistribuí-lo para Sarneys, Calheiros, e organizações e grupos de interesse com boas conexões políticas.
Em uma sociedade livre, medidas como essas que ocorrem diariamente no Congresso seriam vistas como o que realmente são: assaltos, um crime digno de cadeia para seus efetuadores; na democracia, no entanto, elas repentinamente adquirem um status de alto gabarito moral. Hans-Hermann Hoppe, em seu livro sobre a democracia, explicou detalhadamente como o sistema democrático gera uma crescente degeneração moral, inversão de valores éticos, declínio cultural e desintegração social. No caso em questão, um sujeito que escolhe não participar do processo de pilhagem passa a ser visto como criminoso e arrogante, ao passo que os verdadeiros criminosos e arrogantes, que saqueiam o setor produtivo para proveito próprio e de seus cupinchas, são vistos como pessoas trabalhadoras e preocupadas com o tal do “bem comum”.
Romário, ao agir assim, faz um bem ao país e à sua biografia: desmoraliza esse sistema pernicioso que é a democracia e, de quebra, se recusa a participar do processo de pilhagem de nossas riquezas e de redução de nossas liberdades civis e econômicas.
A se lamentar apenas o fato de que as outras excelências não compartilham do mesmo hobby do baixinho. Afinal, como o Brasil estaria melhor: com Sarney passando suas tardes no Senado ou com Sarney passando suas tardes fazendo embaixadinhas na praia, tabelando de cabeça com Edison Lobão e Eduardo Cunha?