À favor das cotas racistas

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Diz-se que racista é quem odeia as pessoas pertencentes a determinada raça, mas como não podemos ler a mente das pessoas, na prática só podemos identificar um racista como alguém que defende que desvantagens sejam impostas contra o grupo em questão. Consequentemente, as chamadas cotas raciais são racistas, pois os privilégios que concedem a determinadas raças são às custas de desvantagens impostas as outras raças. Se, por exemplo, um indígena fica com uma vaga em universidade pública que caso contrário seria de um oriental, o oriental foi vítima de racismo. Portanto, quem defende esse sistema de cotas raciais é racista.

Existem diversas justificativas para este racismo, e nenhuma delas faz sentido algum. Uma delas é a chamada “dívida histórica” que, segundo os racistas, a raça branca como um todo teria com a raça negra como um todo por conta da prática da escravidão. Oras, a escravidão existiu durante milênios em todo o mundo e entre todas as raças, onde geralmente os povos derrotados em guerras eram escravizados pelos vencedores. Os escravos negros trazidos para o Brasil foram escravizados por outros negros. Escravos eram possuídos por pessoas de todos os níveis sociais, e dentre elas haviam também negros livres que possuíram outros negros como seus escravos, como o próprio Zumbi dos Palmares – ou seja, a escravidão sequer foi um fenômeno racial.

Na Coreia do Norte, se uma pessoa comete um crime, a punição pode ser estendida também as próximas gerações. Neste país existem pessoas que nasceram nos campos de concentração e lá permanecem presas, apenas porque seus pais cometeram um crime. Seu crime? Ser filho de um “traidor da pátria” ou outro tipo de “criminoso”. Os racistas defensores da teoria da dívida histórica defendem este mesmo sistema de punição geracional da ditadura comunista norte coreana, porém piorado, pois a punição é por raça e não por descendência direta. Assim, sob o sistema de cotas, em um concurso público ou vestibular, o descendente de um negro que possuía escravos pode ser privilegiado enquanto que o descendente de um branco que não possuiu escravos é punido perdendo sua vaga. A mesma coisa para índios de diferentes tribos e etnias que guerreavam, se matavam e se escravizavam entre si, são juntados numa única raça, obtendo as mesmas vantagens prejudiciais a outras raças. Essa teoria de dívida histórica é tão esdrúxula que, por consequência lógica, seus defensores são obrigados a defender que miseráveis no pobre Egito teriam que enviar dinheiro para judeus prósperos no rico Israel ou de outras partes do mundo porque no passado egípcios escravizaram judeus!

Outra justificativa sem sentido bastante comum é que os racistas dizem defender estas cotas racistas exatamente para combater o racismo! Essa nem Orwell previu. Esta loucura tem origem na estapafúrdia ideia do igualitarismo, onde os racistas acham que deve haver uma porcentagem simétrica de raças representadas em todas as profissões, e o único motivo de não haver essa perfeita distribuição é o racismo – do mesmo modo que feministas consideram que a única explicação para haver um número menor de mulheres do que de homens em algum ofício é o machismo e seu preconceito contra mulheres e não as diferenças inerentes de aptidões e habilidades entre os sexos. Toda essa história de racismo é artificial, exportada dos EUA para o resto do mundo pelos globalistas – onde o problema do racismo, embora existente, é superestimado. Claro que existem pessoas que odeiam outras raças, mas são uma minoria tão ínfima que pode ser ignorada. No Brasil, esta importação do problema do racismo é ainda mais artificial, pois é um país onde a miscigenação está arraigada há séculos e o convívio entre as raças nunca gerou grandes problemas – até agora, pois os racistas defensores de cotas e de tratamento diferente entre as raças conseguiram criar um grande ressentimento racial com a patente injustiça de suas cotas e com coisas que chegam até a criminalização de piadas.

Além de impor desvantagens a outras raças, o sistema de cotas racistas acaba tendo um efeito negativo para as raças que recebem suas vantagens, pois a imposição das cotas é vista como um sinal de uma inferioridade racial: “negros e índios não são capazes de obter vagas pelos seus próprios esforços e precisam ser ajudados pelas cotas”. Esta percepção inevitavelmente acaba permeando toda a sociedade e até os negros e índios que conseguiram suas vagas por mérito próprio são vistos como alguém que está lá pois foi privilegiado. Os racistas condescendentes são mais prejudiciais às raças que querem privilegiar que os supremacistas raciais que anseiam por prejudica-los!

Tendo sido demonstrado que as cotas racistas são uma injustiça clara, baseadas em mentiras, que diminuem os privilegiados e geram ressentimento nos prejudicados, como o título do artigo pode ainda ser favorável a elas? É simples; as cotas racistas são uma injustiça em cima de outra injustiça. Elas são um sistema de seleção de um privilégio que é injusto, não importando para quem ele for concedido. As cotas são usadas na seleção de vagas em universidades públicas ou subsidiadas com dinheiro público, ou seja, dinheiro roubado dos outros, e ninguém possui o direito de ter seus estudos pagos com dinheiro dos outros. Se, por exemplo, um caminhoneiro vai ser obrigado a pagar pela formação universitária de um advogado, para ele pouco importa se o “doutor” vai ser escolhido para receber seu dinheiro por ser branco, negro, amarelo, azul ou nerd. Pois cotas existem de qualquer maneira, já que as vagas são limitadas. Quando não há cotas racistas, o critério é dar as vagas para quem prova ter maior capacidade de decorar um currículo determinado pelo estado – é a cota pros decorebas. Algumas pessoas que são contra as cotas racistas o fazem por considerar justo dar a vaga para os que demonstram que aprenderam mais que os outros os ensinamentos do estado; meritocracia eles dizem. Mas não existe mérito nenhum nisso. Ninguém merece os frutos do trabalho de outra pessoa, a não ser a própria pessoa que trabalhou. Portanto, o que o sistema de cotas racistas faz é apenas impor um sistema de seleção injusto para uma vaga injusta. E as cotas racistas podem no máximo servir para evidenciar a injustiça de todo o sistema de educação pública.

Outro lugar que as cotas racistas são usadas é na seleção de funcionários públicos, e da mesma forma que nas universidades, também não me oponho à essas cotas, pois ninguém merece um emprego público, que também é financiado com dinheiro roubado dos outros. Assim como a educação pública, o funcionalismo público também deve ser totalmente eliminado. Todos os serviços públicos podem e devem ser fornecidos pela iniciativa privada, voluntariamente e em um sistema de livre concorrência (à parte dos serviços públicos que são simplesmente criminosos e que deveriam ser prontamente abolidos). Deste modo, se vou ser obrigado a pagar salário de um fornecedor de um serviço que não tive opção de não contratar, pouco me importa o método de seleção do parasita.

E por fim, também não me oponho as cotas racistas se elas forem a escolha de empresas privadas. As pessoas têm o direito de ter opiniões e de agir conforme elas, ou seja, ser racista é um direito. E se racistas querem praticar políticas racistas em suas empresas, também é direito deles. Apenas para fins argumentativos, vou usar o exemplo de uma empresa que não é exatamente privada de livre mercado, a Rede Globo, pois trata-se de uma concessão estatal monopolista majoritariamente sustentada por dinheiro público e conchavos políticos, mas podemos considerar como se fosse. A Globo escolheu recentemente a apresentadora do seu telejornal vespertino pelo critério racial. Colocou uma mulher com voz afônica, péssima dicção – “ge” vira “xe”, parece o professor Aquiles Arquelau falando –, e que erra pronúncias repetidamente, apenas por ser uma ativista negra com cabelo black power, e com isso preteriu uma centena de pessoas mais qualificadas para a posição, com voz e dicção bem melhores. Além de gerar ressentimento entre os funcionários evidentemente melhores que não ficaram com a vaga, a Globo só acelera a sua ruína com essas atitudes, pois a baixa qualidade de uma apresentadora só serve para afastar ainda mais a já minguante audiência.

Portanto, as cotas racistas podem ajudar a evidenciar um sistema injusto quando praticadas no setor público, e quando praticadas no setor privado, são apenas o legítimo exercício da liberdade de seus proprietários, e se o público não concordar com a seleção puramente por critérios raciais, as cotas podem ajudar a eliminar empresas racistas. Estas são as únicas decentes razões para alguém ser favorável a elas.

14 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns pelo artigo, muito bom mesmo. É sempre bom ver a história como um todo, e não apenas as migalhas oferecidas pelo sistema educacional.

  2. Outro excelente artigo do autor, como aquele sobre o trabalhismo varguista, que a propósito deveria ser republicado todo dia 15/11 !

  3. Estava indo bem até o ponto que destaca que a educação pública e o serviço público tem que ser eliminado.

    • Se você quer roubar de uns para pagar estudo e serviços pra outros ou para quem não os requisitou, você não passa de um ladrão safado.

  4. “Tava muito bem ate falar em eliminar o setor público” Pro interno com o estado e toda a sua laia! Imposto é roubo e sonegar é legitima defesa. E a propósito, ótimo texto! Copiado e compartilhado com sucesso.

  5. Vamos reservar 50% das vagas para negros e 50% para brancos. As vagas dos brancos serão divididas igualmente entre homens e mulheres, as dos negros também. Cada um destes pedaços terá cotas específicas para heterosexuais, homosexuais e bisexuais. Cada pedaço dividido em várias subcategorias.

    Aí, o funcionário do RH diz para o candidato: Bem, seu curriculum é ótimo, sua nota na avaliação foi excelente, mas não podemos te contratar porque a vaga disponível é só para mulheres negras heterosexuais canhotas com altura inferior a 1,65.

    Isso seria um “mundo justo”, segundo os defensores da “igualdade de oportunidades”.

  6. O idiota, os senhores da casa grande que utilizavam os escravos no Brasil eram negros africanos? Ou brancos descendentes de portugueses?

    • Muitos negros possuíam escravos, como Zumbi dos Palmares e Xica da Silva, e alguns senhores da casa grande eram negros africanos, como o Barão de Guaraciaba. Além disso, todos os escravos negros trazidos para o Brasil foram escravizados por outros negros na África. Mais alguma pergunta?

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