Murray Rothbard discute os méritos e a moralidade do voto em uma ótima entrevista de 1972:
[Esta entrevista foi publicada pela primeira vez na edição de 25 de fevereiro de 1972 de The New Banner: A Fortnightly Libertarian Journal, vol. I, No. 3.]
NEW BANNER: Alguns libertários recomendaram ativismo anti-voto durante a eleição de 1972. Você concorda com essa tática?
ROTHBARD: Tenho interesse em falar sobre isso. Esta é a posição anarquista clássica, não há dúvida disso. A posição anarquista clássica é que ninguém deve votar, porque se você vota está participando de um aparato estatal. Ou se você votar, deve escrever o seu próprio nome na cédula. Não acho que haja algo de errado com essa tática no sentido de que, se realmente houvesse um movimento nacional – digamos, se cinco milhões de pessoas se comprometessem a não votar. Acho que seria muito útil. Por outro lado, não acho que votar seja um problema real. Não acho que seja imoral votar, em contraste com o que pensam as pessoas anti-voto.
Lysander Spooner, o santo padroeiro do anarquismo individualista, fez um ataque muito pertinente a essa ideia. O fato é que, se você realmente acredita que ao votar está dando sua sanção ao estado, então você vê que está realmente adotando a posição do teórico democrático. Você estaria adotando a posição do inimigo democrático, por assim dizer, que diz que o Estado é realmente voluntário porque as massas o apoiam participando das eleições. Em outras palavras, você estaria na realidade do outro lado da moeda, apoiando a política da democracia – que o público está realmente dando suporte a ela e que tudo é voluntário. E então as pessoas anti-voto estão realmente dizendo a mesma coisa.
Não acho que isso seja verdade, porque, como disse Spooner, as pessoas estão sendo colocadas em uma posição coercitiva. Elas estão cercadas por um sistema coercitivo; elas estão rodeadas pelo estado. O estado, no entanto, permite uma escolha limitada – não há dúvida sobre o fato de que a escolha é limitada. Já que você está nesta situação coercitiva, não há razão para que você não tente fazer uso dela se você acha que fará diferença em sua liberdade ou bens. Então, ao votar, você não pode dizer que esta é uma escolha moral, uma escolha totalmente voluntária, por parte do público. Não é uma situação totalmente voluntária. É uma situação em que você está cercado por todo um estado que você não pode votar para que ele deixe de existir. Por exemplo, não podemos votar pela eliminação da presidência – infelizmente, seria ótimo se pudéssemos, mas uma vez que não podemos por que não fazer uso da votação se houver alguma diferença entre as duas pessoas. E é quase inevitável que haja uma diferença, aliás, porque apenas praxeologicamente ou no sentido da lei natural, cada duas pessoas ou cada dois grupos de pessoas serão ligeiramente diferentes, pelo menos. Nesse caso, por que não fazer uso dele. Não acho que seja imoral participar da eleição, desde que você entre nela consciente – desde que você não pense que Nixon ou Muskie são os maiores libertários desde Richard Cobden! – coisa que muitas pessoas, é claro, se convencem antes de sair e votar.
A segunda parte da minha resposta é que não acho que votar seja realmente a questão. Eu realmente não me importo se as pessoas votam ou não. Para mim, o importante é quem você apoia. Quem você quer que ganhe a eleição? Você pode ser um não-eleitor e dizer “Eu não quero sancionar o estado” e não votar, mas na noite da eleição quem você espera que o resto dos eleitores, o resto dos idiotas por aí que estão votando, quem você espera que eles escolham. E é importante, porque acho que há uma diferença. A Presidência, infelizmente, é de extrema importância. Estará mandando ou direcionando nossas vidas consideravelmente por quatro anos. Portanto, não vejo razão para não endossar, apoiar ou atacar um candidato mais do que o outro. Eu realmente não concordo com a posição não votante nesse sentido, porque o não votante não está apenas dizendo que não devemos votar: ele também está dizendo que não devemos apoiar ninguém. Será que Robert LeFevre, um dos porta-vozes da posição não-votante, irá, no fundo de seu coração na noite da eleição, ter algum tipo de preferência quando os votos forem contados. Ele vai torcer um pouco ou gemer mais dependendo de quem ganha? Não vejo como alguém poderia deixar de ter uma preferência, porque isso afetará a todos nós.
Artigo original aqui.
Nunca tinha pensado nessa ideia de ter um voto contra a presidência, acho que venceria.
Mas o problema de não votar é, a maioria vai votar em algum socialista, então seria melhor votar no mais liberal como um meio de defesa. Acho que pode até ser uma ponte para conhecerem o anarcocapitalismo.