Alguns economistas acreditam que o aumento do salário mínimo vai aumentar o desemprego, enquanto outros economistas pensam o contrário. Por isso, acreditam que o aumento do salário mínimo elevaria o padrão de vida dos trabalhadores.
Por exemplo, em um estudo realizado na década de 1990, os economistas David Card e Alan Krueger examinaram um aumento do salário mínimo em Nova Jersey comparando restaurantes de fast-food lá e em uma parte adjacente da Pensilvânia, não encontrando impacto no emprego. Outros economistas, no entanto, constataram que o aumento do salário mínimo aumentou o emprego. Diante dos resultados contraditórios, existe uma abordagem alternativa para decidir se um aumento do salário mínimo resultará em aumento ou redução do emprego?
Os dados históricos podem nos informar sobre como funciona a economia?
Note que os chamados dados que os analistas estão olhando são uma exibição de informações históricas.
De acordo com Ludwig von Mises, “a História não pode nos ensinar nenhuma regra, princípio ou lei geral. Não há meios de abstrair de uma experiência histórica a posteriori quaisquer teorias ou teoremas sobre a conduta e as políticas humanas.”
Além disso, em O fundamento último da ciência econômica, Mises argumentou:
“O que podemos ‘observar’ são sempre apenas fenômenos complexos. O que a história econômica, a observação ou a experiência podem nos dizer são fatos como estes: Durante um período definido do passado, o mineiro John nas minas de carvão da empresa X na vila de Y ganhou p dólares por um dia de trabalho de n horas. Não há como levar da reunião de tais e semelhantes dados a qualquer teoria sobre os fatores que determinam a altura das taxas salariais.”
Além disso, “o historiador não deixa simplesmente que os acontecimentos falem por si. Ele as organiza a partir do aspecto das ideias subjacentes à formação das noções gerais que ele usa em sua apresentação. Ele não relata fatos como eles aconteceram, mas apenas fatos relevantes.”
Ao contrário das ciências naturais, os fatos em economia não podem ser isolados e separados em seus elementos simples. As realidades da economia são fatos históricos complexos que emergiram de muitos fatores causais.
Nas ciências naturais, um cientista pode isolar fatos, mas não conhecer as leis que os regem. Tudo o que ele pode fazer é levantar hipóteses sobre a “verdadeira lei” que rege o comportamento das partículas identificadas. Ele nunca pode ter certeza, no entanto, sobre as “verdadeiras” leis da natureza. Sobre isso, Murray Rothbard escreveu:
“As leis podem apenas ser formuladas hipoteticamente. Suas validades só podem ser determinadas ao se logicamente deduzir consequências delas que possam ser verificadas recorrendo-se às provas experimentais. No entanto, mesmo que as leis expliquem os dados, e suas deduções sejam consistentes com eles, as leis da física nunca podem ser absolutamente estabelecidas. Pois alguma outra lei pode se mostrar mais elegante ou ser capaz de explicar uma gama maior de dados. Na física, portanto, explicações postuladas têm de ser enunciadas de maneira que elas ou suas consequências possam ser testadas empiricamente. Mesmo assim, as leis são válidas apenas temporariamente, e não de forma absoluta.”
Em economia, no entanto, não precisamos hipotetizar, pois em economia podemos averiguar a essência e o significado da conduta das pessoas. Por exemplo, pode-se observar que as pessoas estão envolvidas em atividades, como trabalhos manuais, dirigir carros, andar na rua ou jantar em restaurantes. Todas essas ações são propositais.
Além disso, podemos estabelecer seu significado. Por exemplo, o trabalho manual pode ser um meio de ganhar dinheiro, permitindo que as pessoas alcancem vários objetivos, como comprar comida ou roupas. Jantar em um restaurante pode ser um meio de estabelecer relações comerciais, enquanto dirigir um carro permitirá que se chegue a um determinado destino.
As pessoas operam dentro de uma estrutura de meios e fins, usam vários meios para obter fins. Também podemos estabelecer a partir do exposto que as ações das pessoas são conscientes e propositais.
O conhecimento de que a ação humana é consciente e proposital é certo e não provisório. Qualquer um que se opõe a isso contradiz, pois está engajado em uma ação proposital e consciente para argumentar que as ações humanas não são conscientes e propositais.
As conclusões derivadas desse conhecimento da ação consciente e proposital também são válidas. A teoria de que a ação humana é consciente e proposital se sustenta por si só, independentemente do que os dados possam mostrar, e não requer verificação estatística.
Ao contrário das ciências naturais, não hipotetizamos em economia, o que significa que não precisamos definir uma hipótese e depois testá-la. Por exemplo, sabemos que todas as outras coisas sendo iguais, um aumento na demanda por pão resultará em um aumento em seu preço. Não precisamos de verificação estatística para que isso seja verdade.
Salário mínimo e desemprego
Dado que o objetivo final de cada um é melhorar seu próprio bem-estar, é improvável que um empresário pague a um trabalhador mais do que o valor do produto que o trabalhador gera. Se um trabalhador gera por hora um valor de 50 reais para o negócio, então o empresário não pagará mais do que esse valor. Portanto, se o salário mínimo é fixado em 60 reais por hora, enquanto o trabalhador só pode gerar um valor de 50 reais por hora, a empresa sob a lei seria forçada a pagar um trabalhador acima do valor desse trabalhador para a empresa.
Consequentemente, em tal cenário, a empresa seria forçada a demitir o trabalhador, uma vez que empregar o trabalhador por 60 reais por hora prejudicaria a lucratividade da empresa. É somente através do aumento dos bens de capital que o trabalho poderia se tornar mais produtivo e ganhar um salário por hora mais alto. Assim, percebe-se que uma política de aumento do salário mínimo poderia sair pela culatra e provavelmente resultar em mais desempregados.
Não há necessidade de estudos estatísticos baseados em matemática complexa para determinar que um aumento do salário mínimo resultará em um aumento do desemprego. Basta uma discussão lógica que a maioria dos seres humanos possa acompanhar.
Conclusão
Ao contrário do modo de pensar popular, não testamos uma teoria em relação a se ela corresponde aos dados, mas, ao contrário, avaliamos os dados por meio de uma teoria. Não há necessidade de verificação estatística para estabelecer o efeito do aumento do salário mínimo sobre o emprego. Uma análise lógica simples mostra que um aumento do salário mínimo aumentará o desemprego.
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