Matt Harding – 4:29 minutos de capitalismo unindo o mundo

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Tempo estimado de leitura: 3 minutos

mattA internet tem sido a melhor amiga de um capitalista, um lugar onde desconhecidos podem rapidamente chegar ao topo se tiverem a idéia certa e um plano bom. Você quase sempre ouve apenas sobre os grandes vencedores, como os fundadores do Google, do YouTube, etc. Entretanto, existem muitas pessoas que podem até não ter se tornado bilionárias, mas que todavia se beneficiaram à sua maneira fazendo uso criativo da rede.

Em pouco menos de três meses, quase dez milhões de pessoas já assistiram a Dancing, um vídeo sem nenhuma tecnologia especial postado no YouTube. Nele, um cidadão chamado Matt Harding viaja ao redor do mundo dançando uma jiga em dezenas de locações junto a centenas de pessoas, muitas delas crianças. Os produtores partiram de uma premissa simples, porém extravagante: filmar Matt dançando em frente a vários cenários eloqüentes, em sincronia com uma música. É certo que qualquer um de nós poderia ser Matt – isto é, se você for capaz de manter um sorriso largo e sacudir ritmicamente seus cotovelos e joelhos em frente a uma câmera. Mas a diferença é que Matt de fato tomou a iniciativa de fazer o projeto, e criou-o de tal maneira que as pessoas que assistem gostam e recomendam aos amigos. Após o sucesso de seu primeiro – e auto-financiado – vídeo de 2005, a popularidade compeliu Matt a planejar vídeos mais grandiosos; e após achar um patrocinador, ele pôde fazer mais dois (eis o segundo), cada um maior e melhor do que o anterior.

Para mim, o aspecto mais relevante do vídeo é o número absoluto de pessoas cujas vidas melhoraram nesse processo. A primeira, é claro, foi o próprio Matt, um homem que adora viajar, e que por isso se tornou uma pessoa mais rica por ter sido capaz de realizar seu sonho. Se tiver sorte, ele vai catapultar seu sucesso criando um programa sobre viagens ou escrevendo um livro. Outra beneficiada com esse evento foi a marca de chicletes Stride. Diferentemente de outras empresas que subsidiam esse tipo de empreendimento, a Stride não pediu que Matt usasse uma camisa com o logo da empresa, nem que este presenteasse com chiclete as pessoas que conheceu. Ao invés disso, há um momento no final do vídeo em que os produtores agradecem a Stride por tornar a empreitada possível. Isso melhorará as vendas? Sim. Quando estava no meu clube hoje, comprei um pacote de chicletes Stride. Afinal, em um mundo de produtos equivalentes, o que as outras marcas de chiclete fizeram para mim recentemente?

Muitas outras partes se beneficiaram dessa troca, além, é claro, do YouTube. A Amazon MP3, uma loja de música online e concorrente – muito necessária – da iTunes, ganhou um impulso nas vendas e uma boa dose de influência ao se tornar a distribuidora exclusiva da música utilizada no vídeo, Praan, que agora já é uma de suas campeãs de venda. Graças à publicidade que dez milhões de expectadores podem dar, a cantora, Palbasha Siddique, certamente irá receber muito mais propostas de contrato.

Finalmente, há os dez milhões de espectadores que, não obstante não tenham se beneficiado financeiramente com o empreendimento, enriqueceram um pouco após terem assistido ao vídeo. Para alguns, pode ter sido uma lição de geografia e antropologia. Para outros, pode ter sido uma experiência reconfortante perceber que crianças de lugares tão longínquos e dispersos como Butão e Zâmbia agem tão tolamente quanto as crianças americanas quando deixadas à vontade. Para mim, a experiência significou que, por todo o mundo, existem pessoas dispostas a se expressar através de gestos e movimentos ao lado de um americano que acabaram de conhecer. E isso diz muito sobre a raça humana: apesar das nossas diferenças de costume, linguagem e aparência, quando dada a oportunidade todos nós iremos dançar juntos.

Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque

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