Em uma notável transmissão de televisão em 15 de dezembro de 2022, Tucker Carlson soltou uma bomba. Ele apontou que, contrariando a lei, a Casa Branca se recusava a liberar milhares de páginas de documentos sobre o assassinato de John F. Kennedy em 22 de novembro de 1963. Carlson disse que esses documentos provavam o envolvimento da CIA no assassinato e que alguém de dentro do governo que examinou esses documentos fez uma declaração direta a esse respeito.
Aqui está o que Carlson disse:
Após esta transmissão, Robert Kennedy, Jr, sobrinho de JFK, twittou: “O noticiário mais corajoso em 60 anos. O assassinato de meu tio pela CIA foi um golpe de Estado bem-sucedido do qual nossa democracia nunca se recuperou.”
Se a CIA estava envolvida, a próxima pergunta óbvia é por quê? Por que eles queriam JFK eliminado? A melhor resposta foi fornecida pelo professor Jim Douglass em seu livro JFK and the Unspeakable. Em resumo, JFK não confiava na CIA e planejava desmantelá-la. Por essa razão, a CIA livrou-se dele antes que ele pudesse se livrar dela.
Entrevistei Douglass há mais de uma década, e algumas das coisas que ele me disse foram:
ROCKWELL: Jim, você era próximo de Thomas Merton, influenciado por Thomas Merton, e parte deste título vem de Merton. Você poderia explicar isso para nós?
DOUGLASS: Sim, Lew. Thomas Merton escreveu um livro chamado Raids on the Unspeakable, uma série de ensaios. Ele falou sobre o indizível como uma espécie de poder e uma espécie de realidade que ia quase além do poder da fala. Foi sugerido para ele pela corrida armamentista nuclear, pela Guerra do Vietnã e pelos assassinatos de John F. Kennedy e Malcolm e Martin e RFK. Era uma espécie de mal que não queremos mexer. Essa pode ser uma maneira de descobrir o que ele quis dizer com o indizível.
ROCKWELL: Bem, Jim Douglass, graças a Deus você mexeu no vespeiro onde talvez outros temiam mexer. E todas as pessoas com quem conversei – e eu mesmo li uma boa quantidade de revisionismo de Kennedy, mas fiquei extremamente impressionado com tudo o que você fez. E as pessoas com quem conversei, que são os verdadeiros especialistas, me dizem que este é o melhor e o mais importante livro já escrito sobre o assassinato de Kennedy. Portanto, você não apenas examina o porquê, claramente, isso foi uma conspiração, mas também não foi um típico maluco solitário que aparece de tempos em tempos na história americana e é de grande utilidade para a elite dominante, mas você nos mostra por que ele foi morto, por que isso é tão importante e por que todos devemos nos preocupar com isso, não sendo um evento histórico que podemos esquecer, e por que isto continua a ter impacto na natureza da sociedade americana, nas guerras que o governo trava , o que está acontecendo em termos de estado policial aqui em casa, e por que isso afeta todas as pessoas hoje que estão ouvindo esta entrevista.
DOUGLASS: Sim, eu realmente aprecio sua ênfase nos porquês, porque tudo o que eu esperava fazer era contar a história do porquê. Eu, é claro, incluí o enredo, mas a única razão pela qual fiz isso foi para preencher o cenário. Meu ponto não é uma análise do assassinato de Kennedy. Era para contar a história de JFK e de todos nós. Representava todos neste país e, devido à natureza do conflito, em certo sentido, todos no mundo. Estamos falando de armas que podem destruir o mundo. E essa história, e de sua transformação – eu uso essa palavra deliberadamente. Vem das Escrituras Hebraicas – seu afastamento desse tipo de poder destrutivo, em direção à paz, esse é o ‘porquê’ de seu assassinato.
ROCKWELL: Sabe, nós ouvimos, por exemplo, sobre seu discurso em que ele disse que iria desmantelar a CIA como uma organização. Isso fazia parte, quero dizer, em termos do que a CIA fazia então, o que faz hoje, o que o Pentágono faz, o Complexo Militar-Industrial?
DOUGLASS: Ele rompeu com a CIA relativamente cedo em seu governo, na Baía dos Porcos, porque ele compreendeu o que estava havendo – ele não era um homem estúpido. Ele era uma pessoa muito perspicaz. (Risos) E ele entendeu que estava sendo manipulado e usado na Baía dos Porcos para que tivesse que chamar as tropas dos EUA para vencer Castro, e a CIA mentiu para ele para incriminá-lo, eles mentiram sobre as condições das revoltas que lhe contaram que iriam ocorrer em Cuba e todo esse tipo de coisa. E toda a invasão da Baía dos Porcos foi organizada durante o governo Eisenhower. Mas quando Kennedy percebeu depois até que ponto ele havia sido enganado e manipulado, ele disse: “Quero estilhaçar a CIA em mil pedaços e espalhá-la ao vento”. E ele deliberadamente tomou medidas para impedir a CIA de fazer isso novamente no futuro. Ele demitiu o homem no comando, Allen Dulles, que havia sido o guerreiro frio até aquele momento, e demitiu seus principais subordinados que o haviam enganado na Baía dos Porcos. E então, é claro, após seu assassinato, quem Lyndon Johnson, seu sucessor, nomeia para a chamada Comissão Warren como a maior influência dentro dela, senão Allen Dulles. Ele deveria ter sido considerado, com razão, o principal suspeito do assassinato, e não nomeado para investigá-lo. Essa é a raposa investigando o assassinato no galinheiro.
ROCKWELL: Você pode olhar para o assassinato de Kennedy como um golpe de Estado?
DOUGLAS: Sim. Mas é um golpe de estado muito sutil, pois a propaganda é tão grande e a transição é feita de forma tão fluida para o governo de Lyndon Johnson, que está revertendo toda a decisão principal de Kennedy. Isso acontece com tão pouca interrupção. Quero dizer, todos os principais assessores de Kennedy se rendem e não dizem que isso é um golpe de estado ou algo assim. Todo mundo meio que se rende. Este é o pensamento da Guerra Fria. Esta é a missão para os poderes constituídos, se você quiser colocar em termos bíblicos. E assim, embora seja, de fato, um golpe de Estado em termos de poder – e da maneira como Kennedy estava se movendo, ele havia se tornado tão isolado, e até mesmo o mais próximo dele – bem, a maioria de seus conselheiros mais próximos eram tão subordinados aos poderes constituídos que não foi visto como algo assim.
ROCKWELL: Robert Kennedy viu isso como um assassinato dos poderosos, e é por isso que ele próprio foi assassinado?
DOUGLASS: Sim, ele viu. Mas ele não podia, como um indivíduo – mesmo sendo procurador-geral dos Estados Unidos, ele não conseguia ver uma maneira de fazer nada no extremo isolamento que ele e seu irmão estavam antes do assassinato. Mas agora era Robert Kennedy sozinho. Ele, no próprio dia do assassinato, dentro de uma hora, ele estava suspeitando – bem, dentro de minutos – (Risos) – ele estava suspeitando que havia sido a CIA. E ele realmente confrontou pessoas da CIA naquela tarde, perguntando sobre o papel delas no assassinato. Mas tudo isso foi mantido muito longe dos olhos de qualquer pessoa. E ele não saiu com essa visão. Ele disse a seus amigos que esperaria até se tornar presidente. Essa foi uma decisão muito trágica e fatal. Ele precisava falar muito antes disso. E, claro, ele nunca teve essa oportunidade. E ele foi assassinado 15 minutos depois de vencer as primárias da Califórnia para se tornar presidente dos Estados Unidos.
* * *
Não é hora de acabar com o acobertamento? Vamos fazer tudo o que pudermos para liberar os documentos que faltam e, em seguida, nos livrarmos da maldosa e belicista CIA. Mas não vamos parar por aí. Vamos nos livrar da NSA, do FBI e de outras agências que estão aterrorizando e espionando o povo americano.
Artigo original aqui
Sobre a Baía dos Porcos, existe uma versão oposta: a CIA realmente planejou a operação e apoiou os rebeldes cubanos, mas no último instante Kennedy sabotou o plano cancelando os ataques aéreos que deveriam eliminar a aviação cubana.
A justificativa é que os Kennedy (John e Robert) não queriam ser acusados de “interferir em outro país”.
Eu me permito pensar em outra justificativa: todo governante gosta de ter um inimigo externo para levar a culpa de tudo e manter a população amedrontada. Durante a Guerra Fria, esse inimigo era a União Soviética e o comunismo. Cuba fazia parte desse esquema.
Se hoje o governo diz ao povo “só nós podemos proteger você do coronavírus”, nos anos 1950/1960 ele dizia “só nós podemos proteger você dos comunistas”. O processo de
– apontar um inimigo “oculto e sorrateiro”
– criar pânico
– apresentar-se como o salvador
– exigir obediência
é basicamente o mesmo.
De fato nunca saberemos quem sabotou quem no episódio da Baía dos Porcos. E quem pagou o preço foi a população cubana.