5 – Os Ciclos Econômicos
Há alguns integrantes do Congresso americano que conhecem em profundidade e são entusiastas do socialismo, e que lutariam por ele com tanto afinco quanto eu lutaria pelo livre mercado. Mas eles formam um grupo pequeno. Em sua maior parte, os congressistas são benfeitores ostensivamente pragmáticos — “pragmáticos” o bastante para se agarrar ao intervencionismo mais vantajoso às suas necessidades políticas particulares e para lhes proporcionar uma defesa intelectual. Sejam keynesianos, apoiadores da economia da oferta ou monetaristas, sempre há uma explicação para déficits, impostos, bancos centrais, moedas de curso forçado, inflação e todas as modalidades de intervencionismo. No entanto, a maior parte dos congressistas continua bem-intencionada, mas, devido às suas concessões, seriamente desorientada. Na verdade, concessões tornam-se uma “filosofia benéfica” em si mesmas. Se alguém não faz concessões, torna-se “rígido”, “estéril”, “contra o que é prático”, “egotista”, “ideológico” e “ineficaz.” A política torna-se a arte da concessão. No entanto, em uma análise mais aprofundada, percebe-se com facilidade que são os parlamentares que fazem concessões que são rígidos, estéreis, contra o que é prático, ideológicos e egotistas em sua defesa do sistema muito perigoso baseado no intervencionismo e na inflação.
É raro em Washington que alguém seja acusado de prejudicar deliberadamente os pobres. Ninguém gera desemprego deliberadamente. Ninguém gosta de taxas de juros elevadas, de preços em alta ou de padrões de vida em queda. Todos afirmam que sabem como evitar o sofrimento provocado pelos ciclos econômicos — no entanto, quase todos aceitam a tese de que o ciclo decorre do capitalismo desenfreado. Como apenas uma meia dúzia já estudou a explicação soberba de Mises a respeito de como a política monetária do governo cria o ciclo, apenas soluções ingênuas e politizadas são propostas. Mesmo o monetarismo não oferece ajuda, uma vez que a moeda-mercadoria é condenada e a teoria do valor subjetivo, rejeitada.
É trágico assistir, dia após dia, à enxurrada de soluções estatistas de ambos os partidos em Washington, sabendo que as respostas estão inteiramente à disposição, apenas se nossos líderes atuais abrissem os olhos, expelissem os demagogos e restabelecessem a ordem com um sistema monetário saneado e uma economia de livre mercado.
Considerei as explicações austríacas de Rothbard e Sennholz a respeito da Grande Depressão realmente esclarecedoras. Convencido da real causa da Depressão tanto do ponto de vista teórico (Mises) quanto mais prático (Rothbard e Sennholz), fiquei mais determinado do que nunca a trabalhar por um sistema monetário saneado — sem um banco central ou (papel) moeda política. Todas as pessoas preocupadas com o sofrimento e a degradação do desemprego deveriam estudar a explicação austríaca de como taxas de juros distorcidas, investimentos ruins, cálculos econômicos enviesados e tratamentos preferenciais a empresas favorecidas e a distritos eleitorais originam o crime dos ciclos econômicos.
Políticos são facilmente desorientados e convenientemente tentados pela fase de crescimento do ciclo. Como Mises salienta:
(…) provou-se conclusivamente que todo o declínio econômico, cuja aparência os inflacionistas atribuíam a uma insuficiente oferta monetária, é, ao contrário, o resultado inevitável das tentativas de se reverter tal suposta escassez de dinheiro através da expansão do crédito….
Essa demonstração poderia ter algum apelo ao estadista que tivesse o interesse de promover um bem-estar duradouro a sua nação. Ela não poderia influenciar demagogos que só pensam em seu sucesso eleitoral e não estão nem um pouco preocupados com o que acontecerá depois do amanhã.[9]
Obviamente, é impossível lidar com política sem ficar a par da natureza humana e de como o intervencionismo atrai demagogos. Refutar os demagogos que se vangloriam de sua grande habilidade durante o crescimento econômico, e que gritam cada vez mais alto a favor do estatismo enquanto os colapsos ficam mais severos a cada ciclo, parece uma tarefa hercúlea. É fácil perceber que muitas “recuperações” econômicas não passam de mais do mesmo — entrar em um novo ciclo por meio de gastos fiscais e da inflação, esperando mais uma bonança, que pode ou não se materializar. Em algum momento, o truque ilusório da inflação deixará de criar “prosperidade”? Quando essa hora chegar, devido ao período prolongado de inflação que atravessamos, podemos esperar uma crise política e econômica séria na civilização ocidental. Os encantamentos da economia do lado da oferta, do monetarismo ou do keynesianismo não bastarão, e as vozes fascistas e socialistas da opressão ficarão cada vez mais altas e influentes.