Devemos orar pela Ucrânia?

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O último clichê vazio que se ouve da boca dos cristãos é “Ore pela Ucrânia”. Mas os cristãos que proferem esse lugar-comum piedoso sabem o que querem dizer quando o dizem?

Suponho que isso significa que devemos orar pelo povo da Ucrânia que está sofrendo por causa da invasão russa injustificada de seu país. Se ao menos as coisas fossem tão simples assim…

Algumas observações são pertinentes.

Este apelo é baseado na noção excessivamente simplista, mas falsa e perversa da “Ucrânia, boa; Rússia, má”.

Essa expressão banal na forma de um pedido de oração é um péssimo exemplo de sinalização de virtude.

Acho que alguém dizer hoje “Ore pela Ucrânia” é o equivalente verbal de alguém usar uma máscara.

Se os soldados dos EUA são heróis por seguirem as ordens de seu governo, então por que os soldados russos não são heróis por fazerem o mesmo?

Os nacionalistas ucranianos (e os cristãos que os apoiam em qualquer coisa que eles digam) que comparam Putin a Hitler estão insultando gravemente os judeus.

Como é que eu nunca ouvi nenhum cristão dizer que devemos orar pelos russos étnicos no leste da Ucrânia que foram bombardeados nos últimos oito anos pelos militares ucranianos?

Se devemos orar pelo povo da Ucrânia, o que dizer dos uigures no noroeste da China que são perseguidos pelo governo chinês há anos?

E o povo chinês? O governo deles continua impondo lockdowns rígidos por causa de sua ridícula política de zero Covid.

Onde estavam esses cristãos quando os militares dos EUA estavam matando vietnamitas, laocianos e cambojanos aos milhões durante a Guerra do Vietnã?

Por que esses cristãos estão calados sobre o sofrimento dos cubanos por causa do embargo dos EUA contra Cuba?

Os cristãos estariam dizendo “Ore pelo Iêmen” se os Estados Unidos não estivessem apoiando a Arábia Saudita em sua guerra no Iêmen?

E o povo da Arábia Saudita que sofre sob o governo brutal do regime de Mohammed bin Salman? Não deveríamos orar por eles? Ah, esqueci, eles são muçulmanos.

Quantos desses cristãos expressaram alguma preocupação com todas as viúvas e órfãos que os militares dos EUA fizeram ao longo de um período de vinte anos no Afeganistão?

Quantos desses cristãos ofereceram orações pelo povo do Iraque – um país que nunca atacou os Estados Unidos – quando centenas de milhares deles foram feridos, mutilados ou mortos durante a invasão e ocupação do Iraque pelos EUA e, antes disso, como consequência das brutais sanções que os Estados Unidos impuseram ao povo iraquiano?

Por que devemos levar a sério qualquer um desses cristãos quando eles dizem “Ore pela Ucrânia”?

O que Ron Paul disse em 2014 sobre a anexação russa da Crimeia ainda é tão verdadeiro hoje: “Por que os EUA se importam com qual bandeira será hasteada em um pequeno pedaço de terra a milhares de quilômetros de distância?”

Então, sim, ore pela Ucrânia. Mas ore pelos civis do mundo que estão sendo alvejados por bombas e balas de qualquer exército. E ore especialmente pelos civis do mundo que estão recebendo armas feitas nos bons e velhos EUA por mercadores da morte como Lockheed Martin, Boeing, Raytheon, General Dynamics e Northrop Grumman.

 

 

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