Liberdade através do voto?

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Estamos às vésperas das eleições municipais de 2020 e cada vez mais observamos um crescimento de candidatos intitulados “liberais”, estes que defendem pautas como: Redução de assessores, recusa ao fundo eleitoral, não usar carro oficial e outras regalias, etc…E o que se houve dizer na imprensa e internet é que estamos nos encaminhando para uma “renovação política”, que estamos mais perto de ter finalmente políticos que trabalham para o povo. “Sobrará mais dinheiro para saúde e educação”, declaram os liberais, mas será que todo esse aumento de candidatos liberais é o prenúncio de que estamos nos caminhando para uma “nova política” de mais liberdade e menos estado?

Primeiramente devemos entender como funciona a política, e esta é semelhante a uma concorrência entre ofertantes de produtos ou serviços. Quando observamos duas empresas concorrendo em vendas de carros, por exemplo, veremos que ambas vão tentar te convencer que podem te vender o mesmo carro com melhores benefícios, seja uma redução no seu valor, ou melhor financiamento, um banco de couro ou ar-condicionado. No fim você comprará da empresa que lhe propor a vantagem que melhor se alinhe com o que você esteja procurando (que pode ser mais conforto ou menor preço/parcelas). Quando procuramos um bem ou iremos procurar um que nos promete um melhor “conforto” ou o que tenha o “melhor preço”.

É esse detalhe que devemos nos lembrar, pois é mais ou menos isso que estamos vendo na política atualmente. De um lado, candidatos populistas prometendo “mais conforto”, “bem-estar social” ou as chamadas “coisas grátis”, que no geral são mais programas estatais que irão aumentar o estado, aumentar impostos ou dívida pública. Mas agora estamos vendo surgir um outro lado, com cada vez mais políticos oferecendo a opção do “mais barato”, “eficientismo”, “redução de impostos” (ao invés de abolição dos mesmos), e muita gente esta achando isso bom (afinal quem não quer pagar menos imposto do que na situação atual). Porém, isso nada mais é que uma correção natural do mercado. Sim, política (em especial nas eleições de uma sociedade) é um “mercado”. Os candidatos “ofertam” um “serviço” que é forçado e você é obrigado a consumir e a gente demanda quais ideias queremos para um político e votamos nos que mais se “aproximam” daquilo que queremos.

Então vamos montar este quebra-cabeça da oferta e demanda política. Antes, quando não tínhamos a internet e o acesso à informação e o conteúdo era mais limitado, as pessoas realmente demandavam de um político que prometesse mais “conforto”. Hoje, felizmente, uma parte considerável da população entendeu que políticos que prometem “confortos” inflacionam a moeda, aumentam impostos e corroem a economia, então se as pessoas começam a rejeitar a ideia de um político que começa a prometer “conforto”, o “mercado da política” começou a ofertar “melhor preço”. Então começaram a aparecer políticos que prometem gastar pouco, abrir mão de fundo eleitoral, entre outras coisas. Obviamente não fazem isso porque são conscientes com os gastos públicos. Eles não abrem mão de ganharem salários altíssimos (que ganham às custas dos impostos que vem principalmente dos mais pobres), mas ofertam o que uma parcela da população está demandando. Uma das provas de que nenhum desses que “defendem liberdade” tem comprometimento com liberdade é que quando liberais e libertários falam sobre Fim do Banco Central, os liberais vem com medidas como “autonomia do Banco Central”, assim protegendo o controle estatal sobre a economia e garantindo a perpetuação de impostos. Outro exemplo (que impressiona) foi um deputado federal do partido Novo (o principal “queridinho” de políticos e eleitores que acreditam no “abrir mão do fundão” e “corte de regalias”) querendo colocar sonegação como crime Hediondo. Tudo isso mostra o comprometimento dos liberais da nova política em manter o curso forçado da moeda, com o estado controlando a economia via inflação e nenhuma liberdade real para a população.

Então chegamos à pergunta final: Essa mudança para políticos ofertando “menor preço” irá nos levar à uma reforma política, com menos impostos, menos estado e mais liberdade? A resposta é não! E o motivo é simples: A política apenas oferta o que as pessoas demandam. O “mercado da política”, assim como qualquer mercado, não oferta algo que não será consumido, justamente porque isso significará não vender o produto! Políticos liberais (ou mesmo os “políticos libertários”) não acabarão com o estado, não o enfraquecerão e não colaborarão com o seu fim. Isso apenas será conseguido pela mudança social, ou seja mais pessoas quererem o fim do estado trará o fim do estado, mais pessoas querendo que o estado pare de tomar o seu dinheiro, pare de fazer dívidas que não são dos indivíduos, etc…Como podemos observar, para uma mudança política acontecer primeiro deverá acontecer uma mudança social. Para haver mudança na oferta, antes deve existir mudança na demanda. Então a conclusão é que não se iludam com os novos liberais que estão surgindo, nem mesmo com um movimento de políticos “anti-impostos”, pois para políticos existirem antes deve haver os impostos e uma máquina estatal. Estes apenas estão te ofertando o que você primeiro demandou, que é “melhor preço”. Eles não vão acabar com o estado, não vão diminuir efetivamente o estado, isso só quem fará é a população por meio de boicotes políticos, uso de ferramentas descentralizadoras, recusa de usar uma moeda estatal, dentre outras ações.

2 COMENTÁRIOS

  1. Muito bom! Quando vocês irão centrar a sua artilharia em liberais, randianos e objetivismo? até a esquerda tem tentado desconstruir esses liberalecos.

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