Em 2018, quando defendi meu memorial, decidi que seria importante falar para um público além daquele para o qual vinha falando até então, o público acadêmico. Decidi que escreveria um livro sobre conservação, mas sob uma perspectiva austrolibertária, diferente da usual. Essa perspectiva é decorrente de minha própria mudança na maneira de pensar, de uma pessoa profundamente estatista até alguém completamente libertário. Assim, escrevi este livro tendo como público-alvo pessoas preocupadas de alguma forma com o meio ambiente, mas insatisfeitas com as tentativas de soluções que vêm sendo apresentadas. Durante a redação deste livro, não me senti na obrigação de seguir o Acordo Ortográfico, uma interferência indevida do estado sobre a língua.
Este livro está dividido em dez capítulos. O primeiro capítulo apresenta o libertarianismo. Seu objetivo não é esgotar o assunto, até porque há uma extensa literatura sobre isso, mas mostrar que o libertarianismo é a única solução ética para resolver conflitos. Dada a intensa doutrinação estatal a que somos submetidos, essa ideia pode lhe parecer estranha. Porém, procure se livrar de seus dogmas e verá que ela faz todo o sentido. O segundo capítulo discute alguns aspectos econômicos sob uma abordagem austríaca. Ali a idéia também não é esgotar o assunto, mas mostrar por que qualquer intervenção estatal é prejudicial à economia. Do terceiro ao nono capítulo, procuro discutir questões ambientais sob essa ótica austrolibertária. O último capítulo apresenta algumas considerações finais.
Caso se interesse pelo assunto e queira aprender mais, recomendo alguns livros que vão mudar a maneira como vê o mundo. A respeito do libertarianismo e do anarcocapitalismo, indico “A anatomia do estado”, de Murray Rothbard, e “Democracia, o deus que falhou”, de Hans-Hermann Hoppe. Sobre a Escola Austríaca de Economia, sugiro dois livros curtos e excelentes: “As seis lições”, de Ludwig von Mises, e “Dez lições fundamentais de Economia Austríaca”, de Ubiratan Jorge Iorio. Sobre jusnaturalismo, aconselho a leitura de outra obra curta mas excelente: “A lei”, de Frédéric Bastiat. Uma leitura atenta desses cinco livros basta para que você tenha um bom embasamento filosófico, econômico e jurídico do austrolibertarianismo.
Há uma crítica óbvia mas errada ao fato de eu ser funcionário público, à qual já me adianto. Primeiro, qualquer crítica nesse sentido é falaciosa, é inconsistente logicamente, pois é um argumento “ad hominem”, ou seja, é um ataque pessoal. O que sou ou deixo de ser é irrelevante para os argumentos apresentados neste livro. E são estes argumentos que importam, são eles que precisam ser analisados. Segundo, o fato de ser ou deixar de ser funcionário público não altera em um único centavo o quanto é extorquido da população via impostos. Terceiro, essa crítica só faria algum sentido como um ataque pessoal se a mim fosse dada a opção de secessão individual e eu a recusasse. Como, infelizmente, não tenho essa opção, estou preso ao estado de qualquer jeito.
Por fim, gostaria de agradecer algumas pessoas que foram importantes para que este livro saísse do mundo das ideias. Em primeiro lugar, aos irmãos Cristiano, Fernando e Roberto Chiocca, fundadores do Instituto Mises Brasil e, depois, do Instituto Rothbard. O pioneirismo desses três irmãos foi fundamental para a divulgação das ideias austrolibertárias aqui no país. Em segundo lugar, ao professor e economista Jesús Huerta de Soto, por ter me enviado alguns de seus excelentes livros sobre Economia Austríaca. E, em terceiro lugar, aos libertários e anarcocapitalistas que, em seus respectivos canais, me ensinaram e vêm me ensinando bastante: Alexandre Porto, Daniel Fraga, Guilherme Rennó, Paulo Kogos, Peter Turguniev e Roberto Pantoja. A todos vocês, muito obrigado.