[Reproduzido de Libertarian Forum 6, no. 1 (1974).]
O gênero policial durão definitivamente está se destacando. Na TV, a nova série Kojak, protagonizada pelo durão e cínico Telly Savales, tornou-se um dos melhores programas da televisão. Nos filmes, é particularmente significativo que dois dos grandes heróis ocidentais tenham mudado recentemente para o papel de policial durão. À medida que o crime urbano se tornou a preocupação de um número cada vez maior de americanos, o durão combatente do crime – neste caso John Wayne e Clint Eastwood – trocou seu cavalo e chapéu de cowboy pelo Magnum e o distintivo da polícia.
John Wayne assume o papel de um policial durão em McQ, dirigido por John Sturges. Não existe um filme ruim de John Wayne, e é bom ter Big John, ou tenente McQ, por perto para continuar uma luta de um homem só contra os esquemas e contra colegas desonestos. E, no entanto, o filme é simplesmente triste. É surpreendentemente lento, por um lado, e a ação decrépita apenas destaca a idade de Wayne e Eddie Albert. Além disso, o comportamento padrão das fêmeas, de se jogarem sobre o herói, carece de uma certa credibilidade no caso de um Wayne envelhecido. Al Lettieri é uma vilã promissora e desengonçada, mas as protagonistas femininas não ajudam: Diana Muldaur parece ter apenas uma expressão: cão de caça, enquanto Colleen Dewhurst – anunciada em toda parte como uma das grandes atrizes de nossa época – com sua péssima voz apresenta um desempenho terrível. Aviso para a Warner Brothers: se McQ vai ficar por aqui, é melhor você criar uma ação mais rápida e arrumar um diretor melhor.
O filme policial durão foi muito melhor com Clint Eastwood. Sua primeira tentativa, em Dirty Harry, foi um dos grandes filmes dos últimos anos. Os intelectuais esquerdistas virtualmente espumavam de fúria por Dirty Harry, pois ali estava Eastwood como o inspetor Harry Callahan, de São Francisco, perseguindo um assassino selvagem e lunático enquanto era subvertido e atrapalhado de tudo quanto é jeito por progressistas, políticos e defensores de direitos humanos. Dirty Harry, além de rápido e excitante, foi um filme explicitamente de direita, anticriminoso, e assim levou os críticos progressistas a uma raiva incontrolável. Mas não foi apenas o filme e seu tema que os irritou; foi também o próprio Eastwood. Entre todos os heróis do cinema, Eastwood é o mais impiedoso, o mais implacável, em sua batalha pela justiça e contra a agressão criminosa. Os críticos que desprezam Eastwood por sua “falta de habilidade de atuação” não entendem o personagem que ele está criando. Pois a calma implacável de Eastwood é o resultado de sua determinação, sua capacidade de tomar decisões instantâneas — e corretas — em meio ao drama e ao perigo, para tomar o que ele sabe serem as decisões certas, sem vacilar ou se angustiar. Assim, Clint Eastwood é o oposto polar do anti-herói moderno e lamuriento amado pela avant-garde. Em certo sentido, a intelligentsia de esquerda estava certa ao identificar Eastwood — ou melhor, a figura de Eastwood — como seu inimigo mortal. Daí a sua vituperação.
Agora Dirty Harry está de volta, em Magnum Force, dirigido por Ted Post. Como seu antecessor, é rápido, durão e emocionante, começando com um tiro dramático do revólver Magnum de Harry Callahan e continuando até rolarem os créditos. Se é um pouco menos direitista ou menos emocionante que seu antecessor, continua sendo um dos melhores filmes dos últimos meses.
O enredo é particularmente interessante à luz do filme anterior. No final de Dirty Harry, Harry jogou seu distintivo no rio, o símbolo de seu desgosto com o sistema progressista e criminoso. No início de Magnum Force, Harry está inexplicavelmente de volta à força policial; logo no início do filme, ele descobre que os assassinos que procura são um grupo de jovens policiais novatos, organizados em um esquadrão paramilitar para se vingar de criminosos que os tribunais soltam. Harry rejeita o que parecem ser jovens discípulos de seu próprio credo e defende a lei e a ordem contra eles. Por que ele faz isso? Infelizmente, Harry não parece conseguir articular sua própria posição, limitando-se a: “Vocês me entenderam mal” e “Eu também odeio o Sistema, mas você tem que ficar dentro dele até que um melhor apareça.” Harry se tornou progressista? Acho que podemos tranquilizar os fãs de Harry de que não é bem isso. Se Harry pudesse explicar sua própria posição, talvez ele dissesse que se vingou por conta própria de um monstro selvagem e lunático, e não contra meros bandidos; também foi uma resposta individual, e não uma gangue organizada – uma gangue, aliás, que cometeu excessos imperdoáveis, incluindo o assassinato de colegas policiais. Não, Harry não se tornou progressista; este é o grau ótimo de “sujeira”, nem direitos humanos para bandidos e nem fascista. Longa vida à Harry.