8 – Resumo
A Economia Austríaca forneceu-me a munição intelectual para amparar minha tendência natural a dizer “não” a todas as formas de intervenção do governo. Mises proporciona inspiração para agarrar-me aos princípios e para defender, tranquila e confiantemente, a superioridade de um mercado descentralizado, guiado pelo consumidor, em contraste a uma economia burocrática, planejada centralmente.
Mises é cristalino a respeito da responsabilidade que todos temos de estabelecer uma sociedade livre. Ele conclui a obra Socialism com o seguinte conselho:
Todos carregam consigo uma parte da sociedade; ninguém está livre de sua quota de responsabilidade para com os outros. E nenhum indivíduo poderá estar seguro se a sociedade em que vive estiver se encaminhando para a destruição. Portanto, cada indivíduo, para seu próprio bem, deve se lançar vigorosamente nesta batalha intelectual. Ninguém pode se dar ao luxo de ficar indiferente e impávido; os interesses de todos dependem do resultado. Queira ou não, cada homem fará parte dessa grande batalha histórica, essa batalha decisiva em que fomos jogados pelos atuais eventos.[15]
E, em Ação Humana, ele afirma:
Ninguém tem como fugir à sua responsabilidade pessoal. Quem — seja quem for — não usar o melhor de sua capacidade para examinar esses problemas estará voluntariamente submetendo seus direitos inatos a uma autodesignada elite de super-homens. Em assuntos tão vitais, confiar cegamente nos “entendidos” e aceitar passivamente mitos e preconceitos vulgares equivale a renunciar à sua própria autodeterminação e submeter-se à dominação de outras pessoas. Para o homem consciente, nada é mais importante na atualidade do que a economia. Está em jogo o seu próprio destino e o de sua descendência.[16]
Estou convencido, como Mises, de que as soluções para a crise que enfrentamos têm de ser positivas (o que é apenas uma razão por que estou tão satisfeito com a fundação do Ludwig Von Mises Institute). Ele afirmou, em A Mentalidade Anticapitalista, que o “movimento do contra” não “possui chance alguma de ter êxito” e que “a única coisa que pode impedir as nações civilizadas da Europa Ocidental, da América e da Austrália de serem escravizadas pelo barbarismo de Moscou é o amplo e irrestrito apoio ao capitalismo laissez-faire. [17]
Sem a Economia Austríaca, eu não teria tido minha carreira política. A força motivadora mais vigorosa em minhas atividades políticas é viver livre, já que nasci livre. A liberdade é meu objetivo primordial. O livre mercado é apenas o resultado que pode ser esperado de uma sociedade livre. Não aceito a liberdade individual porque o mercado é eficiente. Ainda que o livre mercado fosse menos “eficiente” do que o planejamento central, continuaria preferindo minha liberdade pessoal à coerção. Felizmente, não preciso fazer uma escolha. A Economia Austríaca sustenta a eficiência do mercado, e isso reforça meu desejo e meu direito incomensuráveis de ser livre.
Se nenhuma explicação intelectual adequada a respeito da eficiência do livre mercado existisse, nenhum ativismo político, de qualquer tipo, seria possível para uma pessoa pró-liberdade. Nossa posição seria apenas um sonho teórico irreal.
No entanto, não vejo conflitos entre uma defesa utilitarista da economia de mercado e o argumento em favor de um mercado livre como uma consequência de um compromisso moral com direitos outorgados por Deus — porque não há conflito algum. A aprovação do mercado pelo economista por razões puramente utilitaristas torna-se de fato uma análise mais “objetiva” se não for formulada a partir de uma posição baseada em direitos naturais. Mas, quando aliada à filosofia do direito natural, é ainda mais poderosa. Nenhuma escolha precisa ser feita. O argumento utilitarista não exclui a crença em que a vida e a liberdade provêm do Criador. Quando são somadas, tornam-se duplamente importantes.
Quando alguém defende o livre mercado com base em argumentos utilitaristas, começa com as ações particulares do indivíduo. Começando com um argumento baseado em direitos naturais, o “a priori” torna-se “o dom da vida e da liberdade” natural ou outorgado por Deus.
Os utilitaristas podem ser neutros ou antagônicos a respeito da origem da vida e da liberdade, mas isso não enfraquece de maneira alguma sua explicação das vantagens técnicas de um sistema econômico livre. Por sua vez, aqueles que aceitam uma filosofia do direito natural não têm qualquer escolha senão aceitar o capitalismo laissez-faire.
A defesa utilitarista do mercado de Mises abre carreiras políticas para aqueles que acreditam na liberdade, na coragem, e até desafia quem acredita de verdade no sistema a apresentá-lo em termos políticos.
Mises, em Ação Humana, diz:
O florescimento da sociedade humana depende de dois fatores: da capacidade intelectual de homens excepcionalmente dotados e da habilidade desses ou de outros homens para tornar essas ideologias aceitáveis pela maioria. [18]
Ludwig Von Mises certamente ofereceu teorias econômicas e sociais robustas. Espero que meu modesto sucesso na política possa estimular outros a tentar seguir o meu caminho e ajudar a provar que Mises estava “errado”, demonstrando que uma carreira política está aberta a homens e a mulheres que não se identificam com os interesses de um grupo de pressão, mas, sim, com a liberdade de todos.
[15] Ludwig von Mises, Socialism (New Haven, Connecticut: Yale University Press, 1951), p. 515.
[16] Mises, Ação Humana, p. 993.
[17] Ludwig von Mises, A Mentalidade Anticapitalista (São Paulo, Instituto Mises Brasil, 2010). p. 80.
[18] Mises, Ação Humana, p. 977.