05. A tarefa da filosofia política
Além disso, os filósofos políticos atuais geralmente se limitam, por sua vez, em virtude de uma espécie deWertfrei ou atitude neutra perante valores, a descrições e explicações críticas das antigas visões de outrosfilósofos políticos do passado distante. Ao fazerem isso, evadem a da principal tarefa da filosofia política, nas palavras de Thomas Thorson, “a justificação filosófica das posições de valor relevantes à política”.[2]
A fim de defender políticas públicas, um sistema de ética social ou política precisa ser estruturado. Em séculos anteriores esta era a tarefa crucial da filosofia política. Mas no mundo contemporâneo, a teoria política, em nome de uma “ciência” espúria, tem banido a filosofia ética, e tem se tornado inaproveitável como guia para o cidadão inquiridor. O mesmo caminho tem sido tomado em cada uma das disciplinas das ciências sociais e da filosofia quando abandonam os procedimentos da lei natural. Expulsemos então os fantasmas da Weirtfreiheit, do positivismo e do ceticismo. Ignorando as exigências despóticas de um status quo arbitrário, elaboremos detalhadamente — por mais clichê que pareça esta ideia — um modelo de lei natural e de direitos naturais para o qual o sábio e o honesto possam se voltar. Especificamente, procuremos estabelecer a filosofia política da liberdade e delimitar o campo apropriado da lei, dos direitos de propriedade e do estado.
[1]Cf. W. Zajdlic, The Limitations of Social Sciences, Kyklos 9 (1956): 68-71.
[2]Portanto, como Thorson indicou, a filosofia política é uma subdivisão da filosofia da ética, em contraste com a “teoria política” bem como com a filosofia positivista analítica. Veja Thomas Landon Thorson, Political Values and Analytic Philosophy Journal of Politics (novembro de 1961): 712n. Talvez o professor Holton esteja certo que “a decadência da filosofia política é uma parte de uma decadência geral”, não apenas na própria filosofia, mas também “no status da racionalidade e das ideias”. Holton prossegue e acrescenta que os dois principais desafios da filosofia política genuína nas recentes décadas têm vindo do historicismo — a visão de que todas as ideias e verdades são relativas a condições históricas particulares — e do caráterscientism, a imitação das ciências físicas. James Holton, Is Political Philosophy Dead? Western Political Quarterly (setembro de 1961): 75ff.