O dia da independência nacional

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Esse é mais um desses dias em que, por meio da manipulação semântica, o estado, através das suas agências, coloca venda nos olhos dos cidadãos para os impingir que essa data representa o símbolo da liberdade ou da libertação nacional. Historicamente, o 11 de Novembro simboliza a continuidade da exploração estatal e concomitantemente a legitimação de determinados grupos hegemônicos, (partidos políticos) para explorarem e escravizarem o povo angolano. O 11 de Novembro simboliza também a declaração formal da guerra entre os partidos políticos e estes contra o povo angolano, tudo isso feito com o objetivo de controlar todo território angolano, ampliando-se assim o número de escravos,- contribuintes na terminologia atual – para aumentar as receitas dessas hordas (partidos políticos).

Dependendo da localização geográfica, o povo angolano foi domado, recrutado, rusgado, doutrinado, nos esforços da guerra dessas hordas, cujo objetivo era o controlo total das fronteiras nacionais para sistematizar e legalizar a exploração social. O 11 de Novembro simboliza, também, a união forçada de vários povos, etnias e reinos que compõem Angola e sua submissão ao povo, etnia ou reino vencedor da guerra e consequentemente a imposição de uma única cultura, matando culturas de povos vencidos, nomeadamente no campo da língua, música, política, economia, história, família, herança, solidariedade, hábitos alimentares, costumes, tradições, etc. O 11 de Novembro simboliza a mudança de explorador branco para explorador preto. Pela primeira vez na história dos nossos reinos, grupos de homens pretos desconhecidos, sem alguma legitimidade, mérito ou reconhecimento social, se autointitularam representantes legítimos e ameaçaram com o poder das armas qualquer homem ou reino que se opusesse às suas leis.

O 11 de Novembro simboliza, ainda, a divisão do povo angolano entre duas partes opostas e conflitantes e ainda o desenvolvimento de uma cultura política parasitária. Fruto disso, deixamos de aprender a viver através da produção de bens ou serviços e passamos a viver da política ou do modo de vida parasitário, isto é, a viver dos impostos e de exploração das riquezas possuídas por outros povos produtores ou apropriadores. Por meio do 11 de Novembro, surgiram instituições antissociais estranhas à nossa organização política e social tradicional, nomeadamente a ditadura, democracia, estado, legislação, constituição, partidos políticos, papel moeda etc. Com o 11 de Novembro, perdeu-se a chance de retorno às fronteiras naturais, as identidades culturais de cada povo e a preservação das suas propriedades.

Em suma, o 11 de Novembro não simboliza o dia da liberdade ou libertação nacional, pelo contrário, simboliza a “legalização” do Estado e suas hordas, para a perpetuação da violência e exploração dos cidadãos indefesos situados no esbulho chamado Angola.

1 COMENTÁRIO

  1. São sempre as verdades que mais incomodam. O falso propicia acomodação e, consequentemente, um surdo silêncio. Então, discursos desse género não ecoam tanto quanto os legitimados pela burra tradição controlada. Na minha intenção, quero muito pôr os meus meninos a lerem isto – e mais…! Já imagino o fogo que hão-de atear sobre mim. Mas, na voz de Katró, “a direcção é mais importante que a velocidade”.

    Óptimo texto! 👏🏾

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