O que é moeda fiduciária e o que ela faz?
Isso é essencial de se entender, já que o atual regime monetário mundial sem lastro, ou “fiat”, é um esquema econômico e socialmente destrutivo – com consequências de longo alcance e seriamente prejudiciais. Porém, existe uma solução, e esta é acabar com o monopólio da produção de dinheiro dos estados.
O problema da moeda fiduciária
O dólar americano, o renmimbi chinês, o euro, o iene japonês, a libra esterlina e o franco suíço representam moedas fiduciárias.
A moeda fiduciária tem três características:
- Moeda fiduciária é moeda monopolizada pelo banco central do estado. É criada por bancos centrais e bancos comerciais licenciados pelo estado.
- A moeda fiduciária é produzida principalmente por meio da expansão do crédito bancário; ela é criada do nada.
- A moeda fiduciária é dinheiro desmaterializado, consistindo em bilhetes de papel coloridos e bits e bytes em discos rígidos de computador.
A moeda fiduciária não é “inofensiva” de forma alguma.
A moeda fiduciária é inflacionária. Seu poder de compra diminui com o tempo, e a história mostra que essa entropia é quase tão irreversível quanto a gravidade. A moeda fiduciária enriquece uns poucos escolhidos às custas de muitos outros. O primeiro a obter o novo dinheiro se beneficia em detrimento dos que recebem depois.
Além disso, a moeda fiduciária fomenta bolhas especulativas e má alocação de capital, que culminam em crises. É por isso que as economias passam por ciclos de expansão e retração. A moeda fiduciária seduz estados, bancos, consumidores e empresas para a armadilha do endividamento excessivo. Mais cedo ou mais tarde, os tomadores de empréstimo se verão em um profundo buraco sem saída.
A moeda fiduciária é fácil de se obter, então o governo pode financiar suas aventuras e desventuras. Dinheiro fácil; assim como vem fácil, também vai fácil. E o governo continua crescendo à medida que continua gastando. À medida que o estado se expande e cresce como ervas daninhas em um jardim mal cuidado, esse crescimento excessivo estrangula a economia de livre mercado, causando prejuízo à produção e ao emprego.
Os efeitos econômicos
Após décadas de criação de crédito e dinheiro do nada, os bancos centrais construíram uma colossal pirâmide de dívidas. O Instituto Internacional de Finanças (IIF) estima que a dívida global atingiu 331% do PIB global no primeiro trimestre de 2020. A crise do coronavírus, mais especificamente a crise das quarentenas impostas politicamente, expôs a instabilidade do regime de dívidas de moeda fiduciária mundial.
Sem crescimento econômico, os investidores devem temer que os tomadores de empréstimos não consigam mais pagar suas dívidas, por isso correm para sair do mercado de crédito. À medida que a oferta de crédito se esgota, muitos tomadores de empréstimos não estão em condições de pagar os empréstimos vencidos, nem de obter novos fundos.
Para evitar que o regime de moeda fiduciária entre em colapso na crise de quarentenas, os bancos centrais intervieram, suprimindo as taxas de juros de mercado e imprimindo dinheiro novo para evitar que estados, bancos e empresas financeiramente sobrecarregados deixem de cumprir seus pagamentos. Os bancos centrais monetizam a dívida nacional em grande escala, até então vista apenas em tempos de guerra.
Os efeitos políticos
Sentar-se na poltrona e pensar: “Bem, as autoridades monetárias conseguiram resgatar o sistema, tudo ficará bem”, seria um grave erro. Mais do que nunca, os bancos centrais estão causando graves danos ao pouco que resta do sistema econômico de livre mercado.
Taxas de juros artificialmente baixas e grandes quantidades de dinheiro recém-criado levam a maus investimentos em grande escala e, nas circunstâncias atuais, ajudam a tornar o governo ainda maior, alimentando o crescimento do “estado profundo” (deep state). A verdade incômoda é que o sistema de moeda fiduciária e todos os esforços políticos para evitar seu colapso levam à economia planejada ou mesmo ao socialismo absoluto. E de uma perspectiva econômica e histórica, sabemos que qualquer forma de socialismo não é um bom presságio. Torna as pessoas mais pobres, traz caos, opressão e violência.
Além disso, o que deve preocupar a todos nós é que o regime de moeda fiduciária é instrumental para aquelas forças políticas que desejam transformar, remodelar a economia mundial. O establishment político, a “elite de Davos”, por exemplo, sem dúvida favorece a moeda fiduciária e a erosão do sistema de livre mercado que ela causa – pois aumenta as possibilidades de o estado interferir na vida das pessoas. Na verdade, a chamada nova ordem mundial que os progressistas vislumbram – substituir o sistema de livre mercado por um sistema econômico planejado politicamente – se posta em prática, representa uma séria ameaça à liberdade e à prosperidade de bilhões de pessoas ao redor do globo.
Eu direi uma verdade perturbadora, que é que se as pessoas forem coagidas a usar moeda fiduciária, a economia livre e a ordem social livre não sobreviverão.
Felizmente, há uma saída
Qual poderia ser a solução? Pois bem, a solução está à mão e, tecnicamente falando, é bastante simples: possibilitar um mercado livre de dinheiro!
Um mercado livre de dinheiro significa que todos têm a liberdade de escolher o tipo de dinheiro que consideram melhor e que todos têm a liberdade de oferecer aos seus semelhantes algo que pode servir como dinheiro.
Mas isso não resultaria em caos monetário? O mercado não seria inundado com milhares de moedas novas? Não, não seria! Pois é a demanda por moeda, a multiplicidade de escolhas feitas por atores individuais, que decidiria o que seria usado como moeda. Se as pessoas puderem escolher livremente, pode não demorar muito para que surja um bem que será usado como moeda não apenas nacionalmente, mas internacionalmente – como um meio de troca universalmente reconhecido.
Claro, não saberíamos o que as pessoas prefeririam como dinheiro. No entanto, olhando para a história monetária, há razão para acreditar que metais preciosos, ouro e prata em particular, estariam na corrida para se tornarem dinheiro. Olhando para o futuro, também pode ser uma unidade criptográfica. Quem sabe?
Por que as pessoas não estão usando ouro e prata para fins de pagamento agora? Bem, as pessoas se acostumaram a usar dólares americanos, euros e similares como meio de troca. Além disso, as pessoas ainda não foram desencorajadas pelo crônico “imposto inflacionário” sobre seus saldos monetários, o que significa que o poder de compra de seu dinheiro fiduciário diminui com o tempo. E talvez ainda mais importante: os impostos do governo – ou seja, impostos sobre valor agregado e/ou impostos sobre ganhos de capital – sobre metais preciosos os tornam não competitivos em relação às moedas oficiais.
Mas a mudança está em andamento. Como você deve saber, alguns estados dos EUA (como Texas, Arizona, Utah e Wyoming, para citar alguns) aboliram os impostos sobre vendas e ganhos de capital sobre metais preciosos, permitindo igualdade de condições em termos de recursos alternativos concorrentes com o dólar americano.
Então, se você realmente busca mudança, faça um forte apelo pelo fim do monopólio da moeda fiduciária do estado, vamos estabelecer um mercado livre de dinheiro!
A vantagem do ouro
O que quer que saia da atual bagunça monetária, independentemente das voltas e reviravoltas que possam ocorrer a partir de hoje, há um bom motivo para manter o ouro físico.
A moeda fiduciária, como observado anteriormente, inevitavelmente trará inflação (perda de poder de compra) e dificuldades econômicas. Pensando no ouro, o ex-presidente do Federal Reserve, Alan Greenspan, resumiu melhor quando disse em 2014: “Ouro é uma moeda. Ainda é, por todas as evidências, uma moeda principal. Nenhuma moeda fiduciária, incluindo o dólar, pode se equiparar a ele.”
No entanto, o ouro não é apenas o meio de pagamento final. É também uma linha de defesa contra os males da moeda fiduciária. O poder de compra do ouro não pode ser degradado pelos bancos centrais que operam as impressoras eletrônicas. Além disso, o ouro não traz um risco de crédito ou de inadimplência como os depósitos bancários.
Ouso supor que o ouro ainda representa o meio de pagamento final: em situações extremas, o dinheiro fiduciário pode não ser mais aceito como dinheiro, mas o ouro sempre será aceito, acredito firmemente.
Existem boas razões para esperar que o ouro, dado o estado atual dos fatores macroeconômicos, ofereça um potencial de alta atraente – e também forneça proteção contra os efeitos da crescente turbulência no sistema monetário e econômico mundial.
Não sabemos o que o futuro trará. Mas sabemos que um mundo de liberdade e prosperidade precisa de dinheiro sólido, que este mundo não pode funcionar sem dinheiro sólido.
Mesmo que você esteja otimista de que nós, como povo, superaremos os problemas atuais, de que a humanidade tem potencial para seguir em frente e criar um mundo melhor, há boas razões para confiar no ouro em vez de moedas fiduciárias – pois o ouro prevalecerá sobre o dinheiro fiduciário.
Artigo original aqui.