Nessas eleições, houve um dado bastante curioso, e que obviamente passará despercebido de toda a mídia: o número de votos brancos e nulos para presidente chegou “perigosamente” perto dos 10 milhões (9,6 milhões). Em 2006, esse valor havia sido de 6,8 milhões no segundo turno, quando as opções eram menores que no primeiro turno.
Considerando-se que havia partidos de absolutamente todos os espectros ideológicos à esquerda do centro, a única conclusão possível é a de que há, no mínimo, 10 milhões de pessoas órfãs de um partido político que defenda uma ideologia que as represente.
Como a única ideologia ausente foi a ideologia liberal-clássica, é justamente esse partido que está em falta.
Não consigo enxergar qualquer outra explicação lógica para o fato de 10 milhões de pessoas votarem branco e nulo para presidente numa eleição em que há partidos de esquerda de todos os tipos e para todos os gostos (PT, PSDB, PV, PSOL, PSDC, PSTU, PCB e PCO).
Mais ainda: considerando-se que uma parcela significativa dos eleitores do PV, PSDB, DEM e até mesmo do PMDB votam nesses partidos por mera falta de uma opção mais liberal, estamos lidando aí com um universo que pode chegar a 20 milhões de eleitores órfãos de representatividade política.
Um partido liberal bem organizado e com discurso em favor da propriedade, da liberdade econômica e do porte de armas (como bem mostrou o referendum de 2005) capturaria fácil esses eleitores.